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quinta-feira, 5 de junho de 2014

PORTO SANTO


Julga-se que inúmeros porto-santenses irão à Herdade agradecer pessoalmente ao Grande Meio Chefe o elevado desemprego, a economia de rastos e a fome em que o moribundo jardineirismo deixa o Porto Santo atolado. 



PARTIDARITE 'ALL INCLUSIVE'





Não sabemos se a solução ideal é a taxa municipal nos hotéis, mas parece-nos que o presidente da câmara, neste caso, está a tentar zelar pela sua terra, ao passo que os tubarões do PPD, por intermédio do pasquim, olham apenas para os interesses - os seus e os dos amigos



Os porto-santenses vivem hoje afogados na penúria, como nas mortíferas crises do século XIX. Os negócios continuam a fechar portas em catadupa. De uma população activa de 2300 pessoas, mais de 700 estão no desemprego, prevendo-se um caos extremo na ilha quando começarem a terminar os subsídios. Há fome em muitos lares. Então...
...Que é feito daqueles que andaram 3 décadas a passear poderio pelo areal, sabendo que as suas políticas destravadas acabariam nisto? Onde estão os coronéis das inaugurações loucas de obras para nada, só em atenção à conquista de votos? Onde param os campeões da Madeira Nova que, perante os avisos escritos para o que se estava criando, acusavam jornais e jornalistas de campanhas contra o Porto Santo?
Os coronéis e seus jagunços continuam, agora por pouco tempo mais, a gozar do povo madeirense, e em especial dos porto-santenses, abusando de instalações de propriedade governamental, para uma vida de nababos quando entendem que a sua presença na Vila Baleira é indispensável para resolver os problemas locais - isto é, nas santas férias da Páscoa e no calor do Verão.
Sexta-feira passada, o pasquim dos comissários dizia em manchete que "Menezes afasta Turismo", referindo-se ao propósito do edil porto-santense de aplicar uma taxa de dormida aos hotéis que adoptaram o regime "all inclusive". O assunto merece hoje nova manchete no dito-cujo pasquim, despejo em que transformaram o outrora digno JM, à conta de um comunicado, por sinal fanhoso e gago, da Acips - puxando a 'reportagem' do JM para o lado que interessa, isto é, para as desvantagens do imposto em questão.
Independentemente das calinadas que fazem desta câmara socialista uma fonte interminável de polémicas e brigas, este caso do turismo/hotelaria deve ser encarado com muito cuidado e em respeito pelos interesses da população local. Deixem-se de brincar com as pessoas.


