ATÉ OS FANTASMAS MAIS CONHECIDOS
FALTARAM AO CONGRESSO FANTASMA
António José Seguro tem um argumento irrefutável para bater com a porta e largar aquilo da mão
A imagem permite ver um fantasma socialista escapulir-se de mansinho para não adormecer no pavilhão. |
Os socialistas portugueses marcaram encontro lá para cima, concretamente em Santa Maria da Feira. Mas nem todos deram com a estrada certa e ainda por cima o jantar devia estar azedo, já que à noite ninguém pôs os pés no espaçoso pavilhão alugado para os trabalhos.
Nem sequer Tozé Seguro, veja-se!, apareceu no serão, contribuindo para que os congressistas inscritos para falar (os que compareceram) acabassem por pregar aos peixes.
Percebemos Tozé. O cartão vermelho que os delegados do seu próprio partido lhe mostravam através da desmobilização evidente com o correr do congresso não podia ser ignorado. O espectáculo de um imenso pavilhão vazio na TV, a merecer chacota por parte dos jornalistas que dirigiam os directos, envergonhava um líder a prazo, à espera de ser substituído por António Costa da Câmara lisboeta ou mesmo por José Sócrates, uma esperança que desponta depois de mais um doutoramento em Paris.
Doeu-nos o coração assistir àquele triste espectáculo pela noite dentro. Naquelas mesmas gigantescas instalações de Vila da Feira assistimos ao vivo, em serviço para o DN, a um empolgante congresso do laranjal em que se digladiaram Marcelo, Santana Lopes e Barroso, com vitória final do professor. Um fim-de-semana de estrondo político, apaixonadamente participado. Como aconteceria depois em Tavira, com os mesmos protagonistas.
Mas outros congressos - como vimos 'in loco' - foram vividos vibrantemente pelos delegados. O do CDS-PP no Pavilhão dos Desportos, Lisboa, em 1995, o tal em que Manuel Monteiro foi 'tomar um café'. O de Braga, em que Paulo Portas arrasou a candidata Maria José Nogueira Pinto.
E mesmo no PS! Quem não exultou, e não apenas os presentes no Coliseu, com a intervenção do Tino de Rãs que, num estilo surpreendente, conseguiu tirar o tímido Guterres do sério, desmanchando-o à gargalhada com a história do bacalhau com batatas pelo Natal, lá na aldeia?
Tudo isto para dizer: é conveniente para o madeirense Victor Freitas, que falou esta tarde em Santa Maria da Feira, estar a perceber bem como não se deve fazer quando urge mobilizar as massas.
Como é que os portugueses podem ter esperança no principal partido da oposição, para derrubar os troikianos Passos-Portas, se nem os congressistas do PS mostram ter essa esperança no seu partido?
Membro de uma coligação que arca hoje em dia com a responsabilidade de ganhar a Câmara do Funchal, o PS-Madeira precisa de cavalgar a onda mobilizadora, ao lado dos outros cavaleiros de aliança. Complementando-se devidamente e oferecendo cada qual as potencialidades reveladas nos últimos anos, os 6 partidos que integram a coligação têm o dever de criar uma onda muito forte, com impacto na população - e isso das ideologias foi chão que deu uvas, sejam parecidas ou diametralmente opostas. O objectivo de derrubar o PPD é comum, essa é a ideologia para usar na batalha.
Mas vejamos agora imagens da tristeza daquele congresso no dia de abertura - e esperemos que tenha quorum no encerramento deste domingo, para evitar o prolongamento da agonia.
O cúmulo da desmobilização é que muitos fantasmas do PS faltaram ontem ao congresso, como Sócrates e Mário Soares. E à noite, como vimos, o próprio fantasma Tozé preferiu ficar a ver o Big Brother.
Em muitos congressos, a sala esvazia-se porque os delegados se dirigem ao hall para fumar, conspirar e tomar café. |
Mas não era o caso, ontem. O hall de Santa Maria da Feira também estava tão vazio como certos jogos de clubes que conhecemos. |
Mais animada foi a cobertura da SIC: havia mais convidados a comentar do que delegados na sala. |
2 comentários:
Caro Luís Calisto
Com uma oposição destas...
...venha o diabo e escolha, caro Coronel.
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