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sábado, 29 de junho de 2013


O fascínio da IMAGEM


O iate 'Vagrant' aguarda no porto do Caniçal, até que a 'Fénix do Atlântico' o liberte das cinzas do mar. (foto e legenda de MANUEL NICOLAU)


Nem nos atrevemos a comentar a força desta fotografia que nos chega do nosso eterno Colega e Amigo Manuel Nicolau. Perante o artista de verdade, as cores e os movimentos da Natureza parece que se combinam e põem a jeito do click. Contra factos...


PROPOSTA 'FÉNIX'

Este iatezinho, bem recuperado e alindado, talvez se enquadrasse na nova Frente Mar a nascer do aterro funchalense. E não está muito longe, é só levá-lo do Caniçal. 


Basta uma ideia sair daqui deste blogue para nem chegar a ser considerada. Mas não resistimos a levar uma sugestão ao Sr. Vice-Presidente do governo. Nem que seja para descarregarmos a consciência.
Eis a proposta:
Olhando para o espectacular outdoor postado no cais, com o projecto das obras do aterro, será que não caberia naquela nova Frente Mar uma unidade naval compaginável com a raiz marinha dos ilhéus?
Achamos que ficaria muito bem ali um reforço desses, um barquito criteriosamente colocado no conjunto arquitectónico, a servir de restaurante e esplanada. Bem zelado, tal barquito seria irresistível atracção para naturais e visitantes.
Essa unidade naval poderia ser um iate com linhas agradáveis, para jogar com a beleza do projecto. E ainda melhor se enquadraria no espírito madeirense, desde há muito voltado para o turismo, se se conseguisse trazer um iate com nome feito, daqueles que pertenceram a celebridades com cartaz mundial. Se tivesse o nome ligado aos Beatles, então era rebentar com a escala!
Conhecendo o Sr. Vice-Presidente como conhecemos, ele certamente dará atenção a esta nossa proposta e, se não for sectário, pelo menos nomeará uma comissão para estudar o assunto.
Em caso de se avançar com a ideia, atenção que há uma unidade naval atracada no Caniçal capaz de servir para o efeito.

Moral da história: o ilhéu é assim mesmo - se tem o artigo, deita-o fora, se não tem, compra-o. Como é que um pobre de um governo pode satisfazer gente deste jaez?!



DIA-A-DIA NO TERRENO


Manhã cedo. Nosso Amigo pessoal engraxate dá graças pela raridade que é surgir um freguês, no caso velha glória do CF União. À direita, um quadro vulgar da Madeira Nova, a mulherzinha em busca de esmola para se desenrascar. À mesa, trata-se de consumir o tempo. O Apolo anseia por freguesia, como todos os negócios do ramo, hoje. Ao centro, mais um postal quotidiano: antigos secretários regionais a coscuvilhar. Alguém ficou com as orelhas a queimar.   

MOMENTO DA SEMANA

Frente mar sem iate, 30 anos depois





Madeira Nova

Com a mexida nas competências das estradas do Funchal, a quem cabe regar aquela coisa ali?



DIA DA REGIÃO É REMÉDIO SANTO
PARA PROBLEMAS SEM REMÉDIO


Movem-se montanhas para evitar que sua excelência apanhe com insultos ou cerveja como a do Porto da Cruz, que provoca dor


Há um século e meio, sem técnicas de ponta ao serviço da engenharia, podia o povo ir ao cais e vir sem capacete, digamos assim. Então como é que agora...

