CLASSROOM
Gil Canha
Tinha um familiar,
que nos anos cinquenta do século passado, ofereceu à Câmara Municipal da Ponta
do Sol uma ambulância completamente equipada. Na altura, a falta de transporte
de doentes era um verdadeiro drama e muita gente morria por falta de meios de
socorro. Mas essa doação não tinha só
esse objetivo, segundo esse meu familiar, muitos emigrantes voltavam
enriquecidos para a sua terra, e a primeira coisa que faziam era despender
avultadas fortunas em festas religiosas acompanhadas com massiva pirotecnia,
aliás, chegou a haver rivalidades entre freguesias para ver qual dos festeiros
dava mais fogo ou aquele que mais carne de vaca oferecia, etc... Ora “eu fiz esta doação, para ver se me
imitavam e deixavam de abrasar dinheiro em coisas tontas”, justificou esse meu
familiar com mágoa, pois posteriormente nunca ninguém lhe seguiu o exemplo.
Apesar de uma
ambulância nesses tempos custar uma pequena fortuna (dava para comprar uma bela
moradia no Funchal), o meu familiar sempre recusou qualquer benesse, honraria
ou prebenda pública como paga da sua desinteressada dádiva e nunca andou em
bicos de pés, para lhe darem o seu nome a um beco ou rua, e defendia que, “uma pessoa que dá uma coisa por generosidade
não deve pedir nada em troca”, e anos mais tarde, quando se deu a terrível
tragédia no Estado de Vargas, na Venezuela, esse meu familiar fez logo uma transferência
monetária avultadíssima para a organização do Padre Alexandre Mendonça comprar
tendas e camas para abrigar as pessoas que tinham perdido tudo. (Foi a primeira
ajuda de Portugal a chegar à Venezuela).
E, além destes
auxílios, sempre ajudou monetariamente as instituições do Concelho da Ponta do
Sol sem nunca fazer publicidade dos seus gestos, fato que sempre honramos.
Tanto que, apesar desse meu familiar ter morrido há dezassete anos, ainda hoje
respeito a sua vontade, e por isso, não o identifico.
E fui buscar este exemplo, porque tive conhecimento
pela comunicação social que o Grupo Sousa fez uma generosa doação à Escola
Secundária Jaime Moniz, e em “troca”, a escola deu o nome duma sala ao
administrador do Grupo. Mas daí também não vem mal nenhum ao Mundo, e até se aceita
estas vãs vaidades que os homens fazem para perpetuar o seu
nome. Os gatafunhos pintados nas grutas
de Lascaux; os registos em escrita cuneiforme gravados nos templos da Suméria,
por barbeiros; o nome dum centurião romano, do tempo de Caracala, gravado numa
coluna dum templo egípcio, em Luxor, ou dum pajem de Roland, que cinzelou o seu
apelido franco no granito do vale de Roncesvales ; os nomes dos Tercios de Francisco Pizarro
gravados nas pedras da velha Cusco, no Peru, ou do cozinheiro da nau do
corsário Francis Drake, gravado na praça de armas de Cartagena da las Índias; do
carpinteiro do exército dos Estados Confederados do Sul, que gravou na rocha de
Gettysburg, o nome de toda a sua família; dum cabo de artilharia da Grande
Guerra, que antes de morrer nos alpes italianos, fez um burilado magnífico do
seu apelido, nas duras rochas dos Dolomites;
a casa onde Pablo Escobar se
refugiou nos seus últimos dias, um grande benemérito dos bairros pobres de
Medellín, a polícia encontrou o nome
“Pablo” gravado nas traves da cama, outros exemplos há por aí; uns rabiscam os
seus nomes nas cascas de árvores, nas paredes dos monumentos, nas celas dos
conventos ou nas paredes das toiletes, outros ainda, pintam coloridos grafites
nas ruas das nossas urbes, enfim… é tudo um esforço do homem comum para ganhar
o seu modesto cantinho no honorável quadro da imortalidade.
Assim, como se viu, a
nossa espécie, que no reino animal é a única que existencialmente se reconhece
finita, ambiciona, contudo, perpetuar o seu nome até o infinito. Daí aceitarmos
estas pequenas futilidades da condição humana. Mas, o que não podemos aceitar
de maneira alguma, é que uma escola, um estabelecimento de ensino com os
pergaminhos do velho Liceu, um local onde se ensina a nossa língua pátria,
aparece um nome inglesado como: – Luís
Miguel Sousa Classroom. (Já nos
bastava o Brava Valley, o Mudas Bus, o Madeira Interactive Technologies
Institute, e outras foleiradas saloias do regime jardino-albuquerquista),
E já agora, que é
tão fino, tão da moda, tão cosmopolita usar termos em inglês, eu cá para mim
isto são tudo coisas de um bando de “Hillbilly”, ou de “Okies”, como tão bem
descreveu Jack Kerouac., e que o nosso povo, na sua infinita sabedoria,
denominou de VILOADA.
30 comentários:
Sim, nada tem de mal essa vaidade, em ter o nome, e que seja feita publicidade disso. Pagou, deram-lhe o nome.
Agora, esse inglesismo do "classeroom" em vez de sala de aula é que é foleiro à brava. Dispensava-se.
Já não nos basta o que os ingleses exploraram e roubaram na Madeira, e ainda temos que levar com estas foleirices.
Nem mais!
