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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Delírios da Madeira Nova




PAGAS TU, MANDO EU!




...Mas essa foi teoria que deu uvas. Agora, os insultos do rei das Angústias não passam do promontório de Sagres para cima. A troika de Lisboa não lhe liga patavina, mesmo com as ameaças de tribunal por causa dos calotes na Saúde





O caloteiro da Madeira Nova, que deve dinheiro a quase todas as empresas que se fiaram na decência do governo regional, e daí a sua situação actual de falência ou pré-falência, mais uma vez aparece a tentar endossar para o Estado a responsabilidade das verbas aplicadas na Saúde.
É que, além do buracão financeiro regional, agravado pelas arrepiantes dívidas ocultas, sua excelência pôs às costas dos madeirenses um balúrdio na área da Saúde.
Com a febre das regionalizações, nos anos 70 e 80, a Madeira teve de arcar com muitos custos que deveriam ficar à conta de Lisboa. Que queria dizer regionalizar? Na altura, os cidadãos bem intencionados viram esse processo como aquele grito autonómico recalcado havia décadas no íntimo dos adversários do bacoco centralismo alfacinha. Só que regionalizar 'à moda do chefe' tinha outro significado: tratava-se de avançar para instaurar a autonomia... 'à moda do chefe'. Ou seja, não a autonomia da Madeira, mas a autonomia dele.

Regionalizar permitiu ao rei das Angústias ganhar poder. Mandar nisto, naquilo, em tudo. Metemos o primo a mandar na Saúde, pomos aquele que é dos nossos na direcção disto, aquela que é amiga da amiga no departamento daquilo, sua excelência a pôr e a dispor, as dívidas a crescerem porque a Madeira não tinha nem tem dinheiro para garantir sistemas de saúde e educação com um mínimo de qualidade - um desastre.
Os anos foram correndo, as despesas aumentando a dívida, Lisboa esboçando preocupação de vez em quando mas deixando andar porque o chefe da tabanca chamava 'maricas'  e 'mafiosos' aos ministros que tocassem no assunto...
...Até à nova situação dominada por uma troika insensível aos 'manguitos' e aos palavrões do chefe da tribo - troika composta por Gaspar, Passos Coelho e Relvas.


Passados tantos anos, e depois de mandar, mandar, chefe repara que, afinal, Lisboa não aceita pagar o que outros mandaram.
E chefe puxa da cartola uma Constituição que ele mesmo desrespeita todos os dias para agora exigir ao Estado o pagamento dos 'cachorros' por ele criados na Saúde e na Educação.
Obviamente que agora o 'manguito' é agitado de lá para cá.
No fundo, o chefe não se apoquenta com isso. Porque pagamos nós o 'espatifanço' dele e dos seus. Ele nada paga. A sua única preocupação - pequena preocupação - é mostrar aos eleitores que mais uma vez as culpas cabem aos outros. A Lisboa, outra vez. Ainda não lhe ocorreu invocar outra vez o nome de Sócrates, mas para o efeito serve o do ministro da Saúde.

Tristeza!
O governo regional está sem autorização para mexer num centavo. É tudo pago (o que eles entendem pagar) directamente da capital ao recebedor. Este governo tem menos autonomia do que tinha a Junta Geral do centralista Estado Novo!
E o chefe da tabanca ameaça com tribunal. Risível, se não fosse triste.



3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Será que a criatura ainda não percebeu que é o grande coveiro da autonomia? Que não manda nada?

jorge figueira disse...

El-Rei que angustia todos aqueles que procuram pensar pelas suas próprias cabeças, tem o palco reduzido ao espaço entre S. Lourenço e Ponta do Pargo. Ele sabe-o. Nestes meses que leva mandato, após a bancarrota,vai encanando a perna à rã para não ter de dizer: estamos falidos. Eu vou embora.Venham outros desfazer a borrada.

Luís Calisto disse...

Caros Coronel e Doutor

Pergunto também: será que os outros, supostamente ainda lúcidos, não perceberam que ele não manda nada?!