PS-Madeira EXPLOSIVO

VICTOR ARRASA E AVISA

CONTESTATÁRIOS 

E VELHOS DO RESTELO

Dizem próximos de Victor: não se percebe tanto frenesim quando há comissão regional segunda-feira. Reunião para debater estratégias. O líder está escolhido em definitivo.

Se Victor Freitas, em tempos, desse ouvidos aos actuais colaboradores de Cafôfo, o presidente da Câmara do Funchal não estaria agora no cargo e eles, Miguel Iglésias e Emanuel Bento, estariam no desemprego. É uma resposta dos mais próximos de Victor Freitas às movimentações dos últimos dias contra a candidatura do líder à presidência do governo. Mas os "Velhos do Restelo" que se "movimentam na sombra" também apanham na resposta. 

 A Direcção do PS acha que as concelhias, ao contrário do que se anuncia, não vão seguir Iglésias na agitação interna. 

Corre com insistência que Iglésias vai propor, na comissão regional de segunda-feira, o nome de Cafôfo para cabeça-de-lista da coligação. E que outra ala, mais voltada para coligar à direita, com o PP-M, apontará Luís Amado. Mas tudo esbarrará na determinação de Victor de ser ele a avançar.


O núcleo de Victor Freitas na Direcção do PS-Madeira reage às ondas criadas recentemente dentro do partido com uma inusitada firmeza, mas também com ironia.

O primeiro contra-ataque dirige-se a um contestatário imprevisto, Miguel Iglésias. A "conversa gaga" do presidente da concelhia do Funchal, que "usou o corte do Bloco de Esquerda como grande bandeira para pôr em causa a coligação", pretendia também - dizem próximos do líder - "pôr em xeque a candidatura de Victor Freitas... ao mesmo tempo que considerava essa candidatura legitimada acontecesse o que acontecesse". Uma "trapalhada".

Por agora, as nossas fontes da Direcção socialista não quiseram comentar o papel de Paulo Cafôfo neste levantamento intra-partidário. É que, achamos nós, Iglésias não avançaria com a sua iniciativa sem o conhecimento do presidente da câmara de cujo gabinete é chefe. Mas, para já, os chefes socialistas preferem ignorar o posicionamento de Cafôfo.

À vista desarmada, para mais quando a movimentação acontece 'em cima' da pré-campanha e em pleno processo de tratar da coligação e da lista de deputados, não há muitas leituras verosímeis: ou os contestatários dispõem de uma solução que escondem não se sabe porquê; ou então trata-se de uma traição gratuita ao líder e sua equipa dirigente tendo em vista satisfazer projectos por enquanto obscuros.

"Estão enganados na câmara se julgam que nos prejudicarão outra vez nestas eleições"

A isso, respondem os próximos de Victor: "Se o líder fosse dar ouvidos ao Iglésias e ao Bento, que tanto combateram a estratégia da coligação 'Mudança' porque não aceitavam Cafôfo para candidato, o próprio Cafôfo estava hoje na Escola do Campanário e aqueles dois colaboradores no desemprego."

Depois, sai um aviso solene: "Esses senhores estão muito enganados se julgam que nos vão prejudicar nas eleições regionais como fizeram com as europeias, quando em plena campanha eleitoral criaram aquela vergonhosa crise na câmara que acabou na debandada dos eleitos. Estão mesmo muito enganados, porque não conseguirão afectar o nosso projecto de derrotar o PSD."

"Os Velhos do Restelo socialistas ganharam tantas eleições!..."

Face a movimentações contestatárias paralelas, protagonizadas por figuras conhecidas do PS-Madeira, actuais e antigas, a resposta sai com avinagrada ironia : "Os Velhos do Restelo têm mesmo legitimidade para falar de estratégias e de lideranças. Fartaram-se de ganhar eleições na Madeira... fizeram coligações vencedoras... ao passo que o PS actual não conseguiu nada disso. Têm a memória muito curta, os 'Velhos do Restelo'."

Como se sabe, há concelhias do PS dispostas a subscrever as críticas formuladas por Miguel Iglésias. Está para rebentar, diz-se. O que, para os indefectíveis de Victor, não passa de mais uma tentativa de desestabilizar o partido, nesta decisiva fase pré-eleitoral. Não acreditam, inclusive, que essa diligência "para criar instabilidade" vá por diante. Aliás: "Não percebemos esse frenesim todo para debater a estratégia eleitoral quando está marcada para segunda-feira uma comissão regional com esse ponto na ordem de trabalhos."

E se a ideia das concelhias for substituir o cabeça-de-lista anunciado, Victor Freitas? É que, ao que se diz, haverá nomes lançados para cima da mesa: Paulo Cafôfo e Luís Amado. Fácil, dizem os homens do presidente: "O que está em discussão é a estratégia. O candidato a presidente do governo já está designado, a designação aconteceu em congresso. Portanto, se alguém quiser discutir o indiscutível, passamos à frente."

Victor ao Jornal de Negócios: sem renegociar a dívida, a Madeira é ingovernável

Conforme dissemos, Victor Freitas encontra-se em Lisboa para contactos de índole partidária e ao nível governamental, passando pela audiência com o Presidente da República, amanhã, integrado na delegação socialista nacional que vai tratar da data das eleições regionais.

Nos intervalos da intensa agenda, o chefe socialista madeirense desdobra-se em entrevistas. Ainda esta manhã, foi o convidado da RTP Notícias para comentar a revista de imprensa. Entre outras conversas já gravadas ou agendadas, destacamos a publicada hoje pelo Jornal de Negócios. 

Fundamentalmente, a mensagem de Victor Freitas vai contra aquilo que Miguel Albuquerque preconiza: "Sem renegociar a dívida, a Madeira é ingovernável", afirmação do líder socialista que aquele diário puxa para título.

Dando corpo à sua tese, Victor alerta: sem essa renegociação, "40% do orçamento da Madeira será dedicado ao serviço da dívida e isso irá provocar rupturas em áreas como a Saúde e a Educação".

O candidato indigitado pelo PS-M à presidência do governo regional faz notar que a Madeira tem pago 300 milhões por ano em serviço da dívida, juros relativos à dívida comercial da Região junto de diversos bancos nacionais - dívida comercial que andará em "cerca de 5 mil milhões de euros". Ora, no próximo ano será preciso pagar também o empréstimo do Estado que se acertou em 2012 e que valeu 1500 milhões de euros à Madeira - numa fase em que a banca tinha fechado a torneira ao governo de Jardim - segundo Victor citado pelo Jornal de Negócios.

A Madeira torna-se ingovernável se a dívida não for renegociada porque, diz Victor, quando for para pagar também o empréstimo atrás referido, o serviço da dívida salta para os 400 milhões ao ano. As contas do chefe socialista são claras: se a Madeira arrecada 840 milhões de receitas fiscais e 170 milhões do Orçamento do Estado, como pensar em crescimento económico ou sequer em pagar a Saúde e a Educação quando naquelas receitas se dá uma dentada de 400 milhões para acorrer à dívida?

De que tipo de renegociação fala Victor Freitas? O JN reproduz a ideia: prorrogar os prazos de pagamento, que hoje estão nos 10, 15 anos. 

Percebe-se que a ideia do dirigente do PS é pôr a Madeira a não pagar mais de 100 milhões de euros/ano de juros. Então, é fazer contas e ver por quantos anos se terá de estender os pagamentos em atraso.