Desde que os crânios da Madeira Nova decidiram descentralizar as comemorações do 1.º de Julho, as populações de cada concelho pedem aos santos que as bafejem com a superior escolha para o cerimonial. Já se percebeu que tanto o desgoverno como as câmaras inventam dinheiro e o que for preciso para alindar a vila ou a cidade das comemorações, acorrendo a satisfazer reivindicações populares muito velhas.
Agora, porém, é de pasmar: a Câmara da Ponta do Sol, concelho onde se festeja segunda-feira o Dia da Região, encontrou num ápice solução para um problema que se eternizava sem fim à vista. 
Devido à insegurança da rocha sobranceira, sem taludes que protegessem quem estava ou passava por baixo, estava cortado o acesso ao cais. E o restaurante contíguo não podia funcionar. 
Está tudo resolvido, senhores.
Milagrosamente, em vésperas do Dia da Região, a questiúncula pode dizer-se ultrapassada. Num abrir e fechar de olhos. O que vem devolver direitos ao proprietário do restaurante em causa. 
O homem andava, há que tempos, com a cabeça em água por não poder trabalhar. Pedidos, súplicas, insistências na Câmara... O pequeno empresário chegou a tentar socorro junto do Representante da República (raio de ideia essa, já agora). 
O que nos asseguram é que 'Meio Chefe', conhecendo a contestação causada pelo problema da escarpa na bonita vila, chamou às Angústias o presidente da Ponta do Sol, dizendo-lhe para tratar do assunto fosse como fosse. 
É que... Mal-estar por todo o lado onde outrora recebia palmas é o que mais encontra hoje 'Meio Chefe', e daí o aparato policial que o protege quando sai à rua, mesmo que seja para assistir a um inofensivo concerto.
Não conseguimos comprovar a chamada do edil eng.º Marques à presidência, porque o nosso correspondente nas Angústias foi desviado nos últimos dias para o caso 'Vagrant'.
Mas o inegável é que há caminho aberto para o cais da Ponta do Sol. Depois de tanto tempo de impasse, de seca. O local está maltratado, é verdade. Segundo a nossa agente K-Canhas, que nos traz estas novidades, o cais é municipal mas D. Edilidade não lhe tratou dos buracos nem das pinturas necessárias.
Há cais acessível e há restaurante. Pelo que o proprietário tentará rapidamente minimizar prejuízos somados em tanto tempo. 
Quem deve estar preocupado é o concessionário do bar-restaurante da praia, que até aqui trabalhou sem a concorrência do restaurante fechado. O concessionário do negócio da praia, por curiosa coincidência, é  presidente da junta de freguesia da Ponta do Sol e, ao que nos garante K-Canhas, não paga renda. Essas vantagens encurtam-se agora um pouco. É a lei da oferta e da procura a funcionar.

O restaurante reabriu hoje e a esta hora de almoço abarrota de fregueses até às varandas.



Rejeições nos Canhas

De caminho, a nossa agente informa-nos que a lista do PPD à junta dos Canhas sofreu algumas negas. Gente farta da situação madeira-novense. Vai daí, o plano B foi recrutar funcionários públicos, do aparelho municipal. Daqueles que não podem dizer 'não'.

sexta-feira, 28 de junho de 2013


O MILAGRE DA IMAGEM


Estremunhados do levantar cedo, só vimos uma estação de TV no cais. Afinal...


Macacos nos mordam se não vamos amanhã ao 'Alberto Oculista'! E também deviam lá ir os muitos cidadãos que, em cima do cais, estranharam esta manhã de sexta-feira o que julgavam ser a ausência da RTP-Madeira na partida do carismático Iate dos Beatles.
Vimos, ao fresco da madrugada, uma equipa da TVI, com Mário Gouveia à frente. Câmaras de outras estações... nada.  E olhem que não estávamos de ressaca. 
Afinal, chega-se ao TJ das 21 e tomem lá com as imagens do 'Vagrant', a sair do cais rumo ao Caniçal!
Não há dúvidas de que o mundo das imagens é fascinante. Faz milagres! 
Ou será que continuamos com a vista empenada?



Sindicato da Empresa de Electricidade
leva administração à Provedoria

Não pagamento do subsídio de férias é capaz de acabar em tribunal



A Direcção do Sindicato dos Trabalhadores da EEM acusam a administração de "passividade e incumprimento das leis em vigor", pelo que tencionam pedir a intervenção da Provedoria de Justiça. Não sendo de descartar a hipótese de recurso aos tribunais competentes.
Na origem do diferendo está o não pagamento do subsídio a trabalhadores que já gozaram este ano o seu período de férias reportado a 2012, conforme determinam a lei e o Acordo de Empresa (AE).
A EEM pode estar a portar-se em conformidade com a Lei do Orçamento de Estado, porém é preciso notar que o Tribunal Constitucional "decretou inconstitucionais vários artigos dessa lei, incluindo aquele que impedia o pagamento do subsídio de férias", lembra o sindicato.
Os trabalhadores que se dirigiram à Secção de Pessoal da EEM para receber o seu subsídio bateram com o nariz na porta: ninguém tinha instruções para pagar o que lhes é devido. E assim continuam as coisas, em clima de violação da lei e do AE, o que constitui "contra-ordenação grave".
A Administração tem 'lavado as mãos' na discussão do problema: solicitou instruções à Secretaria das Finanças porque é Ventura Garcês quem tem a palavra final. Até se saber o que fazer, é esperar.
O sindicato tem uma palavra para classificar "esta evidente submissão" do CA: lamentável!
E, assim sendo, há Provedoria e tribunais aonde recorrer.


