REUNIÃO DE NOTÁVEIS PPD VAI SER GRAVADA

Barões comparecem, mas cheios de azia... 

Não parecem muito eufóricos, não.

Estão para o dianho os levar, salvo seja, os nomes sonantes do PPD-Madeira que sobem esta tarde a Santo António para discutir o futuro do partido.

"Um frete", disse-nos um 'peso pesado' da feira laranja, mal humorado, sem conseguir esconder o azedume por ter de acorrer à convocatória feira por um "miúdo". O "miúdo" é Jaime Filipe Ramos, encarregado pelo [Meio] Chefe Jardim de promover o debate daquilo que os responsáveis acham dever ser o futuro do PPD na Região.

Não se trata de indisposição contra Jaime Filipe, propriamente. Aborrece, sim, a forma encontrada por Jardim para desenvolver o processo que inventou, fazendo depender da geração mais nova os nomes com história consolidada. Barões conhecidos na praça, alguns deles considerados possíveis sucessores do actual líder - o líder dos líderes - a reflectir e a debater... sob a égide de um 'miúdo'!

Manuel António esconde-se a moderar...

Outro pormenor da jornada, a decorrer na Fundação Social Democrata, Santo António, e não no Centro de Exposições, Santa Quitéria, ao contrário do que aqui dissemos, consiste no papel distribuído a Manuel António: moderador, a meias com o ex-deputado nacional Carlos Rodrigues.

"Então ele (Manuel António) é o candidato do presidente à liderança, assumiu-se como tal, e vai ficar ali a dar a palavra a este e àquele, sem dizer o que pensa ser conveniente para o futuro do partido?!", abespinha-se um barão, secundado por outro com quem falámos depois. Com algum cinismo: "Na qualidade que tem de delfim do chefe, a opinião dele é a que mais interessa, ele é que deve dizer de sua justiça!"

O segundo barão reforça o estado de espírito desfavorável ao secretário do Ambiente. "Será que o homem afinal vai dar a sua opinião ou vai ficar calado? Ou está com medo de abrir a boca para não se queimar? Ou teria de dar a opinião segundo o pensamento do chefe e receia pôr a mesa toda a rir?"

Ambos os nossos interlocutores, com quem falámos em separado, coincidem: pôr Manuel António em moderador é um modo habilidoso de puxar pelos outros, para saber o que todos pensam, de modo a neutralizá-los quando for preciso, e poupando-se o jovem dos Canhas a uma exposição que poderia ser perigosa, atendendo à atmosfera que se respira à volta daquele barril de pólvora.

É que - terceira razão para o fel que indispõe os mais credenciados barões do laranjal -, cada qual terá de se cuidar com o que diz. As intervenções - afiançam-nos - serão gravadas, e ninguém sabe que uso terão. No mínimo, serão lembradas um dia e atiradas contra os seus autores.

Perante o nosso cepticismo quanto à gravação de um debate a decorrer fora dos ouvidos públicos, um dos barões contou que, numa anterior reunião de deputados do PPD, já Mafalda Costa filmou discretamente os elementos que usavam da palavra. 

O segundo interlocutor desfaz dúvidas: a reunião desta tarde será assumidamente gravada. Garantido!

Calcula-se facilmente a qualidade do ambiente mais logo, na Fundação. Mas a tensão cortante contará com outros ingredientes. Basta lembrar quem estará ali presente e os conflitos públicos actualmente dirimidos por eles, uns contra os outros: Paulo Fontes, Miguel de Sousa, Jaime Filipe, Manuel António, Miguel Albuquerque, Coito Pita, Cunha e Silva... Chega? Mas há mais.

O clima no PPD dos Netos é de tal maneira irrespirável que se, se pudessem participar, Victor Freitas, José Manuel Coelho e Baltasar Aguiar passariam despercebidos.