Powered By Blogger

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Toque de Midas na Tabanca



Desgoverno regional mais
Câmara Promocional do Funchal
- os perigos do sucesso exagerado 


Já todos percebemos que o Blue Establishment das Angústias e a Câmara Promocional do Funchal foram untados com a magia de Midas. Eles tocam num problema e abre-se uma janela de oportunidades, como se diz agora no empreendedorismo. Mas os resultados são tão substanciais, apesar de invisíveis aos mortais sem inteligência, como na história do rei que vai nu - os resultados são tão-tão, que, por vezes, excedem os limites do entendimento humano e resvalam para consequências perigosas.
No fundo, trata-se da estratégia baseada no rudimentar "enquanto o pau vai e vem". Mas é preciso cautela. 
Este andar de carruagem leva-nos numa onda cor-de-rosa que entontece.
É ler-se as notícias mais frescas. A emigração dos jovens disparou. Levanta-se Gasparzinho e diz (aos cidadãos da Calheta com mais de 60 anos) que o governo trabalha para evitar essa emigração jovem. Depois, o título de quatro colunas faz o resto, com a boa nova dourando o drama de milhares dos jovens emigrantes à força e respectivas famílias. O governo trabalha no caso!
Critica-se o Fisco por inoperância e injustiça? João Machado senta-se na Assembleia, passa pelas brasas uns instantes, dá um toque no imbróglio e saltam pelos ares, como num passe de mágica, 900 caloteiros que pediram perdão fiscal - mandando portanto a dolorosa para a conta dos que cumprem com o seu suor as duras contribuições, a tempo e horas e na íntegra.
Os agricultores queixam-se da falta de pagamentos. Vai o secretário Humberto com um toque cheio de técnica e, pela décima vez, chuta o problema mais para a frente, talvez para Julho.
A Madeira não tem dinheiro para mandar cantar um invisual. Pois Gasparzinho e Albuquerque tocam levemente o cofre vazio e o sapatinho enche-se de condições e mais condições para fazer subir a capacidade de recorrer a empréstimos. Mais do que isso, empréstimos acima das necessidades do peste do governo! Ainda mais: o CINM está a dar dinheiro a potes e as contas da tesouraria regional merecem boa nota, de maneira que, se o povo anda embeiçado e sem uns cobres para o Natal, o problema é de fora. Mas atenção! Ainda temos Gasparzinho que afinar a voz - bem precisa de ensaios - para falar grosso com Lisboa. Então, se Albuquerque não devolver os cortes que prometeu, já sabem onde reclamar. Aqueles cubanos não têm emenda.
Alguma oposição reclama o pagamento de indemnizações às vítimas dos fogos de Verão. Rubina dá um estalo de dedos e transfere o assunto para o caloteiro governo de Lisboa.
Os velhos não têm dinheiro para remédios nem para uma bucha por dia? Ora deixa lá tocar na questão e eis mais de 50 mil deles a ver a pensão aumentada... ao nível da inflação, ou seja, continuam na mesmíssima miséria.
Pagamos o dobro do que pagam os açorianos para viajar na TAP, denuncia ainda hoje o DN. Com a pincelada, ao virar a página, de que Eduardo Jesus vai confrontar a transportadora sobre o assunto, ou julgará o brasileiro que brinca com a nossa Autonomia?

