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terça-feira, 25 de junho de 2013


A ÁRVORE DO PRESIDENTE 

E O DECRÉPITO JARDIM BOTÂNICO TROPICAL


01 - Entrada do Jardim Botânico Tropical - 21.06.13

No passado dia 19 a comunicação social deu grande destaque à cerimónia de plantação de três árvores exóticas no Jardim Botânico Tropical, em Belém.
Os notáveis plantadores foram o Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, décimo oitavo Presidente da República, que se esmerou em colocar no solo um Sapindus mukorossi, indígena da Ásia Tropical e Subtropical, exatamente um século após Manuel de Arriaga, ter plantado uma árvore neste jardim que já fez parte da “Cerca do Palácio de Belém”, a Dra. Maria Cavaco Silva encarregou-se duma Ceiba insignis, da América do Sul, e o Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo, presidente do Instituto de Investigação Científica e Tropical, também plantou uma árvore da América do Sul, de nome Chrysophyllum imperiale.
Sua Excelência, que quando primeiro ministro liderou uma política de desmantelamento da agricultura, aproveitou a aula de jardinagem para, mais uma vez, incentivar os portugueses a retornarem às lides da terra. Os órgãos de comunicação limitaram-se a passar a mensagem política e não perderam um bocadinho de tempo ou de espaço para mostrar o estado de conservação do jardim, que o “Guia dos Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa”, classifica de “pérola tropical”.
De facto, este “é um dos jardins mais belos da capital”, que neste mês de junho recebe os visitantes com as lindíssimas flores vermelhas das coralinas (Erythrina coralloides). Quem se limitar a fazer o “Percurso do Diretor”, sugerido no folheto entregue conjuntamente com o bilhete, fica com a ilusão de que o centenário jardim está bem conservado. Mas quem ali vai com o objetivo de observar e estudar as cerca de “500 espécies de plantas reunidas no jardim e nas suas estufas, a maioria das quais de origem tropical e subtropical”, sai com um aperto no coração.
O “Campo de Culturas”, que confronta com o Palácio de Belém, está  completamente abandonado e nas estufas não há sinais de investigadores.
O antigo viveiro deixou de ser um campo experimental e agora é um matagal.
É deprimente a imagem da área dedicada às suculentas.
A bela estufa principal caminha rapidamente para a ruína.
O muro de suporte do “jardim de buxo” ostenta uma perigosa fissura.
Na última sexta-feira, dia do solstício de verão, percorri demoradamente todos os recantos do Jardim Botânico Tropical. Visitei as plantas, minhas velhas amigas, e vi pela primeira vez a árvore do presidente. Já com os portões a fechar saí para o Largo os Jerónimos com a certeza de que há um enorme fosso entre a propaganda política e a sensibilidade conservacionista. O Jardim Botânico Tropical está decrépito.
Aqui ficam as fotografias e o meu grito de protesto.

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal

02 – Coralinas (Erythrina coralloides) originárias do México e do Arizona - 21.06.13


03 – A árvore (Sapindus mukorossi) plantada pelo Presidente da República no dia 19 de Junho - 21.06.13


04 - Dois dias depois da cerimónia, mantinha-se a placa com a informação de que o Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva
é o décimo nono  Presidente da República, quando ele próprio referiu que é o décimo oitavo - 21.06.13

05 –  Área designada de Campo de Culturas junto ao Palácio de Belém - 21.06.13


06 – Nesta área já funcionou um viveiro - 21.06.13


07 - Área das plantas suculentas - 21.06.13


08 - Estufa principal - 21.06.13


09 - Estufa principal - 21.06.13


10 - Estufa principal - 21.06.13


11 - Estufa pequena - 21.06.13
 
12 - Muro fissurado - 21.06.13


1 comentário:

jorge figueira disse...

Como diria aquele antigo Sr. Min. das Financas um Oasis. O dito cujo soube canadidatar-se a subsidios da U. E. La estave ele, agora,le a lembrar os tempos em que diziamao Sr. Silva que com aquele dinheiro todo nao se pode perder eleicoes. Lembram-se? Nao foi ha muito e convem nao esquecer