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segunda-feira, 15 de julho de 2013


A TRIBO DOS PORCOS INFERIORES


POISO - 13.07.13

Esta manhã (sábado 13), quando subia para o Pico do Areeiro com o objetivo de ajudar a matar a sede das jovens plantas indígenas vítimas duma semana de altas temperaturas e muita secura, tive de atravessar um vazadouro de lixo no Poiso. Garrafas, latas, sacos de plástico, caixas de cartão, copos de plástico, despojos duma noite de festança, na berma da estrada, junto ao restaurante, nos taludes, no meio da floresta.
Eu e todos os que passaram por ali a caminho da natureza purificadora, tivemos de suportar uma paisagem mais suja e repelente, que o chiqueiro onde o meu pai criava porcos.
Mais grave que a crise financeira e económica é a crise de cidadania. Enquanto uns, poucos, trabalham voluntariamente todo o ano na recuperação do património natural, uma tribo de arrogantes membros do autodenominado povo superior deixa a montanha num estado, que faz inveja a uma vara de porcos.
O vazadouro que hoje encontrei no Poiso, a cerca de 1400 metros de altitude, não é uma caso isolado. Há dias, num bar da Zona Velha de Santa Maria, frequentado pelo jet set da linha Caniço – Câmara de Lobos, explicaram-me que uma das tradições da Madeira é beber poncha, comer amendoins e atirar as cascas para o chão.
Assim mesmo, tradição. Logo, cultura são quase 600 anos de aguardente de cana nos neurónios!
Até ao Rali Vinho Madeira (se conduzir não beba) no Poiso e noutros santuários da poncha e da cerveja         multiplicar-se-ão as exibições de “cavalinhos” e as acrobacias com carros, longe da vigilância da polícia, para gáudio duma assistência atestada com produtos catalisadores da boçalidade.
Não me sinto bem numa sociedade que confunde vícios com tradições, que continua a atirar foguetes em dias de vento de leste, que chora quando há fogo mas que não limpa o mato à volta das casas, que grita quando a água chega com violência à cidade mas que é incapaz de subir à montanha para plantar uma árvore.
Detesto ruído. Odeio lixo. Adoro escutar o silêncio na montanha. Amo as flores indígenas da Madeira.
Podem continuar a chamar-me fundamentalista.

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal







3 comentários:

Anónimo disse...

deitar as cascas dos amendoins para o chão (porque ao fim do dia o chão e varrido) não tem comparação com esse vergonha que é deixar lixo nas serras como as fotos documentam.

Anónimo disse...

Mais palavras para quê?
Há uns vinte anos atrás, fui acampar com um grupo de amigos para o Poiso, por alturas do rali. Na clareira afastada da estrada onde montámos as tendas, os que tinham ido no ano anterior, regozijaram-se com o lixo que lá estava das patuscadas feitas! No fim do acampamento, virei-me para todos e perguntei se não se importavam de cada um levar um saco de lixo de volta para a estrada a fim de ser metido nos contentores. Resposta: "Eles recolhem!" Ainda argumentei que estávamos a cem metros da estrada, que nós é que tínhamos feito o lixo e que ninguém tinha de vir recolher pois como é óbvio, o do ano anterior ainda lá estava. Gozaram-me! Só me restou queimar na fogueira que tínhamos feito papeis, plástico e restos de comida sendo que o que restou (latas e garrafas) encheram sete sacos de supermercado que sozinho carreguei! Até hoje nunca mais fui acampar com bestas! Luís Oliveira

jorge figueira disse...

Pois, pois sao 30 e tal em que potenciaram, com solidos beneficios eleitorais, estes handicaps civicos.