JOSÉ MANUEL RODRIGUES TENTA CONVENCER JARDIM A IR EMBORA
Se não seguir já o conselho do PP, 'Meio Chefe' será obrigado a deixar estas cavalarias daqui a dois anos. (Foto JM) |
O presidente do PP-M apresentou, hoje, último dia do debate orçamental, uma intervenção pedindo ao ainda chefe do governo regional que se demita. No entender de José Manuel Rodrigues, o presidente Jardim decididamente transformou-se de solução em problema.
"Saia porque ainda vai a tempo de não cair para o rodapé das páginas da História da Madeira", aconselhou o líder dos populares madeirenses.
Publicamos na 'Fénix' a intervenção do chefe popular, a última dos oradores oposicionistas na sessão desta manhã.
"Longe vão os tempos em que o Governo Regional do PSD vinha a este Parlamento apresentar Orçamentos irrealistas com receitas empoladas e despesas subavaliadas que descambavam, inevitavelmente, em défices e contas desequilibradas.
Longe vão os tempos em que o Governo
Regional do PSD trazia a este Parlamento Orçamentos onde prometia tudo a todos
e com planos de investimentos com obras faraónicas e desnecessárias como
marinas, piscinas, campos de futebol e centros cívicos e edifícios públicos.
Longe vão os tempos em que o CDS era
acusado de ser contra o progresso, apenas e só, porque alertava que o Governo
estava gastar mais do que os madeirenses produziam e que as dívidas de hoje
eram os impostos de amanhã.
Longe vão os tempos em que nos chamavam de indigentes, apenas
porque avisávamos que o modelo de desenvolvimento estava esgotado e senão
mudasse iria provocar recessão económica e desemprego.
Longe vão os tempos em que nos
rotulavam de profetas da desgraça, tão somente, porque denunciávamos que o
caminho seguido ia terminar numa encruzilhada de problemas.
Com este Orçamento, os madeirenses e
portosantenses começam a pagar caro, muito caro, os últimos anos loucos da
governação do PSD e da exuberância irracional dos seus investimentos
megalómanos e fantasiados.
Senão vejamos: quase metade deste
Orçamento vai para o pagamento de dívidas e compromissos financeiros, assumidos
irresponsavelmente. O pagamento da dívida à banca, no próximo ano, consome já
metade dos impostos que serão pagos em 2013 pelas famílias e empresas da
Região. Por outro lado, as famigeradas parcerias público-privadas como a
Vialitoral e a Viaexpresso levam 127 milhões de euros. E é bom que os cidadãos
saibam os números deste negócio ruinoso celebrado pelos Governos Regionais do
PSD com as construtoras e com os bancos. Vamos aos números:
Entre 2000 e 2004, a Região recebeu
pelas concessões das duas vias rápidas, 574 milhões de euros. A verdade é que
até hoje, os contribuintes madeirenses já pagaram 770 milhões e até 2029
teremos que desembolsar mais 1900 milhões de euros. Por aqui se vê como a nossa
terra foi governada ou melhor desgovernada. A Região vai pagar cinco vezes mais
do que recebeu pela concessão das vias rápidas e mais, pagamos a circulação a
dobrar uma vez que o Imposto sobre os combustíveis subiu este ano na Região, 15
por cento para fazer face aos compromissos deste ruinoso negócio.
É por estas e por outras que a
Madeira tem a mais alta carga fiscal do país; é por estas e por outras que, por
cada cem euros de impostos pagos pelos madeirenses, cinquenta e cinco são para
pagar dívidas no próximo ano.
A dívida abençoada, proclamada pelo
Governo Regional é afinal uma pesada canga que está a sobrecarregar as famílias
e empresas da Madeira e do Porto Santo.
Como é que a Região chegou aqui
depois de um período assinalável de desenvolvimento e de crescimento económico
e social?
