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sexta-feira, 4 de abril de 2014

4 DE ABRIL


GRITO DE REVOLTA NA MADEIRA
CONTRA O DESPOTISMO NACIONAL


Revolução em marcha no Funchal: tropa e povo sem medo!


O sábado de Aleluia, 4 de Abril de 1931, nasceu fresco e molhado. Um dia que o emergente político e ditador Salazar jamais iria esquecer. E jamais iria perdoar ao povo que apoiou com todas as forças o golpe revolucionário que derrubou as estruturas governativas e militares instaladas no Funchal para sustentar a ditadura que aproveitara o 28 de Maio de 1926 para lançar as suas fundações destruidoras sobre a dignidade lusitana.
Militares democratas e briosos, apoiados pelos deportados anti-Salazar e aclamados pela população insular em peso mantiveram a milhas a 'frota do carapau' (ou do bacalhau) que a Ditadura enviaria para manter a ilha sob um bloqueio que contou, é bom que se diga, com a colaboração de potências estrangeiras.
Claro que esses militares democratas e orgulhosos da farda e da bandeira verde-encarnada souberam cedo que o sonho acabaria numa inevitável derrota. Mas interessava resistir, porque resistir era debelar e abalar o regime fascista em construção acelerada.
A cobardia tomou conta dos activistas da Oposição que no Continente, nos Açores e nas províncias africanas, conforme acordado, deveriam corresponder de armas na mão à rebelião na Madeira. Os revoltosos ficaram isolados na ilha. Mas portaram-se com  valentia e dignidade, mau grado a superioridade das forças invasoras enviadas por Lisboa. O povo conservou também a sua bravura, mostrou destemor até à hora de se despedir dos rebeldes que eram metidos em porões escabrosos para uma viagem, talvez sem regresso, rumo ao degredo em África.
Quase nenhum, dos que regressaram à sua terra, teve um futuro normal, porque os adeptos salazaristas, bufos, oportunistas e subservientes, não deixaram. Mas os nomes desses valentes continuam gravados nos corações democratas.
Gabriel Pereira, oficial da Marinha, o único a entrar em acção fora da Madeira: prendeu o governador da Guiné e manteve a província durante algum tempo na posse da Revolução. Era pai do nosso estimado amigo Trigo Pereira.
Tenente Ernesto Machado, que estava doente na preparação da Revolta mas aderiu ainda combalido, assumindo com heroísmo as missões que lhe foram confiadas. Era avô de Miguel Albuquerque.
Tenente Hermano Zeferino Conceição, um dos dois oficiais que prenderam o governador do regime, José Maria de Freitas. Era pai da escultora Manuela Aranha.
E tantos outros que a História guarda.
Hoje, tornou-se hábito homenagearem os heróis de 1931, no 4 de Abril. Mas a hipocrisia campeia nas comemorações oficiais. 
Basta ver as origens e os anseios político-sociais de certos espécimes da praça para percebermos que, se fossem contemporâneos da Revolta, tentariam entregar militares e civis democratas aos campos de concentração que Salazar criou em África para o efeito.
Só não o fariam porque impedidos pela cobardia que patenteiam hoje, apesar do discurso em fala grossa, ridícula.

2 comentários:

Anónimo disse...

É caso para dizer que se não fossem os descendentes esses nomes não seriam lembrados! Outros que não tiveram tais descendentes e foram mais heróis ficam esquecidos...
Interessante seria conhecer os descendentes do regime para verificar se a cepa melhorou...

Só eu sei disse...

Ó anónimo, é ao contrário. Se não fossem esses heróis, os pato-bravos não eram lembrados.