A Câmara Promocional de Cafôfo não é menos milagrosa na teoria de Midas. Às denúncias sobre o caos estilo Marraquexe que arrasa o Mercado dos Lavradores, há um toque do Mayor e difundem-se inebriantes sabores e cheiros de Natal na Praça do Mercado que remetem todas as críticas para corner. As próprias páginas da Imprensa exalam os embriagantes cheiros da Praça!
Critica-se o descalabro das ruas e dos passeios do Funchal, congestionados de cadeiras e mesas. Do nada, salta o milagreiro Cafôfo a tirar da manga uma polícia municipal. Para quê? Para prender os irresponsáveis que estão a rebentar com o Funchal? Não. Para chatear os comerciantes a quem deram autorização para ocupar passeios e asfalto. E outra mais-valia: com a polícia municipal, Cafôfo até liberta a PSP daquele servicinho chato, veja-se a preocupação de um autarca responsável.
O Funchal está caótico e ainda mais insuportável por causa das obras na ribeira? Mayor acena e sai uma demão Robbialac cor-de-rosa anunciando a boa nova de que o estaleiro fechou as portas porque isto são Festas. 
Problemas na cidade? Já se resolverá tudo. Deixem o Mayor conseguir uma aberta no programa de excursões ao estrangeiro. Depois de mais uma geminação algures no Oriente. Depois de organizar na cidade a monitorização dos 'fenómenos extremos'. Depois de regular definitivamente os riscos no chão para motos mais kiss and ride. Uma vez redefinidas as linhas do Funchal card. Então aí o Mayor vai pensar em criar uma comissão para investigar se por acaso os funchalenses têm alguma razão de queixa. 
O mesmo acontecendo com Albuquerque. O homem não se esqueceu de que ganhou a chefia do governo. Quando menos esperarmos, ele entrará em acção. É questão de inaugurar mais umas pastelarias e resolver aquilo dos dois anjos à frente da Sé, no plano estratégico das ornamentações de Natal. Numa palavra, deixem passar esta quadra e, quando muito, o Carnaval e a Páscoa. Tudo se resolverá. Sempre com recurso ao toque de Midas, com as mãos besuntadas de suplementos, páginas a cores e entrevistas na TV.   

Em suma, o ambiente na Tabanca é de pobreza, desemprego, trabalho precário, exploração, exclusão, emigração massiva de jovens, depressão, saúde num caos. Mas unta-se a realidade com imagens e frases convenientes e então temos exclusivamente nos escaparates as cores e as mensagens da Festa, as 'bolas de ouro' e os pappers de Ronaldo, uns milhões para consertar estradas que jamais verão um grama de alcatrão, mais óscares para o turismo rico à custa de trabalhadores explorados, os estudos sobre limites de velocidade na via rápida, os problemas da aviação comercial e se calhar militar.  

O deslumbramento oficioso da realidade madeirense dá sinais, porém, de afectar o 'trabalho' que vem sendo feito. Desgoverno e Câmara Promocional trabalham bem demais nessa matéria. A ponto de anestesiarem os próprios pilha-galinhas cá da terra. Até os nossos malandros cadastrados andam a dormir na forma, inebriados pelas fantasias do Establishment. Estão a perder produtividade. Tornam-se uns baldas. Segundo o DN de hoje, o números de crimes está a baixar. São menos 88 por ano. Ora, esta verdade, bonita para os desgovernantes, por estarem socialmente a moralizar a Tabanca, pode trazer efeitos perversos. Não se esqueçam de que o bandido de carreira é um gerador e multiplicador de empregos que diríamos insubstituível. Vejamos o caso de um simples gatuno que roubou um carro e bateu com ele. 
(Não vale a pena exemplificar com processos de graúdos e tubarões, porque esses são logo arquivados e às vezes com indemnizações para eles, se alguém se atrever a denunciá-los.)
Vamos ao ladrão do carro. A vítima prejudicada queixa-se. Caso o "amigo do alheio" seja localizado, advogado de acusação a entrar ao serviço, advogado de defesa noutro lado, provavelmente oficioso. Funcionários judiciais e muita papelada, ou então informáticos a meter dados no programa. Polícia de atalaia. MP, juiz e, com um pouco de sorte, guardas prisionais convocados, e mais uma boca no refeitório da Cancela, mais uma farda para gastar e lavar periodicamente. Mais envolvimentos se o detido for esperto e resolver amolar o caso. Depois, é o bate-chapa e o pintor a ganhar trabalho com a malvadeza... se o carro tiver conserto. Se for preciso um novo, então quantos empregos são envolvidos no caso?
Portanto, resolvam todos os problemas da Madeira como estão a fazer, virtualmente, é claro. Mas não exagerem. 