O CDS reconhece que, numa primeira fase da Autonomia, a governação respondeu e bem às necessidades básicas das populações, construindo estradas, estendendo a eletricidade e a água ao território, levando a educação e a saúde a todas as partes da ilha e melhorando as condições de vida dos madeirenses e portosantenses, tudo isto com meios financeiros regionais e apoios nacionais e europeus. O problema veio depois, na viragem do século, quando o Governo deslumbrado continuou a apostar num modelo de desenvolvimento assente no investimento e obras públicas, algumas sem qualquer utilidade ou retorno económico e social, muitas agora encerradas, e financiadas por recurso a dividas bancárias e a dividas comerciais a empresas e fornecedores privados. Foi por isso que a divida global, a conhecida e a oculta, atingiu a monstruosidade de 6,5 mil milhões de euros e foi por isso que a Região, fechada a torneira do endividamento, teve que pedir um humilhante Plano de Resgate ao Estado.
A responsabilidade do que estamos a
passar não é portanto da República, da maçonaria, da Opus Dei ou de uma conjura
da trilateral, a culpa é do Governo Regional do PSD que criou a dívida,
esbanjou dinheiros públicos e desprezou a produção regional e os sectores
produtivos como o Turismo, o Comércio, a Indústria, a Agricultura, a Pecuária,
as Pescas, que criam riqueza e emprego. E para agravar, ainda mais, a situação,
o Governo foi acumulando dívidas às empresas e fornecedores num valor superior
a dois mil milhões de euros, o que provocou a falência de muitas sociedades e a
perda de postos de trabalho.
O Governo Regional julgou, para mal
dos nossos pecados e para desgraça dos nossos rendimentos, que o período do
dinheiro barato e sem fim, da economia pública assente na construção civil e no
consumo, era eterno e que a factura desta festança nunca chegaria. Chegou e
veio recheada de exigências, de impostos e de sacrifícios que estão à vista de
todos. E chegou não porque outros impusessem, mas porque o Governo Regional
levou a Madeira a um tal estado de necessidade que negociou o Plano de
Ajustamento com a corda na garganta. Não fora a dívida e não precisávamos do
Estado e da Troika para nada.
E qual é hoje o estado da
Região?
A nossa Autonomia, uma conquista de
gerações, está hoje hipotecada ao Estado
Central pelo Plano de Ajustamento Financeiro subscrito pelo Governo Regional;
as nossas finanças públicas estão desequilibradas e temos uma divida pública
que compromete o presente e o futuro da Região; os investimentos público e
privado caíram a pique com repercussões na economia que atravessa a maior recessão
desde 1974; o Turismo tem baixas taxas de ocupação e reduzidas receitas; os
outros sectores produtivos agonizam perante a pressão fiscal e as dívidas do
sector público; as falências crescem dia a dia; o desemprego bate recordes e
atinge 25 mil madeirenses, penalizando fortemente os jovens; a emigração voltou
e em força, separando casais e famílias; a pobreza e a exclusão atingem já a
classe média; a fome voltou a entrar em muitas casas da Madeira e do Porto
Santo.
Sr. Presidente do Governo. Agora é
consigo. Cara a cara olhos nos olhos.
Durante muitos anos, o Sr., justa ou
injustamente, foi visto como insubstituível e imprescindível na governação da
Madeira. Mas hoje os madeirenses vêem-no como um problema e um embaraço.
Permita-me dizer-lhe isto, pois é o
que sinto e oiço, não apenas da voz de milhares de madeirenses, mas da boca de
muitos dirigentes e militantes do seu partido.
Lembro-lhe que já nas últimas
eleições mais de metade dos madeirenses não confiaram na sua pessoa para
governar a Madeira e que agora até metade dos militantes do PSD não acredita na
sua liderança. É triste para si? É, mas saiba que V. Exa. só pode queixar-se de
si próprio e da sua teimosia e arrogância. O senhor Poderia ter saído pela
porta grande e agora, corre o sério risco de ser empurrado pela janela.
Tudo na vida tem um tempo e o seu já
passou. O mundo mudou. Muda todos os dias, o senhor não. O senhor é um
governante do século XX, do século passado e já vamos no ano 12 do século XXI.
Deveria, também, ter percebido a máxima latina “Sic Transit Glória Mundi” –
Assim passa a Glória do Mundo.
