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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015


Quem ficou a desfrutar do espectáculo é bom que se apresse a reagir ao novo fenómeno do endiabrado Laranjal. (Foto GREGÓRIO CUNHA)


OPOSIÇÃO: TOCA A SALTAR DA POLTRONA


O espectro da maioria absoluta laranja volta a atacar e com inesperada impetuosidade



Os líderes da oposição já repararam: com a reviravolta no PSD, o contexto político mudou estrondosamente. E devem ter reparado que essa mudança foi para pior. 
Pior para a oposição. 
Resta descobrir se aqueles que pretendem derrubar finalmente o poder laranja conseguem fazer a leitura correcta da situação. E se, fazendo essa leitura correcta, estarão dispostos a sacrifícios em nome de uma real mudança de filosofia político-social na Região Autónoma.
A oposição gastou os últimos meses - muitos meses - sentada na poltrona, desfrutando do espectáculo em cartaz na área social-democrata. Julgando que 'eles' lá dentro se destruiriam a si próprios, fazendo implodir o partido e deixando tudo em escombros.
Bem poderia a oposição ter-se esforçado por fazer uma projecção do futuro político mais cuidada - e matreira. Se o fizesse com humildade e frieza, estaria hoje organizada e mais preparada para uma luta que exigirá muito suor. E o impacto do processo de sucessão no PSD não teria monopolizado as atenções de toda a Madeira.
Houve alguns avisos para despertar a oposição. Sem nenhuns resultados práticos.
Nuvens negras formam-se no horizonte.
A oposição não quis, e parece não querer ainda, aceitar que há muito deixou de ser razoável o princípio de que, enquanto o líder histórico do PSD-M estivesse no poder, quase não valia a pena concorrer a eleições, e que, assim que o líder caísse, adeus PSD-M. Ou seja, a oposição menosprezou as mudanças em casa do adversário, não as acompanhou com realismo. Ouvimos muitas críticas contra o demasiado destaque cedido aos episódios que se sucediam na telenovela dos Delfins. Mas o tema não era despiciendo, de todo, como se sabe agora. As coordenadas alteraram-se substancialmente na Rua dos Netos, devido a factores internos e a factores gerais, actuando de fora para dentro.
Internamente, o aparecimento de Albuquerque como rival do eterno chefe abalou irremediavelmente o desengonçado edifício laranja insular.
Externamente, cresceu a olhos vistos o cansaço popular perante um insuportável estilo de liderança com perto de 40 anos. Situação a que se associavam resultados incrivelmente ruinosos da governação social-democrata, com saliência para a descoberta de dívidas ocultas preocupantes mesmo para o maior estoira-vergas. Tudo junto, as reacções populares à simples presença do chefe incendiavam-se gradualmente. Uma ameaça permanente traduzida em cerveja atirada ao presidente do governo, vaias na mesma direcção, um mal-estar que não prenunciava nada de bom. O reforço da segurança não tranquilizava satisfatoriamente. O resultado das eleições internas de 2012 fez o resto. Até o presidente ancião entendeu finalmente que vivia fora de prazo, nos cargos partidário e governativo. O que percebeu ainda melhor em Setembro de 2013, ao perder 7 câmaras municipais, incluindo a capital madeirense.
Miguel Albuquerque insistiu e avançou decididamente à conquista da liderança. Os outros Delfins foram saltando para a pista, um a um.