FESTA DE LORDES COM FATO ESCURO




Ricardo Sousa, impulsionador
do empreendimento (Foto ex-JM)

É um pouco estranho, por tratar-se de um empreendimento em zona de lazer e a época decorrer em clima tórrido. Mas percebe-se que, pelo nível dos convidados, talvez haja lógica na exigência constante dos convites: fato escuro para a inauguração da Quinta do Lorde - hotel, resort e marina, lá para as bandas do Caniçal.
O investimento foi de 100 milhões de euros (não sabemos contar até esse montante) e também por aí, com boa vontade, se admite o snobismo salutar deste acto inaugural.
E veja-se: 100 milhões 'deles' naquele empreendimento apesar da assumida inviabilidade da linha do Porto Santo, explorada pelo Grupo Sousa (não tem ligações a Ricardo Sousa da Quinta do Lorde?).


À parte o pormenor das farpelas de cada um, vem a propósito recordar os argumentos do governo regional para a Insígnia Autonómica de Bons Serviços agora atribuída a Ricardo Sousa, impulsionador do empreendimento Quinta do Lorde: longa carreira empresarial em diversas actividades económicas, "contribuindo fortemente para o desenvolvimento socioeconómico da Região"; criação de empresas para "gerar mais emprego e fortificar a economia local e regional"; "empenho e dedicação pessoal na concretização do empreendimento turístico Quinta do Lorde" que veio "contribuir inequivocamente para o enriquecimento, prestígio, diversificação, e promoção da oferta turística da Região Autónoma da Madeira".
Fazendo um pouco de humor para animar o ambiente de festa, digamos que o desgoverno quase troca as qualidades empresariais de Ricardo Sousa pelas de um filantropo que de tanto pensar nos outros nem ligasse à contabilidade da casa.  

Que a festa a decorrer neste pôr-do-sol de sexta-feira, no território oriental da ilha, signifique o levante de mais um negócio de sucesso, e que, ao contrário do 'Lobo Marinho', jamais seja declarado "inviável".



LAMAS NO MAR DA MADALENA

Há detritos de areia na foz da Ribeira da Madalena. Vai daí, umas empresas da construção decidem sacar o que podem dos inertes. Assim, cavaram um buraco no calhau, perto da água, para os lavarem... e levarem da zona para lugar seguro.
A denúncia chega-nos da parte da nossa agente K-Canhas, sempre atenta a todo o concelho da Ponta do Sol.
E fica-se o problema por aqui? Não, senhores. É que a lavagem de areia tem espalhado porcaria pelo cristalino mar da freguesia. De maneira que se tem visto - assegura a nossa K-Canhas - manchas barrentas numa extensão de 300 metros.
Apre!
Então, D. Câmara? Vai actuar ou ficar a comer tremoços? Este ano há eleições...



Entrada no molhe de Leste.


IATE CHEGOU AO CANIÇAL 

COM INESPERADA FACILIDADE


Excelente trabalho dos Portos: apesar dos imprevistos, a viagem, que se antevia complicada, saldou-se num sucesso



O Iate dos Beatles a entrar no Caniçal, 
com o mastro partido.


As entidades envolvidos na operação de transferir o 'Iate dos Beatles' do cais do Funchal para o Caniçal têm razões para se sentir satisfeitas. Contra os maus presságios que chegavam a 'prever' o afundamento do navio logo entre o cais e a Pontinha ou, na hipótese menos má, durante a travessia, o 'Vagrant' encontra-se já no Caniçal.

