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sábado, 23 de dezembro de 2017


POR QUE NÃO TE CALAS? 
(parte 2)

(continuação da entrevista imaginária à “única voz” do executivo)

Subsídio de Mobilidade

Pé-rapado: O senhor doutor definiu que o “objetivo é por os madeirenses e os portossantenses a pagarem única e exclusivamente o valor respeitante ao subsídio de mobilidade, 86 ou 65 euros no caso dos estudantes”. O que é que já conseguiu?


Pedro Calado: Como o governo central não tem manifestado grande preocupação, entendemos demonstrar a nossa capacidade e empenho em alterar o subsídio de mobilidade. Assim, como “num primeiro levantamento feito, haverá 200 a 300 estudantes” que não se podiam deslocar à Madeira devido ao elevado custo dos bilhetes, decidimos organizar o charter “Natal da Madeira” para 170 estudantes, uma iniciativa que teve um custo de 30.000 euros. É verdade que o custo de mais de 600 euros por estudante é superior às tarifas da TAP, mas consideramos que foi um estrondoso êxito, pois viajaram 47 estudantes com serviços de classe executiva, os quais foram recebidos em apoteose no aeroporto Cristiano Ronaldo pela secretária do turismo, Paula Cabaço, e uma extensa comitiva, com beijinhos, abraços e uma Poncha de Honra. O reconhecimento dos estudantes e das famílias foi tão grande que iremos repetir esta operação mudando-lhe o nome para “Carnaval na Madeira”, “Páscoa na Madeira”, “Verão na Madeira”, etc. Tal como António Costa, também consideramos que este foi um “ano saboroso”, pois conseguimos começar a falar a “uma só voz” e resolvemos o problema do subsídio de mobilidade.

Ferry Madeira-Continente

Pé-rapado: A Renovação prometeu “introduzir de novo uma linha de ligação marítima entre a Região e o Continente, tipo ferry”. Entretanto, como o concurso público não teve nenhum concorrente, o senhor doutor anunciou a abertura de novo concurso público internacional para a concessão de serviços de transporte marítimo regular, através de navio ferry. O que vai fazer se o Plano B falhar?

Pedro Calado: Em primeiro lugar quero dizer-lhe que não sei conjugar o verbo falhar. Por essa razão, além do Plano B, temos os Planos C, D, (…) Z. Se não houver concorrentes para a linha ferry operar 12 viagens no verão por 3 milhões de euros, como consta do Plano B, estamos dispostos a ouvir os madeirenses e a organizar charters marítimos no Lobo Marinho, nas datas e nos trajetos que preferirem. As viagens serão em regime de tudo incluído, assinaladas com partidas e chegadas animadas pelo rancho folclórico de Paula Cabaço. Que ninguém tenha dúvidas “até ao Verão de 2018 nós vamos ter a rota Madeira-Continente a funcionar”. Esta é mais uma promessa que vamos cumprir, nem que seja trazendo de volta o Pirata Azul e o Independência.

Novo Hospital

Pé-rapado: Numa das suas entrevistas o senhor doutor afirmou que “Não temos condições de sustentabilidade do sistema se não houver uma mudança de mentalidades”. Afirmou, também, que “os médicos têm de ter uma maior consciencialização na utilização dos recursos técnicos e financeiros que têm ao seu dispor”. Quer dizer que o sistema regional de saúde, mesmo com a construção do novo hospital, não é sustentável se os médicos não mudarem de mentalidade?

Pedro Calado: Não, nunca diria tamanha barbaridade. Provavelmente deve ter ouvido isso de alguém da oposição, a qual se tem empenhado em criar obstáculos à construção do novo hospital. No início do mandato o presidente do governo foi claro ao realçar a “excelência da Medicina que se pratica na Região”, onde os médicos têm demonstrado um elevado sentido de missão no serviço que prestam aos seus concidadãos madeirenses. Que fique claro, não vamos perder tempo a alimentar polémicas estéreis. “O Governo Regional quer lançar no próximo ano o concurso para a construção do novo hospital da Madeira e admite todos os cenários de financiamento, incluindo o de parceria público-privada (PPP)”. Convém referir que esta solução já foi testada na construção das vias rápidas com um estrondoso sucesso: os custos foram socializados, ou seja, pagos pelos madeirenses, e os lucros foram privatizados, entregues aos acionistas da Via Litoral e da Via Expresso. Perante estas vantagens na redistribuição social da riqueza regional, acreditamos que este é o modelo de investimento a seguir. Em equipa que ganha não se mexe.

Dívida à Madeira

Pé-rapado: A terminar, uma questão sobre a dívida do governo central. O senhor doutor queixou-se “não entendo é como o Governo da República gasta, para mudar uma empresa (Infarmed) de Lisboa para o Porto, 500 milhões de euros e não tem 140 para resolver os nossos problemas”. Não acha que esse argumento pode ter um efeito boomerang dado que o governo regional gastou dezenas de milhões na Marina do Lugar de Baixo e escondeu uma dívida de 1,2 mil milhões, mas diz que não tem dinheiro para resolver os seus problemas?
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Pedro Calado: Esse raciocínio é falacioso. Se a lógica do governo de António Costa é promover a descentralização do país, então faz mais sentido gastar os 500 milhões descentralizando o Infarmed para a Madeira que é uma região ultraperiférica. O que seria exemplar, era mudar o Infarmed de Lisboa para o Porto Santo ou, como somos solidários com os Açores, para o Pico. Mas não é isso que acontece. Gastam-se dezenas de milhões a deslocalizar serviços de uma região rica para outra região rica, esquecendo as regiões mais pobres do país. É este socialismo que o governo regional combate. António Costa não é o primeiro-ministro de Lisboa e Porto, mas sim de todo o país, incluindo a Madeira.

Pé-rapado: Senhor doutor agradeço a sua disponibilidade para esta entrevista, mas confesso que não fiquei convencido. Afinal, a sua voz única também desafina nas respostas aos problemas sociais que afetam os madeirenses. Por exemplo, no caso da comunidade madeirense radicada na Venezuela ainda nem se dignou dirigir-lhes uma palavra de apoio nem apresentou quaisquer medidas concretas para os acolher na sua terra natal como cidadãos de pleno direito. É verdade que o presidente do governo também não o fez, mas agora o senhor doutor é a “única voz” oficial do governo. Quem é que está a engonhar?

Perante tanta desafinação, é caso para dizer: Calado, por que não te calas?

J. C. Silva

3 comentários:

Anónimo disse...

Por mais que queiram que a Madeira regresse as cinzas há sempre alguém que resiste muito bom artigo a receita do costume já não pega as pessoas querem mais e melhor

Anónimo disse...

Excelente ! Sim! Calado faria melhor se se calasse e voltasse à AFAVIAS

Anónimo disse...

há sempre algue´m que resiste,há sempre alguem que diz NÃO