O grande obstáculo do teimoso

Ainda assim, o velho chefe tentou tudo por tudo para eliminar o grande obstáculo da sua carreira, aquele que o corria do pedestal. Sugeriu, exigiu e pressionou o Conselho de Jurisdição para que expulsasse Miguel Albuquerque. E se o CJ de José Prada não actuasse com o rigor e a coragem com que actuou, a vida do PSD para os próximos anos seria diametralmente diferente: o ancião avançaria para a recandidatura, já que outros prometeram não avançar contra ele, e tudo faria para se perpetuar nos píncaros das Angústias até aos seus últimos dias. 
Claro que raciocinou mal: se, por absurdo, ganhasse outra vez o partido, o eleitorado regional mandava-o para casa na oportunidade seguinte. Então sim, o PSD-M desaparecia do mapa.
Apesar de tudo o que estava à vista, o teimoso e obcecado líder exerceu uma campanha eleitoral anti-Albuquerque até ao dia limite de 29 de Dezembro. Objectivo: ganhar as internas um outro que, supostamente, o deixasse continuar a mandar na terrinha e lhe garantisse a tribuna do JM para ele continuar a praguejar insultos diariamente.
Enquanto este penoso processo decorria dentro do PSD, os opositores do regime esfregavam as mãos, bem refastelados a seguir o espectáculo e até a despachar piropos para o campo de batalha. Inclusivamente, disparando alguns tiros para enfraquecer os adversários que pareciam mais fortes - mas tiros que iam fazendo ricochete em forma de boomerang.
Hão-de aniquilar-se uns aos outros, a mudança de cores no poder há-de surgir naturalmente - insistiam os responsáveis dos maiores partidos da oposição. Assim mesmo: uma ideia fixa que deixou cada um deles cair na tentação de se perfilar como o 'senhor seguinte'.
Erro perigoso. A oposição entra em 2015 no fio da navalha. Dispõe de uns dias para se definir e traçar caminho rumo a eleições decisivas dentro de 3 ou 4 meses. 
Mudou de lugar o tal conceito de que depois de Jardim o poder penderia claramente para o lado da oposição. O conceito deslocou-se. Como na teoria da relatividade. Agora o que se dá como certo é que, extinto aquele PSD aos bocados do líder cessante, agora é que será o cabo dos trabalhos para mudar as cores do poder.
Como havíamos de adivinhar esta reviravolta? - interrogam certamente os chefes oposicionistas, com alguma razão. 
Mas o que interessa é a nova realidade que temos na política regional. É com isso que eles têm de lidar.


Oposição: contas em cima do joelho


O socialista Vítor Freitas parece descansado no que diz respeito a maiorias. Baseado nos mais recentes actos eleitorais e nalguma sondagem particular, ele entende que o PSD se vai afastando cada vez mais da maioria absoluta. Daí deduzir que pode ganhar as próximas eleições, desde que se apresente ao comando de uma boa coligação à esquerda. Depois é questão de se entender com o PP e tomar o leme do governo.
José Manuel Rodrigues, também convicto de que o PSD, mesmo o novo, não conseguirá maioria absoluta, denota tranquilidade: ou com o PS ou com o PSD, o novo governo regional terá de incluir populares. 
Ora, estes estados de espírito dos mais poderosos líderes da oposição aumentam substancialmente os perigos do momento. As convicções de Victor e de José Manuel só ajudam Miguel Albuquerque e o partido a que dentro de 10 dias ele presidirá.


Albuquerque: para baixo todos os santos ajudam


Miguel Albuquerque vai para eleições regionais catapultado pela dinâmica eleitoral interna que desembocou na sua ascensão categórica e indiscutível à liderança.
O partido da Rua dos Netos, em vez de se despenhar no abismo para onde o velho chefe o levava, revoltou-se e mobilizou-se para encontrar o caminho certo. Falam por si os 87% de votantes tratando-se de uma eleição interna! O Laranjal quer revitalizar-se. Sem a menor hesitação podemos dizê-lo.
Albuquerque beneficiará de novo impulso no fim-de-semana de 10 e 11, quando do congresso da sua glorificação.
Ele, novo chefe, terá na corrida eleitoral o apoio das massas laranja mas também dos barões do partido, incluindo das alas que o combateram. Os militantes não perdoariam a quem ensaiasse entravar a mobilização em marcha.
Miguel Albuquerque tudo fará para que as eleições legislativas regionais se realizem o mais depressa possível. Obviamente quer evitar ser abafado pela onda socialista nacional que António Costa criará com destino às eleições gerais de Outubro.
Por tudo isto, Victor e José Manuel não deviam escarnecer da hipótese de Albuquerque conseguir a maioria absoluta nas regionais antecipadas - é mais seguro prevenirem-se para todas as hipóteses.
Observa José Manuel Rodrigues com optimismo: as últimas maiorias absolutas de Jardim já foram por escassa margem...
É verdade. Mas isso aconteceu numa conjuntura onde Jardim surgia desencontrado com o seu eleitorado tradicional - 40 mil votos esfumaram-se em meia dúzia de anos.
Ora, a mobilização das recentes internas reflecte as vontades dos eleitores em geral. Os militantes laranja regressam premiando a extinção do jardinismo. Ou seja, o PSD-M, com a nova liderança, pode voltar às maiorias de outrora. 
Com uma agravante: quem anda na rua percebe facilmente que Albuquerque pode muito bem entrar no eleitorado socialista e no popular. 