O mastro quebrou-se e chegou a preocupar os responsáveis pela operação, já que os trabalhadores na manobra correram algum perigo. No entanto, eis o célebre iate já no Caniçal. Não entrou no MEC (Madeira Engineering Co.), por falta de espaço, mas atracou no porto comercial da vila.




O adeus ao Funchal




Às 7 horas, como previsto, começava-se a montar a operação, com redobradas atenções.




A Marinha envolvida nas manobras.


Antigos trabalhadores do 'Vagrant', como José Manuel Abreu (mais de 20 anos de serviço), acompanham a saga desde que o aterro  foi lançado.

Um jornalista espera que as movimentações aqueçam.

A TVI recolhe imagens madrugadoras.


Expectativa entre os operacionais das obras em curso.


Enfim, os rebocadores descolam da Pontinha e navegam rumo ao cais.

Azáfama à volta do iate...

...E no convés.


Os rebocadores aproximam-se.

O 'Boqueirão' roda sobre si próprio e coloca-se em posição de rebocar o iate, enquanto o 'Ilhéu de Cima' espera para fazer de leme à embarcação.

Manobras delicadas.


Expectativa na multidão que segue os trabalhos.

Guida Pereira cantou fados no 'Vagrant' durante 26 anos e confessa a emoção do adeus. "Oxalá não o afundem."



Momentos de suspense.

O 'Lobo Marinho' espreita, junto do Ilhéu.

Tudo a postos.

O 'Boqueirão' entra em acção.


O Iate vai zarpar.

E zarpa mesmo.


Levado pelos rebocadores, sai do cais e segue para o largo, para evitar a reserva do Garajau.

Dentro em pouco, vai sumir-se na neblina.

No aterro, agora sem 'Vagrant', a vida continua.

Tudo volta ao normal.

Lá ao longe ainda se descortina qualquer coisa.


Em terra, Nelson Faria, filho do proprietário, promete que o iate não será afundado, será, sim, recuperado.


A fadista parte, sonhando com um final feliz.



Pouco depois, problemas imprevistos na viagem. Como contámos em peça anterior. 
Mas a viagem será um sucesso que muitos não esperavam.





TRIBUNAL DECLARA INSOLVÊNCIA
DA CONCRETO PLANO

A sentença de declaração de insolvência da Concreto Plano - Sociedade de Construções S.A. foi declarada no Tribunal do Comércio de Lisboa segunda-feira passada (24).
São as administradores do devedor Jacinto da Silva e José Luís Marques.
Maria Teresa Revês foi nomeada para administradora da insolvência.
A reunião de assembleia de credores de apreciação do relatório já tem data: 10 de Setembro.
Desta sentença pode ser interposto recurso dentro do prazo de 15 dias e deduzidos embargos dentro de 5 dias.
Segundo o texto da sentença, pode ser aprovado um plano de insolvência destinado ao pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa e a sua repartição pelos titulares daqueles créditos e pelo devedor.
Podem apresentar proposta de plano de insolvência o administrador da insolvência, o
devedor, qualquer pessoa responsável pelas dívidas da insolvência ou qualquer credor ou
grupo de credores.



REBOCADORES RECUPERAM DO SUSTO E... O CORTEJO NAVAL JÁ VAI EM MACHICO

Últimas informações chegadas ao 'Fénix' avançam que a viagem para o Caniçal retomou a velocidade normal, de maneira que os navios passam neste momento diante de Machico.
O mastro do Iate dos Beatles que se partiu à passagem pelo Caniço de Baixo continua preso à embarcação e, embora com uma parte emersa na água, deverá resistir até ao destino.
A chegada ao Caniçal está para breve.