O saudoso Sr. Luis Canha ofereceu uma ambulância aos BVPS nos anos 60 do sec. passado, ao serviço das populações da Ponta do Sol...é sempre bom relembrar às novas gerações. Ainda parece que estou a ver a ww creme circulando por aí. Bem haja Sr. LUIS, GRANDE HOMEM!
Bravo Gil Canha
Esse Senhor realmente era um Grande Homem e discreto.
Fumava o seu charuto e na Nau Sem Rumo, mas também oferecia um a um Amigo
Bem Haja...
Que descanse em Paz
Acho engraçado algumas semelhanças com outras salas e museus por esse mundo fora. Na cidade de Medílin na Colombia também há a sala Paulo Escobar e um museu com o seu nome. No México na cidade de Sinaloa, há a sala Joaquím Guzman, mais conhecido por El Chapo. Na cidade de Chicago no Estados Unidos também há a sala Al Capone. Estas três personagens têm em comum terem uma riqueza descomunal à custa dasdesgraça dos outros! Há concidências do arco da velha!
O Presidente de Câmara da P. Sol era o sr. Cabrita e o sr. Luis C. ofereceu a ambulância e ele ficou espantado, penso que em 1955 ou 56.Já não à homens desses agora são tudo uns lambuzas.
Os vilões não estão no campo eles estão no Governo e nas empresas monopolistas , e no liceu.
A senhora da administração do liceu e demais professores não dizem nada desta pouca vergonha????????? Os nossos filhos estão bem entregues?!
A História não deve apagada. Deve ser aprendida.
Mas, crápulas benfeitores, está o mundo cheio.
Sugiro ao Museu Madame Tussauds que comece já a produzir uma figura de cera do LMS e que a desvele ao mundo a partir da sua sede em Londres e que faça um roteiro mundial pelas suas filiais, desde Londres a Tóquio...
Acho tudo muito interessante... Mas doravante, e uma vez que esse é um termo técnico muito utilizado nestes escritos, julgo que a palavra "viloada" deveria ser sempre escrita com LH (lendo-se "lhe"), ou seja, "vilhoada", de "vilhão", que é como se diz na Madeira, e não "vilão", com apenas um L, que tem um sentido completamente diferente (pois na Madeira é tudo corrido com "lh": aquilho, quilhómetros, filhipinas, etc.)
Enfim, isto não é nenhuma lição de português, mas acho que era mais genuíno e correto, para o fim em vista,
escrever-se VILHOADA...
Na verdade, essa do "classroom" é do caraças, é mesmo a vilhoada fina no seu melhor!
Tendo em conta que a orografia da Madeira muito semelhante a da Virgínia Ocidental, ainda ficas surpreendido com o facto de haver "Hillbillys" nesta terra...
Já agora...para quando um monumento ao fugitivo. ^"Vocês sabem de quem estou a falar".
23.38,
Vão dizer o quê?
O homem pagou, e deram-lhe o nome à sala. O que deviam fazer? Não aceitar o equipamento que ele pagou?
Então chega-te à frente e paga tu.
O das 09.08 quando comia na gamela não tinha esses pruridos.
Todos os produtos que entram e saem da Madeira,são muito mais caros por causa deste grupo dos portos. Este grupo serve de bloqueio ao desenvolvimento, crescimento e bem estar dos Madeirenses, e vocês ainda se põe a escrever acerca duns trocos que eles deram para uma sala(marketing) .Fantastico!
O "professor" de português das 10;50 tem de saber o seguinte: vilão é o termo certo embora na Madeira a malta diga "Vilhão", é um regionalismo, uma expressão idiomática, mas no português correto, é VILÃO!
O sr. Luis, pai do Gil era boa pessoa o filho não presta está sempre a dizer mal dos nossos Ladrões!..........
O caso da Francisco Franco é bem mais grave: além da ilegalidade da direção (já punida pelos tribunais, mas sem demissões até agora), a escola vendeu-se por tuta e meia e também recebeu dinheiro do grupo sousa.
Então o porta-vilhões tem agora uma sala com o nome do negreiro que chupa a vilhoada.
Bom exemplo o do Sr que ofereceu a ambulância à população. Grande Senhor.Conheço outros beneméritos que discretamente têm ajudado as pessoas a aliviar as agruras da vida.Não gostei de saber que o Liceu, por 40 mil euros, deu o nome do Sr à sala.
Tenho um ladrão que me rouba galinhas. Gostava de dar o nome dele um quarto de arrumos do Liceu. Pode ser?
O Barrete do CDS vai dar o nome da Pedra a uma sala do GR: Janitor-room
A vilhoada albuquerquista adora dar nomes ingleses às coisas. Os nossos broquilhas são muito criativos.
Foi engraçado ver o diário dos sousas fazer uma entrevista à srª directora do Liceu para justificar (branquear) o apoio à "classeroom" Luís Miguel de Sousa. Como é divertido ver o pessoal atingido pelo artigo do drº Gil Canha a "lamber as feridas" depois do porradão aos vilões da cidade, que arranjam nomes pomposos para mostrar a sua "viloada genética" apesar de alguns carregarem o Dr. no lombo! Já diz o povo na sua infinita sabedoria que um burro carregado de livros é doutor.
Muito bem o VILÃO das 15.06 !!!!
lol anónimo das 15:24
22.36,
Se tu pagares bem, até o nome do ginásio lhe podem dar.
Mas quem passa por otário serás tu. Então deixas que ele te roube as galinhas?
O Avelino não tem também sala com o nome dele? E a Isabel dos Santos, a Profra. do liceu não quer dinheiro de Angola?
Verdade...verdadinha... uma terra de tontos que comem tudo.
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