Hotéis grandes pioraram, em vez de resolver

"Eles prometiam que os hotéis grandes iam trazer turismo para o Porto Santo e que isso animaria a nossa economia, mas, afinal, com isso do 'tudo incluído', o resultado é fecharmos de vez os restaurantes, bares e cafés", dizia-nos um dia destes um desalentado empresário, atrás de uma caixa que, em toda a manhã, não teria registado mais do que meia dúzia de bicas.
Esse empresário já foi proprietário de um restaurante carismático na ilha, que a crise obrigou a encerrar e posteriormente vender. Então, voltou-se para um café muito bem lançado em matéria de clientela. O açambarcamento de turistas pela hotelaria do Pestana e quejandos, com o tal 'all inclusive', não perdoou: de 17 funcionários que o referido café chegou a empregar, resta neste momento... o patrão, que trabalha sozinho e com uma ideia a ganhar forma: "Vou tentar fazer negócio com algum interessado que me livre destas dores de cabeça."
As dores de cabeça decorrem do dinheiro que começou a faltar para pagar salários, segurança social, renda de instalações e por aí fora. No exemplo dado, com a agravante de o homem ter filhos licenciados que não arranjam emprego na ilha e que terão de partir sabem lá para onde.
Há fome no Porto Santo. Não estamos a contar histórias sobre o abandono a que a ilha desde sempre foi votada - isso também tem acontecido ultimamente, mau grado as operações de charme da Madeira Nova. A junta de freguesia tenta ajudar os necessitados, tal como a Confraria de São Vicente de Paulo e a própria câmara, com uma loja solidária.
Incrível! O ponto a que chegou uma ilha javardamente usada pelos maiorais funchalenses para caminhadas exibicionistas no areal e banquetes de lagosta e imperial em verões pior do que delirantes.
E vêm esses barões já cheios de pregas fazer política partidária em situação tão dramática, dizendo que falar em impostos é "afastar o turismo". Talvez os impostos afastem os turistas, sim, os dos grandes hotéis. Mas esses turistas, se optarem por outros destinos, também encontrarão na conta final um imposto municipal diário. Que não é invenção do Porto Santo. Câmaras italianas cobram 4 euros/pessoa por dormida. É um exemplo.
Dizem-nos: os comerciantes do Porto Santo precisam de ser criativos, preparar uma oferta irresistível para 'obrigar' os turistas do 'all inclusive' a sair dos hotéis. Pois. E os hotéis não imitariam imediamente essa 'oferta irresistível', para manter os hóspedes lá dentro! 
No passado fim-de-semana, a maratona de atletismo e a prova de natação animaram relativamente a ilha. Um cheirinho a vida comercial. Mas os visitantes que olham com olhos de ver não deixaram de reparar na penúria que afecta a economia local, por causa do tipo de turismo - sempre ele.
Não se trata apenas dos hotéis 'all inclusive'. Há também a loucura de preços nos transportes de passageiros. Tanto marítimos como aéreos. Pensar em férias no Porto Santo com viagens de avião, esqueçam, é mentira. Só para ricos. Vejam quantas dezenas de euros para escassos 20 minutos no ar! Por mar, é também um preçário altamente selectivo. Perdido por perdido, vá lá embora para Canárias. Sempre se ouve falar espanhol, cheira mesmo a férias e não se encontram lá as caras papentas que aparecem o ano inteiro na hipótese de televisão do Miguel.
O tema precisa de ser encarado com mil cuidados. Não com impostos 'esgalhados à louca', mas com propostas debatidas e ponderadas em diálogo envolvendo os parceiros todos do sector, empresários e gestão pública. 
A câmara do Porto Santo, sem obras de construção onde buscar receita das licenças, debate-se com cofres vazios, quase não pode funcionar. Mas, somos nós a pensar alto, não deve compensar buracos municipais cavando mais buracos nas esburacadas algibeiras do povo, no IMI, por exemplo, à boa maneira Passos-Portas após cada chumbo do Constitucional. E a colaboração dos grandes hotéis com a ilha (que lhes dá tudo) deve ser igualmente exigida com siso.
Acima de tudo, a resolução dos gravíssimos problemas do Porto Santo precisa de ser trabalhada sem os marretas do Funchal pelo meio - aqueles incompetentes que só governaram com dinheiro da Europa e que, nos seus passatempos políticos, continuam a utilizar o regime 'partidarite all inclusive'.
O povo da pequena ilha que continue a tirar-lhes o chapéu, no próximo Verão, quando eles forem curar a ressaca do almoço no gabinete do governo - perdão, quando forem trabalhar ao fim da tarde.
Para eles, é igual ao litro estarem os restaurantes da ilha  forrados a papel de jornal e os táxis parados o dia inteiro, sem um serviço. O desses 'oportunistas' que nada produzem está garantido. Em duplicado.



'All inclusive'















'Nothing inclusive'
















8 comentários:

Anónimo disse...

O Sr. Calisto esqueceu uma coisa. Acha que os hotéis vão querer competir com a restauração da ilha?! É tudo o que não querem, muito pelo contrário, os clientes são convidados a sair e a consumir fora, não fosse a unidade hoteleira beneficiar com isso. É mentira quando é dito que as pessoas não saem de dentro do hotel.

Anónimo disse...

Meia pensão seria o máximo. O turista gosta de saber o que existe à volta e apreciar paisagem, cultura e gastronomia local. Os que não quiserem, podem sempre usufruir da outra refeição no hotel. Decisão acertada, tal como em tantas ilhas.

Outra questão seriam preços mais baixos no transporte marítimo na época de 15 de Setembro a 15 de Junho, para dinamizar outro movimento com preços na ordem dos 50% para residentes na Madeira e Porto Santo.

O mercado tem de ser dinâmico e adaptar-se às realidades...

JP disse...

