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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Política das Angústias





INCOERÊNCIAS NO JM: O 'DIA LITÚRGICO' DIZ UMA COISA, A 'OPINIÃO' OUTRA, BEM CONTRÁRIA 




Sendo o director o mesmo para o jornal inteiro - sr. Alberto João das Angústias - não se percebe que as partes propagandísticas do JM laranja e as páginas religiosas do dito jornal se batam diariamente umas contra as outras como autênticas 'pedras vivas'.



Com o País à beira do abismo e os Açores numa situação nebulosa, como diz o chefe no JM de hoje, aqui no 'cantinho do céu' podem os chefões fazer férias de borla, apesar de já não governarem nada.


O chefe do governo regional, também chefe da igreja madeirense, passe o pleonasmo, enveredou por um estilo editorial no seu JM pelo menos intrigante. As páginas enchem-se de contradições tais que por vezes chegamos a pensar derivarem de alguma desorientação naquela cabeça estouvada.
O Jornal da Madeira, se nos permitem o reparo, apresenta cada vez mais dissonâncias entre a sua parte de propaganda partidária (linha Jardim) e a sua parte religiosa (linha Jardim).
Que pretende sua majestade com o desarranjo editorial?
Provar que é capaz de eticamente separar as duas áreas, garantindo-lhes as diferenças de 'modus operandi'? Mas para quê, se ambas trabalham objectivamente para o mesmo fim, o da eternização de sua excelência no poder?
Pretenderá desorientar os leitores, causando-lhes um sentimento de insegurança para os prender e manter dependentes do farol do chefe, indefinidamente?
Ou será que sua majestade sente cada vez mais dificuldades para resolver o grave conflito 'Jardim versus Jardim' no plano das grandes decisões - agarrar-se ao tacho nas Angústias até que de lá o tirem à força ou deixar imediatamente a cadeira arriscando-se aos enxovalhos de rua que marcarão inexoravelmente os seus últimos tempos de passagem terrena?


O chefe acha-se o 'pão da vida'


Temos seguido com atenção as grandes linhas políticas e religiosas lançadas por sua majestade no seu/nosso JM. O suficiente para nos depararmos praticamente todos os dias com descaradas cacofonias entre a sua doutrinação partidária e a mensagem do Dia Litúrgico, esta publicada nas páginas de Religião.
Não estamos a tentar desestabilizar o sistema sugerindo alguma perda de controlo na ditadura: o chefe continua mandando e desmandando no seu partido, tirando o ressabiado Miguel Albuquerque; e continua como único patrão da Igreja madeirense, dizendo quais templos serão construídos a seguir, usando à vontade os adros para comícios do laranjal, impedindo o levantamento da suspensão do padre Martins, puxando as orelhas em público aos padres que fazem chichi fora de esquadria e expulsando das sacristias os jornalistas que se põem a fazer-lhe perguntas impertinentes nesses lugares sagrados.

Vejamos então.
Fez este domingo oito dias, sua excelência, com os ouvidos cheios de protestos face ao desemprego, pobreza e fome reinantes na Região por culpa da sua louca desgovernação, e ainda bem apertado pelo descalabro oficial no tratamento da questão incêndios, fez o 'comentário dominical' das 'Pedras Vivas' apostar no "discurso sobre o pão da vida". Título sugestivo: "Eu sou o pão da vida".


O povo esfomeado também se revoltou contra Moisés, naquele tempo


Aparentemente bem visto, para o povo se recordar de quem criou emprego nas ilhas, quem acendeu as luzes nas casas, quem levou água potável a esses recônditos lugares. O chefe evocou então, para não se pensar que a miséria só acontece aqui, a caminhada de Moisés com o seu povo, pelo deserto, em busca da terra prometida. Perante a escassez de alimentos, o povo revoltou-se contra o jejum forçado. Também então, não faltaram ressabiados aos grupinhos, a criticar o guia, espalhando o desânimo, o cepticismo e a frustração.
Com apoios divinos, porém, Moisés conseguiu alimentar o povo à base de codornizes, milagrosamente caídas do céu, pois claro. E calaram-se por uns tempos aqueles que, para aproveitar a desgraça dos outros, defendiam ser preferível viver como 'escravos' no Egipto a morrer 'livres' no deserto.
O povo madeirense, actualmente na miséria, por certo entendeu tarde demais essa mensagem evangélica, publicada na página 10 do referido suplemento 'Pedras Vivas', encartado na edição do JM. Porque, na primeira página deste, a manchete desafiava infantilmente à luxúria, com notícias sobre vinhos de mesa, férias no Porto Santo, novenas festivas no Monte, tudo isso no meio de anúncios sobre negócios de ouro e mais ouro.
Em que ficamos?


JM exorta a juventude a entrar no efectivo de... 'padrecos'!

Numa nota sobre outro Dia Litúrgico, lemos um excerto da sagrada escritura nada benevolente para as situações de monopólio, porque nos seus tempos Jesus desmascarou alguns, à sua maneira. Pois nas páginas da propaganda partidária, da mesma edição, só se viam palavras elogiosas sobre as perspectivas hoteleiras e de transportes marítimos dos Sousas para o Verão no Porto Santo.
Hão-de convir que o crente, seja na Igreja seja no partido, sentirá confusão no espírito.