Sr. Presidente! Meta a mão na consciência e reflicta
sobre a sua governação. Pense no passado
e no bom que fez pela Madeira, mas pense, sobretudo, no mal que nos anos
recentes e no presente está a fazer aos madeirenses. O senhor é hoje um factor
de divisão entre os madeirenses e hoje o que precisamos é de união entre todos
para vencer esta crise.
Faça um último e bom serviço à Madeira:
SAIA, retire-se e dê lugar à renovação, à criatividade, à imaginação.
Recorde-se da frase de John Kennedy:
“A mudança é a lei da vida. Aqueles que apenas olham para o passado ou para o
presente irão com certeza perder o futuro”.
Acredite que do ponto de vista
pessoal nada me move contra si e desejo-lhe muitos anos de vida.
Acredite que o desafio que lhe fiz é
para seu bem e é, sobretudo, para bem da Madeira.
Outros, como alguns dirigentes, do
seu partido prometeram-lhe lealdade e na hora do voto traíram a sua confiança.
Não se esqueça da frase de Winston
Churchill quando afirmou que os que tinha pela frente eram adversários e que
alguns dos que se sentavam ao seu lado é que eram reais inimigos.
Da minha parte sempre fui seu
adversário, com respeito e educação, é por isso que estou à vontade para lhe
dizer o que muitos pensam mas têm medo de dizer.
O Sr. já foi a solução. Hoje é o
problema. Saia porque ainda vai a tempo de não cair para o rodapé das páginas
da História da Madeira.
Em Democracia há sempre Alternativa e
tem que haver Esperança.
O tempo de governar a gastar acabou.
O tempo é de governar a poupar.
É verdade que vivemos uma situação
trágica e que o caminho que temos pela frente é feito de pedras. Mas, também, é
verdade que a História diz-nos que sempre que a Madeira passou por graves
dificuldades, houve uma geração que se ergueu, enfrentou os desafios e superou
obstáculos, conduzindo a nossa terra a novos períodos de prosperidade. Assim,
como é igualmente verdade que o problema não se resolve dentro do sistema, do
partido ou do Governo que o criou. É por isso que reafirmo em nome do CDS a
proposta de substituição deste Governo do PSD por um Governo de Emergência
Regional, formado pelos melhores quadros da sociedade madeirense, sem a
presença dos líderes partidários, mas com o apoio parlamentar do PSD do CDS, do
PS e de outras forças políticas.
A situação é tão difícil e de
excepção que merece uma solução diferente e excepção.
Um Governo de Emergência Regional com
objectivos muito concretos:
-
Resgatar a Autonomia da Madeira sequestrada no
terreiro do Paço;
- Recuperar a credibilidade da Região perante as instancias nacionais e europeias;
-
Renegociar com o Estado o Plano de Ajustamento
Financeiro, nomeadamente os empréstimos, os prazos, as taxas de juro e as
condições da aplicação;
-
Conseguir maior autonomia fiscal e um regime
mais favorável para o Centro Internacional de Negócios;
-
Reformar a administração pública regional e
reduzir o sector público empresarial;
-
Baixar a despesa pública e acabar com os
esbanjamentos e desperdícios orçamentais ;
-
Regularizar rapidamente as dívidas do Governo e
de outras entidades públicas às empresas privadas dos fornecedores e pagar a
tempo e horas os novos compromissos;
-
Redução gradual dos impostos para dar poder de
compra às famílias e dar competitividade às empresas;
-
Recuperar a economia regional, através da
canalização dos apoios financeiros europeus para os sectores produtivos,
aumentando a produção e reduzir importações;
-
Apostar, decisivamente, no Turismo como motor de
recuperação da economia e alavanca dos outros sectores, por via do reforço da
promoção e da valorização do destino que conduza a um crescimento do número de
turistas e a um aumento das receitas;
-
Nova política de transportes aéreos e marítimos
e de gestão de aeroportos e portos para dinamizar o turismo e fazer baixar os
custos das empresas;
-
Racionalização e não racionamento dos serviços
de saúde, potenciando a complementaridade entre sector público e privado, com o
objectivo de melhorar prestação de cuidados de saúde aos utentes;
-
Novo sistema educativo que favoreça e premeie o
mérito e a competência e que qualifique para a vida activa e melhore os
resultados dos nossos alunos;
-
Cooperar com a Universidade da Madeira
tornando-a o grande pólo de excelência da investigação, da inovação e do
conhecimento e ligando a instituição ao mundo empresarial e à economia;
-
Nova política de redistribuição de rendimentos,
corrigindo por via fiscal e das prestações sociais, as profundas desigualdades
sociais existentes na nossa comunidade;
-
Finalmente, mas muito importante, pacificar a
sociedade madeirense, extremada em radicalismos estéreis e unir os cidadãos em
torno de um projecto de renovação e recuperação da Região.
