Publicamos com a respectiva vénia uma peça do 'Público' assinada pelo nosso colega Márcio Berenguer onde se anuncia uma novidade há muito esperada. Até que enfim volta a ser livre aquele calhauzinho do Lugar de Baixo onde o povo fazia praia à moda antiga.
Governo regional manda abaixo obra de Jardim de 100
milhões de euros
MÁRCIO BERENGUER
13/07/2015 - 09:00
Executivo vai reformular todo o sector
empresarial público e admite vender património que está nas mãos das sociedades
de desenvolvimento e concessionar o que não for possível alienar
A Marina do Lugar de Baixo, inaugurada por Alberto João Jardim
em 2004, vai ser “desmantelada” pelo actual executivo regional, disse ao
PÚBLICO o presidente do Governo madeirense, Miguel Albuquerque.
A infra-estrutura, que
esteve sempre inoperacional devido às deficientes condições de segurança, teve
um orçamento inicial de 29,7 milhões de euros que derrapou para 36 milhões. Os
danos causados por constantes tempestades na orla marítima e o risco de queda
de pedras da encosta sobranceira interditaram o espaço, situado no concelho da
Ponta do Sol. Jardim, contrariando estudos técnicos que desaconselhavam uma
marina no local, insistiu em constantes intervenções e reparações, fazendo com
que o custo inicial da obra quase quadruplicasse para 100 milhões de euros.
Esta
obra – admite Albuquerque – apresentou desde o início problemas de
funcionalidade, decorrentes das condições de mar no local, que foram
deficientemente consideradas no projecto técnico e que se revelaram
devastadoras para a infra-estrutura. “Perante os factos, o Governo regional
decidiu iniciar o seu desmantelamento e recolha do respectivo equipamento, que
será usado em outros empreendimentos de natureza pública”, justifica o
presidente do executivo madeirense.
Muito
criticada pela oposição – no mesmo ano, a menos de 20 quilómetros do local foi
construído um porto de recreio no concelho vizinho da Calheta que custou 28
milhões de euros – a Marina do Lugar de Baixo foi a face mais polémica dos investimentos
feitos pelas Sociedades de Desenvolvimento.
Estas
sociedades, criadas por Jardim para contornar os limites de endividamento a que
estava sujeito na altura, representam uma pesada “herança” para o actual
governo madeirense, que admite vender o que conseguir e concessionar o
restante. “A reestruturação das Sociedades de Desenvolvimento, em
articulação com os restantes acionistas [Municípios da área onde elas actuam]
está a ser equacionado dentro do objetivo de reformulação de todo o setor empresarial
regional”, acrescentou Albuquerque, adiantando que a fusão das quatro
sociedades é contemplada.
Estas
empresas públicas, que o Governo regional e as autarquias são únicos
acionistas, chegaram a ter quatro conselhos de administração, sendo, desde há
três anos, geridas por uma única administração chefiada pela ex-deputada do PSD
Maria João Monte, que tem como vogais Pedro Jardim, filho do ex-presidente do
Governo madeirense, e Miguel Vasconcelos. “Está em preparação, especificamente
nos planos técnico, administrativo, financeiro e fiscal, o processo de
reestruturação/fusão das Sociedades”, diz Albuquerque, que contabiliza em 30,5
milhões de euros o encargo que estas empresas representam anualmente para o
Orçamento Regional. “Os montantes atribuídos asseguram todos os compromissos,
nomeadamente o serviço da dívida e encargos com pessoal”, revela
Da
mesma forma que Jardim defendeu as Sociedades de Desenvolvimento, e o
investimento por elas concretizado, com a única forma de aproveitar fundos
comunitários que de outra forma não iriam para a Madeira, também Albuquerque
olha para o Programa Operacional 14-20, o novo quadro comunitário para a
região, como uma oportunidade única para a” reconversão e requalificação” de
alguns dos empreendimentos públicos herdados da anterior governação. “Não
aproveitar essa oportunidade não se coaduna com os objectivos e metas definidos
ao nível do Programa Operacional Madeira 2014-2020, que este Governo
subscreve”, afirmou, reconhecendo dificuldades em lidar com todo este património
que está nas mãos das Sociedades.
Se
alguns investimentos são de fácil resolução, como o Centro de Artes – Casa das
Mudas, na Calheta, que passou para a “gestão directa” da Direção Regional da
Cultura, ou a Quinta Magnólia, um espaço nobre no coração do Funchal que estava
votado ao abandono, que Albuquerque também trouxe de volta para as mãos do
Governo, outros são autênticos elefantes brancos.
As
obras das sociedades de desenvolvimento têm espalhados pelo arquipélago mais de
meia centena de bares e restaurantes em promenades, complexos balneares,
parques desportivos e até num campo de golfe. Albuquerque admite que são
“actividades questionáveis”, falando de uma estratégia que “ultrapassou o
âmbito desejável de atuação das Sociedades”.
5 comentários:
Lembrando os menos atentos.
A Marina do lugar de baixo foi um processo que surgiu com uns meninos políticos e deputados pela Ponta do Sol, entre os quais um sr Paulo Fontes que na altura empenhou-se dizendo se a Calheta tinha uma marina também a Ponta de Sol devia ter. Depois o grande Vice Presidente do Governo Regional fez o resto, tratando dos projetos ( que só poDiam ser gente dele ) .
Os mais idosos da zona do lugar de baixo, por diversas vezes alertaram para a violência do inverno naquele local.
Nada disso alegavam os técnicos munidos de estudos sobre a viabilidade da marina.
O resultado todos nós conhecemos.
Responsabilidade ?
A melhor solução para aquele local era plantar um bananal novo.
O tempo ameno faz desenvolver as bananas naquele local dando-lhe um sabor a maresia ( um agridoce) .
Alienar patrono, mesmo que perca dinheiro? Isso quer dizer que alguém o vai comprar abaixo do valor de mercado. Quem serão os "sortudos"?
Acho bem que seja demolido e entregar ao grande gestor pereirinha que ali será erguido um grande bordel com a sigla PS.
Enquanto marina sempre se soube que era inviável, mas creio que sem mais grandes investimentos a zona das piscinas podia continuar a ter utilização, mas enfim...
O dinheiro não é de ninguém..., melhor, não é deles!
Se conhecer as decisões do governo através dos jornais é triste, ainda mais triste é quando tem de ser através de jornais do continente que temos conhecimento das suas decisões...
Enviar um comentário