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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Madeira ao Vivo




BISPO ATIÇA VELHOS ÓDIOS NO SERMÃO DO MONTE


O secretário regional para os assuntos de sacristia começa a fazer esquecer Santana e Teodoro. O fervor religioso do Monte excomungou jornalistas e pediu a cabeça dos chefes da televisão



O bispo adoptou a prática jardineirista de azedar os ânimos contra os jornalistas: a missa da padroeira foi comunhão para um lado, pancadaria para outro.




Antigamente, a polícia tinha algum trabalho quando, pela madrugada de 14 para 15, a rapaziada eufórica se metia numa confusão sem motivo sério, preferencialmente no Largo das Babosas. Empurrão para um lado, raspanete para outro, e a autoridade lá serenava os ânimos, com os zaragateiros abraçados para o copo da paz. 
Mas os tempos mudaram. Os desordeiros são mais sofisticados. E avessos à conciliação.
O celebrante da missa desta quarta-feira no Monte, por exemplo, aproveitou a subida ao púlpito para envenenar ainda mais os fiéis, maioritariamente votantes PPD, contra a televisão da Madeira. Claramente desejoso de agradar ao seu chefe das Angústias, ali presente, se não mesmo por sugestão do ditador, o habitualmente enjoativo homiliasta tentou azedar os ânimos populares contra os critérios editoriais da estação oficial, criticando a ausência de transmissão directa daquele pseudo-acto religioso.
Também quer brilhar, o homem - e fazer brilhar o patrão que lhe dá igrejas novas.

Inspirado no estilo demagogo-populista do seu chefe temporal e rei da Madeira, o bispo António, que outro não é o tal homiliasta sensaborão, afirmou-se consternado com a privação da transmissão da "eucaristia da festa da padroeira" imposta pelo "serviço público” da RTP-Madeira "a tantos madeirenses, sobretudo idosos e doentes, e aos emigrantes espalhados pelo mundo".
António das Quatro Fontes conhece o hábito jardineirista de virar a populaça contra a televisão regional, na sua estratégia de condicionar a cobertura TV dos acontecimentos políticos na Madeira, pelo que este incitamento do prelado ao azedume contra profissionais da comunicação social visa claros objectivos políticos.
Aliás, o serviço episcopal ao chefe da tabanca tribal nesta jornada supostamente religiosa não se ficou por aí. António das Quatro Fontes aflorou ao de leve a crise que afecta dramaticamente os madeirenses, mas sempre de molde a desviar as atenções das responsabilidades que nesse patamar cabem ao governo regional.
O cavalheiro das Quatro Fontes usou o peso da mitra para 'engonhar' positivamente "os problemas humanos e sociais" que puseram as ilhas de rastos. Nesse rumo, aventou soluções "a partir do coração e da consciência do homem", tudo isso, claro está, "iluminado pelo sentido da dignidade e da fraternidade humana, conduzido pelas experiências éticas do bem e do mal, e norteado por valores fundamentais como a verdade e o respeito mútuo, a honestidade e a justiça, a liberdade e a responsabilidade".

Perceberam?
Tocar nas feridas que doem, qual nada! 
Quem fala assim como António falou não precisa de interrogar o governo das Angústias sobre as soluções para o desemprego que arruina dezenas de milhares de famílias madeirenses, para a pobreza exposta e a envergonhada, para a emigração forçada, para a fome que molesta milhares de crianças da nossa terra.


Preciosas 'deixas' do acólito para chefe Jardim

Em última instância, o homem apontou a fé como remédio para os males sociais e, eventualmente, "a solidariedade e a partilha como expressão da caridade e do amor fraterno". Ou seja, os cidadãos que se ajudem uns aos outros. 
A Igreja da tribo muito bem podia dar o exemplo, pegando numa parte dos seus bens, todos eles adquiridos através de encapotada extorsão ao logo dos anos, para assistir aos casos mais dramáticos.
Isso!