Sr. Calisto vejo que anda no Porto Santo.
Ora vejamos:
1- Quantas vezes foi ao Porto Santo e não tinha onde comer porque ou estava fechado ou estavam cansados?
2- Um cliente que paga um quarto a 150 euros noite num Hotel e num destino 5 estrelas que queira comer às 19:00 só janta às 22:00 num restaurante no Exterior do Hotel.
3- Os únicos Lugares onde se come no Porto Santo nas alturas altas, são: Baiana, João do Cabeço, Gel Burger e Padaria Zarco. Alturas altas são 5000 pessoas no P.S.
4- Eu das vezes que fui ao P.S. Fiquei nos supermercados em filas de pagamento perto de 2 horas. "Zarco" Quando os empregados depois da minha reclamação disseram "Está de Férias porquê é que tem pressa" em portossantense.
5- Este é o único Hotel do Grupo Pestana que tem "all inclusive" porque será? Será por causa do elevado numero de reclamações dos clientes que pagavam entre 3000 a 5000 por umas férias e que chegavam à ilha dourada e não tinham o que comer às 22:30 da noite?
6- Essas fotos à restaurantes aí que só abrem nos três grandes meses de verão. Esplanadas vazias porque será?
7- Quando se escreve ou fala temos que saber bem o fundo da questão.
8- Adoro os seu trabalho só que às vezes peca por falta de uma visão realista do assunto.
9- Tenho pena das gentes do Porto Santo mas acredito que o futuro passa por mais investimento privado de qualidade.
10- Abri um bar uma vez no Porto Santo e queira saber que os portossantenses não querem trabalhar mesmo sendo bem pagos.

Luís Calisto disse...

Caro comentador JP
Concordo consigo, não sou um expert na matéria.
No entanto, conheço bem o Porto Santo e sobretudo os porto-santenses, muitos dos quais me honram com a sua amizade. Percebo muito bem essa má vontade para com os madeirenses de que fala. Estudar as relações entre as ilhas desde há séculos ajuda muito.
Mas as culpas são repartidas, obviamente.
Neste momento, acho dever deixar apenas a mensagem que está no texto: na situação dramática presente, onde param os graúdos madeirenses que há muitos anos se arvoram em "defensores" do Porto Santo?
Podemos avançar a resposta: estão a tomar balanço para mais umas férias à borla no areal quando chegar o Verão.
Mande sempre.

Anónimo disse...

acontece é os grupos hoteleiros (pestanas)vendem o pacote com viagem + estadia + refeições tudo incluído, o que faz que muitos turistas nem saem dos hotéis para consumir na ilha,....
quanto a essas imagem é arrepiante ver a vila nesta situação....

Anónimo disse...

Senhor JP, è necessário deixar a janela aberta para eventuais investidores.
Com o All Inclusivé nunca haverá motivação para abrir o mercado . Este ano o Pé na Água abre revigorado, o Tia Maria vai arriscar, o Forno está a dar-bem, A casa da Avó é mto interessante, o Pita é bom, O Campo de Golfe é lindo, a Calheta está mto bem, o centro está a mexer-se, etc, etc. Se o turista de meia pensão não gostar do meio, pode sempre comer no hotel. É preciso não fechar portas. All Inclusivé beneficia só o hotel. Então pague a taxa.

Anónimo disse...

JP só vê esses restaurantes. Afinal quem está mal informado é o Senhor...Abra os olhos, e deixe outros privados criarem com qualidade, possibilitando mais emprego e economia na ilha. Com outra política de promoção e melhores preços nos transportes para a época baixa, a história seria gradualmente melhor.
Porto Santo queixa-se da Madeira, tal como o Funchal se queixa de Lisboa. Uma história que tem de evoluir...

Anónimo disse...

Sr Calisto,
Este ano Porto Santo vai receber aviação charter de Inglaterra (2 aviões), Alemanha (1 avião), Espanha (2 aviões), Bélgica (1 avião com 40 lugares) e Itália (1 avião) para além dos tradicionais aviões do continente. A maior parte destas ligações não existiam antes de 2011, pelo que sei a grande motivação é o modelo All Inclusive.
Gostava de lhe fazer 3 perguntas:
1. De que forma o Sr se trabalhasse no sector traria aviões com Turistas para Porto Santo ?
2. Gostava de saber também se alguma vez o Sr falou com um desses operadores que tem os aviões e lhes perguntou se voavam para aqui se a Hotelaria funcionasse de outro modo ?
3. Depois de 2010 se não existissem os "novos charters" quais eram os dados estatísticos do Turismo de Porto Santo ? Qual seria o cenário nos anos de crise ?
Obrigado,