Lavar roupa suja... mas sem esquecer o projectozinho


Alarmismo imbecil - podem reagir a esta nossa leitura os líderes do PS e do PP. E o futuro próximo é capaz de lhes dar razão. Podem estar a contar com bons resultados da estratégia que o comentador Ricardo Vieira indicou na televisão nos dias eleitorais de 19 e 29 de Dezembro: durante a campanha para as regionais, explorar as "fragilidades" de Albuquerque. Referia-se o antigo líder do PP aos mandatos municipais do novo chefe PSD.
É tudo muito novo para sabermos efectivamente qual o melhor caminho. Mas vem-nos à ideia o massacre de Basílio Horta a Mário Soares numas presidenciais, que deu o resultadão que deu ao nosso 'Bochechas'. Foi noutros tempos? Pois foi. Mas, ainda há meia dúzia de dias, Paulo Cafôfo, instigado por Victor Freitas, foi desenterrar uma auditoria negativa para Miguel Albuquerque, publicando-a antes da 2.ª volta no PSD. E o resultadão não deixou de se verificar.
Para dizer o seguinte: é normal utilizar numa campanha expedientes como esse, o das fragilidades do adversário. Mas não é lá muito seguro centrar demasiado a mensagem na denúncia dos defeitos alheios. Como aconteceu com Soares, o eleitorado não parece estar em momento de aplaudir quem desanque em Albuquerque. 'Ouro sobre azul' é, além de evidenciar essas "fragilidades", mostrar um projecto para a Madeira melhor do que o proposto pelo novo PSD.


Jardinismo espiritual e jardinismo material

Que fazer, então? 
A palavra é de Victor e de José Manuel. Como simples amadores da política, entendemos que, tendo mudado o PSD da noite para o dia, a oposição deveria urgentemente baralhar e dar de novo. Descomplexadamente. Indiferente a preconceitos. Com a perspicácia que o novo cenário exige. Pode ser mania nossa, mas não achamos tão improvável assim a Madeira levar com mais 3 ou 4 mandatos de Laranjal. Quem há muito sonha com uma mudança nas cores do governo regional certamente ficaria mais descansado se os dois principais partidos da oposição abdicassem de interesses sectários e pessoais para evitarem, no arranque do pós-jardinismo, a repetição de uma maioria absoluta laranja  que pode ser fatal. Isso passa por acordos abrangentes, abertos a mais forças partidárias e à Sociedade. Uma vez esclarecidos os madeirenses de que a Região pode ser governada por não social-democratas que daí não nos cai o inferno em cima, então cada um dos partidos da oposição que se volte para os seus interesses de grupo.
Mas isto somos nós a elucubrar para preencher o feriado.
Já agora, existe ainda uma esperança para a luta eleitoral que se aproxima, chamada 'pequenos partidos'. Eles têm toda a razão de existir e competir. O jardinismo espiritual morreu. Mas o jardinismo material está 'mal enterrado'. O sistema com fundações de 40 anos fincadas nas profundezas do Laranjal tentará sem dúvida erguer-se dos escombros resultantes do terramoto Albuquerque.
A luta continua.



Os partidos mais pequenos não são dispensáveis, têm muito que fazer





13 comentários:

Anónimo disse...

-O Voto e protesto já não faz sentido. O Chefe papão, fascista vai embora
-O CDS perde votos igualmente pela franja que não sendo centrista, gosta e Albuquerque
O PS teimoso reduz-se ao isolamento De VFreitas que até consegue neutralizar os ímpetos de Carlos Pereira e Andre Escorcio. Costa já abraçou Freitas e deixa-o ficar...
Os pequeninos, importantes para a denúncia, vao se esfumar tal como já aconteceu com o BE.

Maioria Absoluta para Albuquerque, nunca foi tão fácil.

Anónimo disse...

O Dtr. Humberto Vasconcelos de São Vicente já se gaba que vai ser o novo secretário do Ambiente.
Não sei se é boa ideia o Dtr. Miguel permitir o regresso deste cromo, um dos mais corruptos presidentes de Câmara que a Madeira já conheceu.

Anónimo disse...

Prognóstico:

- Miguel Albuquerque e o PSD ganha, mas não atinge maioria absoluta
- PS retira ao CDS o lugar de maior partido da oposição
- CDS, cujo crescimento eleitoral nas regionais de 2011 deveu-se ao facto de Albuquerque ter mandado votar neste partido, perde deputados (3 a 5) por via da recuperação do PSD
- CDS junta-se ao PSD e forma governo: José Manuel Rodrigues, mesmo derrotado, ascende à vice-presidência do Governo Regional presidido por Albuquerque.
- PTP de Coelho mantém Grupo Parlamentar mas perde um deputado
- PDR de Marinho Pinto - se chegar a tempo de se legalizar - pode eleger 2 a 3 deputados
- CDU deverá eleger o segundo deputado.
- PND e PAN mantêm 1 deputado cada
- MPT pode - ou não - manter o deputado
- BE deve voltar ao Parlamento
- PDA-PPM poderá eleger

PREVISÃO
- PSD - 19 ou 20 deputados
- PS - 10 ou 11 deputados
- CDS - 4 ou 5 deputados
- PTP - 2 deputados
- CDU - 2 deputados
- PND - 1 deputado
- PAN - 1 deputado
- BE - 1 deputado
-MPT - 0 a 1 deputado
- PDR - 2 a 3 deputados
- PDA-PPM - 0 a 1 deputado

GUARDE ESTA PREVISÃO. NA NOITE ELEITORAL COMPARE!