O rei vai-se despedindo dos momentos de glória da narcísica vida política - cada vez com mais polícias à ilharga. (Foto Joana Sousa/Aspress/DN)


Jardim mais colegas do nauseabundo regime sáprata escutaram atentamente e de mão no peito a cínica prédica de sua excelência reverendíssima, o acólito do rei.
Ora, com tantas preciosas 'deixas' do seu secretário regional para os assuntos de sacristia, chefe Jardim nem precisou de puxar pela sua fértil criatividade para botar doutrinação partidária, à margem da seráfica procissão que se seguiu.
Sobre a tal ausência do directo na RTP, vincou a circunstância de, após o domínio socialista no centro regional, este haver passado - disse ele - a ser dirigido "a partir de Lisboa, pela maçonaria, e daí esta estratégia de tentar queimar tudo o que tem a ver com sentimentos religiosos".
Bem encaixado, sem dúvida. Como se não fosse com Lisboa que ele mesmo negoceia actualmente a passagem do centro regional para as mãos dos Sousas.


O Bispo condena ausência de directo televisivo no Monte - ele, que mandou o JM esconder o meio século de sacerdócio do padre Martins!

Lá em cima no Monte, faltou talvez perguntar ao bispo-mor Jardim bem como ao seu acólito António das Quatro Fontes o porquê de o JM, que o povo paga para ambos dirigirem à sua vontade, ter privado nestes últimos dias "tantos madeirenses, sobretudo idosos e doentes e os emigrantes espalhados pelo mundo" de uma informação importante para a própria Igreja: as comemorações dos 50 anos de sacerdócio do padre José Martins Júnior.
O JM podia e devia levar a toda a Madeira e às comunidades (via edição on line) um acontecimento inegável, porque palpável numa comunidade religiosa como é a da Ribeira Seca.
Mas o bispo prefere laborar em mais uma das suas mentiras, porque esta omissão é uma grosseira mentira como são a do seu jornal gratuito a 10 cêntimos e os apelos à paz numas páginas de jornal, paredes-meias com ódios pregados pelos sangessugas do regime. Para não falarmos da grande mentira que foi esta prédica no Monte, ao 'desviar para canto' uma crise que é da responsabilidade do artífice dos buracos financeiros que empenharam a Madeira e os Madeirenses.
Os historiadores começam a fazer contas nas análises aos 'méritos' de Francisco Santana e Teodoro Faria, 'méritos' hoje ameaçados pela dinâmica prestação deste espécime que mandaram para cá.

Só uma última referência: o ainda jovem padre Giselo, pároco do Monte, ao proibir o aproximar de jornalistas das festividades litúrgicas, vai no bom caminho. É ovelha para um dia tomar conta do redil pacientemente trabalhado por Santana, rei das Angústias, Teodoro e António.

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem!!
Resumindo o que disse:
António do Algarve + Giselo do Monte = Santana de outros tempos + Teodoro sabichão.

jorge figueira disse...

A Igreja Católica vale muito na cabeça dos madeirenses. Não me parece, por isso, que seja coisa simpática para as populações dividi-las entre bons e maus. Tivemos, na Europa do séc. XVII, uma divisão entre católicos bons e maus que teve custos terríveis para toda a Europa. Custos comparáveis à divisão actual entre xiitas e sunitas. A Europa, eu sei, é bem maior que Madeira. Mas aqui também não parece grande ideia a diocese, através do seu Bispo, (interessada e apoiante descarada de parcela da comunicação social enfeudada ao poder)criar filhos enteados. Uns podem fazer cobertura outros não, decidiu S. Exa. Porquê? Não terá ainda reparado no embuste que é JM na deformação diária da opinião pública?

Paulo disse...

Tudo quem e enviado e escolhido a dedo !
Comandante da PSP.
Juizes.
Bispo.
Basta ter estas 3 entidades na mao para ser Rei e Senhor !

Luís Calisto disse...

Caro Dr. Figueira
Ainda teremos por aqui um cheirinho a jogo sunitas-xiitas. Alguém terá de 'cavar' antes do apito final.

Caro Paulo
Junte a esse naipe de trunfos furados o da 'Judite' e o representante do Cavaco. Só para compor o ramalhete, claro.