PORTO SANTO

AMBIENTE NA CÂMARA DE MAL A PIOR

Continua particularmente desagradável a convivência entre os eleitos pelas diferentes forças partidárias para protagonizar a vida municipal porto-santense. 

A pretérita reunião pública de câmara, quinta-feira passada, prova bem que, em vez de atenuar, a situação piora gradualmente.

Com munícipes dentro da sala para seguir os trabalhos, o pandemónio começou logo no período antes da ordem do dia.

O presidente socialista Filipe Menezes e o vereador social-democrata Nuno Baptista envolveram-se numa discussão acalorada, com recurso aos mais desencontrados argumentos.

No decorrer dos inflamados trabalhos, Baptista acusou Menezes de, antes das eleições autárquicas, ter prometido soluções para todos os problemas do Porto Santo. Ora, há por exemplo, nesta fase, uma gritante falta de transportes que impede os locais de sair da ilha e ao mesmo tempo causa grave prejuízo ao turismo, fazendo definhar o comércio - enquanto o presidente da câmara, em vez de estudar soluções, prefere limitar-se ao combate com os seus adversários dentro da câmara.

O presidente respondeu à letra. 

Pouco depois, abordou a assembleia geral da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo (SDPS) realizada uns dias atrás no Funchal.

Filipe Menezes oficiou a presidente do conselho de administração da SDPS no sentido de acrescentar alguns pontos à ordem de trabalhos dessa reunião. Maria João Monte respondeu também por ofício, informando que a assembleia geral admitia a discussão desses pontos sugeridos pelo autarca. Só que, no dia da assembleia geral, Menezes, que viajara do Porto Santo de véspera, alegadamente para presenciar o Marítimo-Nacional para a Taça de Portugal, não compareceu à referida reunião.

E, segundo deixou transparecer agora no plenário de vereação, quinta-feira, esperava que aquela reunião da AG da SDPS fosse adiada, por força da sua ausência.

Como isso não aconteceu, Filipe Menezes meteu no enredo Roberto Silva, presidente da assembleia municipal, que participou nos trabalhos da Sociedade de Desenvolvimento. No entendimento de Menezes, cabe a Roberto prestar contas de uma injecção de capital na SDPS, operada, segundo ele, nas costas da câmara do Porto Santo.   

Menezes atribuiu mesmo as culpas do mau funcionamento da Sociedade de Desenvolvimento, não apenas ao adversário político Roberto Silva, mas também ao que considerou "negócios de Luísa e Góis Mendonça" com a dita sociedade.

Presentes na reunião de quinta-feira passada contam-nos que o presidente da câmara narrou um caso de graves ameaças que ouviu pela voz da presidente do conselho de administração da Sociedade de Desenvolvimento. Maria João Monte, depois de ter falado com o próprio Menezes, esqueceu-se de desligar o telemóvel e o autarca pôde então ouvi-la formular ameaças  contra ele, falando na ocasião com uma pessoa que ele, Menezes, percebeu tratar-se de Roberto Silva.

O presidente da câmara assegurou em plena reunião municipal que entregou esse caso à Polícia, para investigação, já que percebeu no telefonema estarem em perigo familiares seus e o seu automóvel. Tudo ao estilo da máfia italiana - acusou Menezes, segundo as nossas fontes.

Em matéria de queixas, o autarca porto-santense também informou a audiência na quinta-feira de que irá mandar investigar o escritório dos advogados Coito Pita e Tranquada Gomes, na sequência do trabalho desenvolvido no âmbito do processo do júri para um famoso concurso interno camarário.

Também há muitas queixas contra o comportamento do presidente na reunião da semana passada. Menezes terá feito referências antipáticas a Fernando Baptista (PS), pai do vereador Nuno Baptista (PSD). E o nome da vice da câmara, Marisa Maia, não saiu melhor tratado, apesar de ausente da reunião, com baixa de maternidade. De más relações com o presidente, Marisa proferiu declarações na imprensa que lhe desagradaram a ele. E ele, Filipe, não se inibiu agora de a classificar como 'falsa, sem carácter e sem personalidade'. Mas aqui o presidente até foi apoiado pelo substituto de Marisa na vice-presidência. Carlos Melim, empreiteiro, chamou-a 'desprezível', uma pessoa que, com ele, 'não serve nem para limpar o lixo da obra'.

Os trabalhos não terminaram sem que Filipe Menezes ameaçasse com mais processos a interpor em tribunal, dirigidos a vários alvos.

Neste pé se encontra o quotidiano municipal do Porto Santo. Radicalismos partidários que não ajudam nada na resolução dos problemas que retêm a ilha numa crise muitíssimo grave.