Não vamos recuar uns meses para falar dos apelos aos jovens, nas páginas religiosas do JM, para enveredarem pelo sacerdócio enquanto nas páginas de Opinião saíam artigos a desancar impiedosamente nos 'padrecos'.
Também não precisamos de recordar aqui o que o director Jardim já disse e escreveu na secção Política de figuras como o padre Martins ou o padre Tavares, por exemplo, ou o padre José Luís ou o pároco de Machico, ou ainda sobre antigos seminaristas, enquanto no espaço dedicado à Igreja saíam fotos com o Bispo a dar chapadinhas de amor paternal nos crismandos.
Mas podemos lembrar o Evangelho a falar de milagres a favor do povo, que lemos na edição de quarta-feira da passada semana, milagres operados com todo o amor divino, ao passo que nas páginas partidárias o JM pulverizava de ódio a instituição caloteira Estado Português (ameaçando-o com tribunal), o parlamento nacional, o Ministério da Saúde, o PP que é oposição cá e tem culpas do que faz em Lisboa como governo, o próprio País falho de ética, moral e responsabilidade!
Amor numa página, raiva peçonhenta na seguinte.
Hinos à verdade na Religião, mentiras do chefe e seus sabujos na propaganda.
Na página da Religião, São Paulo "recomenda eliminar tudo quanto seja azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade". Não longe, sua majestade e sevandijas escrevem ataques nojentos, execrandos e rancorosos contra os adversários do vergonhoso regime da tabanca, extensivos a pais, mães, filhos e tias.


Homem de pouca fé no 'cantinho do céu'

A edição de hoje é outro exemplo de incoerência. Propositada? Parte da estratégia ditatorial?
Certo é que chefe Jardim, que costuma bradar contra quem foge ao fisco, porque tal procedimento lhe rouba os gloriodos momentos das inaugurações, destaca nos Evangelhos um episódio iniciado na Galileia e que prosseguiu com os cobradores de impostos a cercar Pedro em Cafarnaum, confrontando-o com uma delicada questão fiscal. Tudo para se concluir que os filhos 'bem' devem ficar livres de contribuir com o fisco.
Não nos parece uma política editorial que o povo mediano entenda. O fisco é para todos, como diz o político Jardim? Ou deve isentar os filhos 'bem', como diz o Jardim religioso?

Pior, ainda nesta edição JM de segunda-feira, é o que temos na primeira página. Num título a gordas, o jovem padre Giselo, pároco do Monte em festa, afirma que a "crise não se nota tanto quando se fala de fé".
Pois bem. Aparece sua majestade em manchete, mesmo encostada logo acima, bradando os seus receios com acrisolado pessimismo "pelo futuro de Portugal".

Além de confuso e incoerente, sua majestade é um homem de pouca fé.

A 'perfomance' de sua majestade, o sua excelência das Angústias, não deixa de ser equilibrada, passem os desmandos relatados acima.
Na edição desta segunda-feira do JM, ele receia, pois, pelo 'futuro de Portugal'. Podemos conhecer, também pela sua análise, a "situação nebulosa" que assusta os Açores.
Sejamos honestos: a quem se deve estarmos aqui num 'cantinho do céu'? Quem equilibra isto?

Nota - Esperamos não ser lidos por aqueles homens e mulheres que não recebem salário da outrora grande superfície comercial vai para quatro meses... e que ainda assim se dirigem todas as manhãs para o trabalho aterrorizados com a expectativa de encontrar as portas fechadas.
Esperamos não ser lidos pelos casais desempregados que não têm alimentos para os filhos. Pelos jovens que saem da faculdade sem a menor esperança de colocação no mundo laboral. Pelos 23 mil desempregados que existem nesta terra. Pelos que caem no desemprego aos 45 e 50 anos. Pelos que procuram lugar na neo-emigração. Pelos que envergonhadamente enfileiram na 'sopa do Cardoso'.
Esperamos não ser lidos por todo esse povo, porque o que devíamos, em vez de suavizar o ambiente com humor, era exortar ao correctivo exemplar no couro de quem arrasta uma Região inteira para o abismo do sem-futuro.



3 comentários:

Anónimo disse...

Razão pra dizer sem pejo algum que os Deuses devem estar loucos, cegos, surdos e mudos...Que loucura!

jorge figueira disse...

Quem foi, quem foi que pôs a Madeira em marcha? Aparecem agora umas pústulas mal cheirosas (falta água no regadio, salários a quem trabalha, dinheiro para pagarem a quem devem etc.)tudo isso são questões de somenos que um fervoroso adepto aceita sem pestanejar. Estão a rarear os adeptos bem sei, mas...enquanto houver um cordão sanitário de segurança, entre o corpinho doente e nosso "angustiador", tudo estará no melhor dos mundos.

Luís Calisto disse...

O problema, caro Doutor, é que ele pôs a Madeira em marcha... para o abismo!