Estes são os desafios que podem e
devem ser vencidos pela governação regional nos próximos anos.
O declínio da Madeira não é uma
fatalidade. É verdade que por agora temos um Governo passivo, acomodado e
resignado, mas o nosso povo é bem melhor que o Governo que temos. É por isso
que apesar de todas as dificuldades, o CDS tem esperança e tem fé no futuro. Juntas,
as pessoas comuns podem fazer coisas fora do comum.
Sabemos que temos uma longa batalha
pela frente, mas é bom lembrar que sejam quais forem os obstáculos que
encontrarmos no caminho, nada resiste à força de milhares de vozes que exigem
mudança.
Chegará o momento em que finalmente
derrotaremos a política do medo, do cinismo e do insulto, a política que nos
leva a deitar os outros abaixo em vez de levantarmos a nossa terra. Está a
chegar esse momento em que se pede às novas gerações que assumam responsabilidades
e deem a volta à situação.
Sejamos a geração que vai
reestruturar a economia e criar emprego. Que vai proteger os benefícios sociais
conquistados. Sejamos a geração que vai travar a degradação da qualidade do
ensino e dos serviços de saúde. Sejamos a geração que vai por fim à pobreza na
Madeira. Sejamos a geração que vai fazer o que ainda não foi feito. Sejamos a
geração que vai fazer com que as gerações futuras sintam orgulho do que fizemos
aqui. Sejamos a geração que vai devolver a esperança aos madeirenses. Sejamos a
geração que fará o povo da Madeira e do Porto Santo voltar acreditar no futuro
da Pérola do Atlântico."
Nota - Agradecemos ao PP o envio do texto de José Manuel Rodrigues.
4 comentários:
Caro Luís Calisto
Agora fiquei a perceber porque é que jogar bilhar com o CDS dá expulsão do PSD-M...
Caríssimo Coronel
Quando o sujeito se mete ao devaneio sobre a qualidade da tacada contrária, Cervantes levanta-se da tumba.
Mudava o meu pelotão de quartel no sul da Guiné.Os efectivos eram africanos. Descolá-los implicava levá-los bem como às mulheres, filhos e meios de apoio familiar. As emboscadas às colunas eram coisa frequente. Para ser rápida a coluna metade do trajecto era feito pela Cª. de destino a outra metade pela de origem. Encontravam-se a meio caminho e,aí,feito o transbordo do material e pessoas regressavam as viaturas aos seus quartéis. Umas mais "recheadas" com pessoas e material outras mais leves. Momento difícil era o do transbordo. Aí deu-se o episódio caricato. Um furriel de cavalaria perante a dificuldade da "bajuda" do Joãozinho balanta subir para o unimog levou-lhe as mãos à "bunda" e empurro-a para o carro Chegados ao destino lá estava a queixa do Joãozinho: era preciso empurrar Domingas? Furriel chama furriel da artilharia. Reedição do Joãozinho 44 anos depois, uns graus a Norte. Quer jogar bilhar? Joga na sua equipa! Tudo na defesa da liberdade da pessoa humana.
Muinto boa a intervencao,tudo verdade o que JMR disse, mas como dizia o outro palavras leva as o vento e eu nao confio no CDS/PP.
Enviar um comentário