Anónimo disse...

Essa do Dr Humberto de Sao Vicente gabar-se seja do que for,é tao verdade como os militantes do Cunha e Silva e do Manuel Antonio Correia em Sao Vicente que dizem ter votado no Miguel Albuquerque!!!!!!

paulo disse...

Sem duvida quem tem mais a perder com a vitoria de Miguel Albuquerque e o PS, o CDS sera sem duvida a muleta do PSD que vai ganhar as eleicoes. O unico que ainda nao percebeu ou nao quer perceber e o Vitor Freitas, acorda rapaz ou logo depois das eleicoes estas fora da lideranca do PS. A oposicao junta com um projeto e pessoas competentes ganha facil, mas ha na oposicao quem nao queira este cenario, nao sei e dizer porque.

Anónimo disse...

O PS vai ter a maior derrota de sempre. Vitor não vale um caracol.

Anónimo disse...

Eu diria que BE manter-se-á de fora da ALRAM (já provaram serem um oportunistas ao se terem vendido aos caprichos do PS na Câmara do Funchal).
O PTP vai deixar de ser grupo parlamentar e ficará com um único deputado.
O Roberto Vieira do defunto MPT vai desaparecer e se Isidoro conseguir fazer chegar o novo partido, pode ser que seja eleito.
O PND corre o sério risco de desaparecer, pois aquele irmão do Victor Freitas na ALRAM, tem feito um mau trabalho e tal como Welsh, não tem perfil parlamentar.
O PS de Victor Freitas sofrerá uma estrondosa derrota, que o remeterá ao seu lugar natural.
O CDS vai regredir do principal partido da oposição (2011) e provavelmente nem um táxi encherá na futura configuração parlamentar.
A CDU tem margem de crescimento e pode vir a constituir-se com um grupo parlamentar.
Se houver uma coligação de partidos pequenos, com JPP, PND, BE e PTP, é provável que caiam ainda mais em descrédito.
Confio que o futuro PSD reedite uma maioria absoluta.

Anónimo disse...

Cuidado com as capelinhas que se está a montar dentro do PSD. Esta estratégia de muitos candidatos, de dizer mal de um ou dois é a estratégia mais certa para ganhar outra vez o PSD. Abram os olhos senão vai ser bem pior.

Anónimo disse...

Cuidado com as capelinhas que se está a montar dentro do PSD. Esta estratégia de muitos candidatos, de dizer mal de um ou dois é a estratégia mais certa para ganhar outra vez o PSD. Abram os olhos senão vai ser bem pior.

Eu, o Santo disse...

Neste momento a oposição não tem candidato. Ou arranja um ou perde. Um individuo que venha debfora dos aparelhos partidarios, com competencia, que conheça a Administracao publica, com imagem jovem e forte, e que tenha combatido o jardinismo. Com um candidato destes, a oposição tem hipóteses.

Anónimo disse...

Esse indivíduo (s) já está no PSD. Ninguém vai dar a cara por tão fraca oposição. Só o Maximiano ou o Carlos Pereira que são super ambiciosos. Mas isso ia dar reviravolta lá dentro e 3 meses agora são favoráveis ao PSD. E se Miguel Albuquerque conseguir o fim do plano de austeridade tem 80%....

Anónimo disse...

Artigo muito bem comentado. Parabéns ao autor. A oposição viu fumo na casa do vizinho (PSD) e ficou feliz, pensou que era um incêndio e que tudo viraria escombros - enganaram-se, o fumo era de uma espetadinha, com milho frito e salada ! Soube bem !
Agora o PSD está mais forte é verdade seja dita, e depois de um ano de mandatos autárquicos em que o PS do Vitor está a mandar é quem dita as leis do jogo, nunca mais este partido ganha na Madeira, a ganância do poder cegou-os.

Anónimo disse...

Roberto Vieira acha-se o novo Edgar Silva , vai ter a maior derrota da sua vida

MPT não é partido para andar ladrando como um comunista