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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

OPINIÃO






SAINDO DE FININHO

Tendo terminado recentemente o Programa de Assistência Financeira a Portugal, durante algum tempo esteve aberta a discussão quanto à forma de sairmos de tal tormento que, em boa verdade, e não obstante as dificuldades que nos fizeram (fazem) passar, livrou-nos da bancarrota, pelo menos por agora. Claro está que temos de pagar a conta, conforme acordado!
Sem querer carpir mágoas que a todos nos atingem, e até porque não tenho vocação de carpideira, sou daqueles que acham que tal programa era (foi) indispensável, talvez pecando por tardia, quer a sua negociação quer a sua implementação.
Agora que o mesmo chegou ao fim (será mesmo?), não podemos esquecer que houve defensores duma chamada saída limpa – julgo eu que deverá ser do tipo saída de praia, frescos e prontos para se estirar ao Sol, porque daqui por uns anos voltamos ao mesmo - e outros, mais conscienciosos provavelmente, preferiam uma saída cautelar, isto é, com muitos cuidados, não fosse o diabo tecê-las e num ápice deitar tudo por água abaixo, mandando às malvas todos os sacrifícios que foram feitos por todos nós. 
Em qualquer dos casos, esteve sempre subjacente que tínhamos de pagar a conta, pelo que foi imperioso efectuar um plano de amortizações para regularizar os empréstimos que nos foram feitos e que nós, tão sabiamente, soubemos utilizar em vários devaneios.
Mas, existem outros por esse mundo fora, que não se deixando amedrontar (ou será que estavam tão endividados que não havia volta a dar?), preferiram enfrentar os ditos poderosos da Europa, trocando-lhes as voltas, ameaçando pôr esta malta toda Grega! Claro está que não vão pagar a conta e a ver vamos o que é que isto dá; mas, para consumo interno lá deles e por agora, não há duvidas que a estratégia resultou.
Cá por mim, vivendo o que já vivi e tendo frequentado muitas festas, sobretudo aquelas da minha juventude que se faziam em garagens, sou um incondicional adepto da saída à Francesa – também conhecida por saída de fininho - muito praticada quando queremos abandonar um evento sem querer dar nas vistas nem perturbar o dono da casa. 
Esta opção, em vez de recorrerem a manobras popularuchas, se fosse tomada pelos Gregos, sempre era mais discreta e escusavam de andar no meio da rua a fazer figuras tristes, que em nada contribuem para a sua boa imagem, se é que ela ainda existe. 
Mas, o que é surpreendente, é que são tomados por heróis, porque não podem (ou não querem) pagar o que já consumiram! 
Bom, se a moda pega por cá, estou a ver muitos bancos a arderem com os seus créditos, o que nalguns casos até nem me causava grande repulsa.

Eduardo Abreu

4 comentários:

Rui Emanuel Pereira de Freitas disse...

Eu sou grego.
E se de repente os sulistas europeus deixassem de serem “Charlie” e passassem a serem gregos. Será isso verosímil? Hummmm …Penso que (ainda) não!
As recentes eleições na Grécia deram a vitória a uma organização política tida como da esquerda radical (seja lá isso o que for). Mais importante do que a catalogação do Syriza, é saber retirar da opção grega a leitura política que se impõe: numa Europa que diz querer rejeitar qualquer tipo de radicalismo (religioso, político ou outro) e que se vê agora confrontada com uma Grécia protagonista de uma política de cariz radical, dá que pensar e requer cuidados especiais de análise. Enfim, há duas semanas atrás repudiávamos radicalismos e todos éramos “Charlie”
Estou convencido que o voto radical dos gregos não é um voto ideológico mas sim um voto de protesto, um voto que traduz um “Basta!” na submissão aos fortes, poderosos (e ricos) predadores do norte europeu.
Será que a nação grega caiu na esparrela de um populismo barato, ou será que acreditou convictamente que é possível acabar com a austeridade e ganhar a soberania sem sair da União Europeia e Zona Euro?
A soberania é coisa que os países, ou melhor os Estados Membros, abdicaram há muito a troco dos fáceis Euros oriundos dos parceiros contribuintes líquidos. Nessa bebedeira de aparente abundância a Grécia, tal como Portugal, Espanha e outros “sulistas”, de uma forma mais ou menos irresponsável deixaram-se levar para uma dívida pública com contornos surreais.
E é isso. O cerne da questão são as dívidas soberanas e as espectativas do seu pagamento. Isto é, é uma simples questão de se ter ou não dinheiro! E a Grécia não o tem. Por isso Tsipras clama por um imediato perdão parcial da dívida grega ao mesmo tempo que exige a manutenção do financiamento europeu. Só que agora, não é apenas o sector privado a arcar com o ónus do perdão (tal como aconteceu no primeiro perdão de cerca de 100 mil milhões de euros e que levou à rutura de parte do sistema financeiro europeu com especial relevo para o Chipre). Um novo perdão da dívida grega será feito à custa do orçamento dos outros Estados Membro incluindo Portugal, Espanha, Itália e França.
Será que, para satisfazer a Grécia de Tsipras e a sua idílica luta anti austeridade, estarão os restantes povos europeus dispostos a financiar o estado helénico e a exibir publicamente e com orgulho o cartaz “Je suis Grec” ou (se o Google Translator não se enganar) “Είμαι ελληνικά”?
O tempo o dirá.
Rui Pereira de Freitas
www.francelho.blogspot.com

paulo disse...

Pois, somos muinto bonzinhos e cumpridores, mas a custa do povo, de impostos e mais impostos e menores salarios. Para quando a reforma do Estado, reduzir mordomias, julgar quem esconde divida, isto fica para mais tarde, muinto mais tarde, fizeram o mais facil empobreceram o Pais, estam a pagar divida, fazendo mais divida e reformas nada, assim e uma questao de anos a termos de volta a Troika.

Anónimo disse...

A Reforma do Estado não está feita. Essas mordomias de secretárias, adjuntos, carros, motoristas, empresas de assessoria, empresas que se substituem a funcionários publicos ( também aqui na Madeira ), redução de deputados , pensões dos políticos iguais aos restantes escravos, etc, etc, . Tudo isto merecia uma mudança à Grega e então o povo ia compreender melhor a austeridade que seria para todos, em especial para a classe superior.

Eu, o Santo disse...

Concordo na generalidade com o Anónimo das 11:46