JARDIM PRESIDENTE DEMISSIONÁRIO

A partir deste momento registado esta manhã em São Lourenço, há um governo de gestão. Foto GREGÓRIO CUNHA

O governo regional da Madeira encontra-se na situação de demissionário. O seu presidente, conforme anunciado, compareceu esta manhã no Palácio de São Lourenço para entregar o pedido de demissão ao representante da República.

Na Região, exerce agora um mero executivo de gestão, até à tomada de posse do governo regional a sair das eleições de Março-Abril.

A previsível abdicação de Jardim foi provocada pela situação interna do PSD-M, onde Miguel Albuquerque impôs uma mudança de chefia a título imediato, bem como a consequente antecipação de eleições regionais.

Depois de São Lourenço, o presidente demissionário deslocou-se ao parlamento, para se encontrar com Miguel Mendonça.

Duas observações - de forma - nesta manhã com cheiro a despedida.

Primeiro, a boa disposição, digna de um actor convincente, apresentada por Jardim. O 'mau perder' denunciado na pré-campanha e na campanha das internas no PSD, tentando desesperadamente convencer os militantes a não votarem em Albuquerque, esfumou-se como por encanto, a partir da entrevista concedida uns dias atrás à RTP. Por mais que a derrota lhe custe a esquecer, portou-se bem hoje.

Mas se, desse modo, foi evitada diante das câmaras nacionais de TV outra vergonha para a Madeira, a segunda observação - de forma - apresenta-se bem menos agradável. 

Na realidade, o agora presidente demissionário não parece satisfeito com a mentira grosseira que é insistir na tese de que planeou este modelo de sucessão. Ele não queria sair, agarrou-se à cadeira até ao limite, logo não planeou esta ou outra sucessão. Perdido por perdido, ele não desejava de modo nenhum que Miguel Albuquerque chegasse à liderança do PSD-M. E Albuquerque ganhou com uma daquelas unanimidades que... só ele, Jardim, nos seus velhos tempos. Ele sempre se disse contra a ideia de eleições antecipadas. Ora, em Março/Abril haverá eleições antecipadas.

Não satisfeito com esta mentira descarada, resolveu pregar outra partida, esta manhã: pediu desculpa se, por acaso, magoou alguém na sua carreira. Porque, fabulou com toda a descontracção, não teve intenção de magoar ninguém.

Ou seja, ele quer fazer crer que não sabe se magoou alguém. O que consiste em magoar à despedida, outra vez, os milhares de madeirenses a quem enxovalhou e arruinou psicologicamente nestes 40 anos. Ele magoa, no adeus, as dezenas de milhares de pessoas cuja vida influenciou, condicionou e prejudicou irremediavelmente, utilizando o poder que lhe caiu nas mãos. 

Tantos quadros, tantos jovens competentes jogados para a valeta da vida pública regional ou empurrados para fora da Madeira só pelo crime de, involuntariamente, causarem inveja naquela cabeça insegura! 

Quem teve armas para responder devidamente aos enxovalhos não se queixa. Pior ficou quem calou. E foram duas gerações. 

Passou. Outro calendário começa agora e se calhar o tempo não volta atrás. Esperemos.

PS - Custa comentar a incrível atoarda, repetida pela enésima vez esta manhã, de que Cristiano Ronaldo, nomeado para a Bola de Ouro a entregar precisamente hoje, é "um produto da política desportiva" do Laranjal. O moço saiu de cá com 11 anos e foi essa a sua sorte, propiciada por gente perspicaz que o encaminhou para Alcochete. A contribuição dele, Jardim, foi nem sequer pagar a estátua na Praça do Mar. Gastou milhões em tontices que marcam negativamente a 'Madeira Nova' e cortou-se quando devia chegar-se à frente.