IATE DOS BEATLES PARTIU MASTRO
COM POUCO TEMPO DE VIAGEM






Depois de ter zarpado à hora que anunciáramos - cerca das 7h30 - o 'Iate dos Beatles' sofreu um percalço que poderia ter provocado consequências dramáticas: o mastro que ainda estava de pé partiu-se e tombou para a ré.
Rebocado pelo 'Boqueirão', o iate seguia diante do Caniço de Baixo quando se deu o acidente. Por sorte, os operacionais que seguem a bordo encontravam-se à proa, evitando-se assim qualquer acidente pessoal. 
No entanto, a tragédia poderia ter colhido os homens que seguem atrás, no rebocador 'Ilhéu de Cima', que tem a função de fazer de leme durante a viagem para o Caniçal. Devido ao seu estado de degradação, o cabeço do iate onde estava amarrado o cabo de ligação do 'Ilhéu de Cima' também dera de si. Os homens do rebocador preparavam-se para se aproximar do iate a fim de refazerem a amarração quando o enorme mastro do Iate se partiu, tombando para o lado precisamente do 'Ilhéu de Cima'.
Sem consequências.
Neste momento, a viagem passa pela frente do Porto Novo e prevê-se que, tendo-se diminuído a velocidade de 6 para 3 nós, por causa dos incidentes, a chegada ao Caniçal se atrase significativamente. Entretanto, não é de descartar a hipótese de o mastro derrubado se desprender e afundar, pelo caminho.






Saída à hora prevista


A partida do 'Vagrant' registou-se à hora que avançámos ontem. Depois das manobras para amarração ao rebocador 'Boqueirão', o povo concentrado no cais viu seguir pelas 7h30 aquele ícone de 30 anos no calhau da cidade.








ESTADO DE SÍTIO EM SANTA LUZIA

Staff de operacionais executivos, à ilharga da igreja.

A BIR passou horas junto do seu Mercedes, na Travessa do Pina. Os moradores trancaram-se em casa, imaginando  que se tratava de recolher obrigatório.

Fomos sobressaltados ao fim do dia desta quinta-feira (27): motos da polícia, uma grande carrinha Mercedes da BIR com agentes dentro, movimentações em vários pontos de Santa Luzia... Que se passaria? Forças oficiais ajudando a Extermínio num ataque em força ao diabólico mosquito? Golpe de estado para mandar o chefe ir cuidar dos netos?
Bem: trabalhávamos afincadamente na Redacção quando a nossa agente K34 fez chegar o alerta: na igreja de Santa Luzia e seus arredores há montes de pessoal engravatado e funcionários da Junta Geral; na Travessa do Pina estacionou a carrinha Mercedes da Brigada de Intervenção Rápida, repleta de agentes de prevenção, conforme a explicação arrancada pela nossa K34.
Só tivemos tempo de registar imagens dos locais que aparentavam 'estado de sítio' e de lançar a K8 no encalço dos acontecimentos.
Não se tratava de guerra ao mosquito. Também, não se tratava de golpada palaciana, pelo contrário. O 'cagaçal' de tanta polícia colocada em pontos nevrálgicos só se devia ao facto de 'Meio Chefe' Jardim ter entrado na igreja de Santa Luzia. 
E que fora lá fazer sua excelência? Rezar o terço? Confessar-se e pedir perdão ao Senhor por pecados políticos imperdoáveis? 
Nada disso. Afinal, a diligência estava agendada: ele entrara no templo para assistir ao concerto inaugural do órgão pertencente à referida igreja, devidamente restaurado.
Muita gente assistiu ao concerto. Chefe Jardim, pelo que percebemos, não via a hora de aquilo acabar. Ainda manteve uma postura razoável durante o 'Voluntary para órgão', de John Stanley, e segurou-se no 'Concerto grosso n.º VI', até porque esta obra de António Pereira da Costa era executada em si menor. Mas já se abanava todo, impaciente, ao começar a 'Ária da Suite Orquestral n.º 3', de Johann Sebastian Bach - o que não aconteceria se a música, em vez de Bach, fosse de Bar. À passagem por Vivaldi, Handel e Pachelbel, já o 'peregrino de Bruxelas' espumava ansioso pelo fim de uma sessão que nada tinha a ver com o seu temperamento. 
Quase lhe lemos nos olhos um desejo de que lhe surgisse no templo, mais uma vez, o padre José Luís Rodrigues, de São Roque - porque aí arranjaria pretexto para procurar o ar livre.

Moral da história: será que teremos muitas vezes um aparato policial como este, montado porque sua excelência resolveu mostrar-se um intelectual apreciador de Bach e Vivaldi?
Senhores da companhia chui: vejam lá o preço do combustível. 

O aparato policial não era para proteger este órgão histórico, nem sequer para dar combate ao maldito mosquito. Era, imagine-se, para livrar sua excelência de mais algum 'doloroso' banho de cerveja!