9 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes pergunto-me porque é que uma pessoa se desgasta com estas coisas. O povo gosta é de PPD, é como um clube de futebol, não há hipóteses.

Anónimo disse...

Calisto as coisas tao melhores, excelentes mesmo no dizer oficial, o povao e que não ve a realidade... Epa onde ouvi ja isto? E que resultados de geringonça produziu?

Anónimo disse...

Eu irei fazer o mesmo em relação as próximas eleições e futuras, um par de estalos nos dedos e vou votar na oposição, acabar com esta porca miséria desta terra sem futuro, revejo me a viver a semelhança dos açorianos, quem vier depois feche a porta, quando isso ocorrer o PSD Madeira nunca mais governa aqui podem apontar ai, que isto vire PRAGA do AJJ.

Anónimo disse...

Ó "o povo gosta é de PPD", é para votar em quem?

Anónimo disse...

Nas autárquicas sem duvida votar num dos pequenos para por esta gente em sentido. Por exemplo no Funchal bom seria no Gil Canha e até podia ser com o Sr. Coelho. Alguém tem duvidas que as pessoas não querem PSD, não querem Cafofices, não querem CDS? Esta gente não pára de demonstrar que é toda farelo da mesma manjedoura.

Anónimo disse...

O homem inaugura pastelarias????? Então criticava o Alberto João....e mais nao comento.

Anónimo disse...

Ouvi ontem na rádio, antena 1, 2ª feira deesportiva (?), um debate entre Carlos Pereira, Marítimo, e José Pedro Mendonça simpatizante do Nacional e outros comentadores que pouco falaram.

A conversa era a propósito do novo estádio dos Barreiros, mas que os três clubes no conjunto, Marítimo Nacional e União, segundo o Dr José Pedro Mendonça já consumiram do erário público 60 milhões o Marítimo, cerca de 30 milhões o Nacional e 10 milhões o União, total 90 milhões. Pergunto eu: Que gestão é esta do PSD que o actual governo não tem agora 40 milhões para 50% para o novo hospital????

Mais, disse o Presidente Carlos Pereira, que o estádio do Nacional foi construído por uma empresa que apresentou proposta mais cara, cerca de 700€ o m2, apesar de ter executado menos trabalhos, e que a proposta mais económica da outra empresa, a qual esqueci o nome, apresentou cerca de 500 euros/m2. Se perguntar a C.P. ele tinha os números escritos.

Agora pergunto eu: Então os dinheiros dos nossos impostos são assim tão mal gastos, sem controlo, segundo CP, e nem os governo, nem o Ministério Público desconfia de suspeitou de marosca no assunto????

Aqui deixo a dica....lol

Anónimo disse...

Sr. Calisto
Este blogue é do Maritimo ou para todos ?
Porque não publica as críticas ao Carlos Pereira do Maritimo ?
Só o Rui Alves é que pode ser atacado ?
Fala da censura no DN e faz o mesmo ?

Luís Calisto disse...

Caro Sr. Anónimo das 9.21

Este blogue é de todos. Por isso, o Fénix lida com regras. Não estamos a falar de um dérbi Marítimo-Nacional da má-língua nem de outro dérbi qualquer, seja em que área for.
Logo, tanto são publicadas as críticas a Carlos Pereira, como as que são feitas a Rui Alves ou a outra personagem qualquer da nossa vida pública.
Falo de críticas com sentido e fundamentadas.Quanto aos ataques desferidos de trás das rochas por franco-atiradores e às insinuações gratuitas, tem razão, lixo.
Sem perder de vista, claro, uma hipótese importante: se o caro comentador pretende formular suspeitas sobre alguém como as que queria publicar a coberto do confortável anonimato, pois coloque o seu nome. Identifique-se, para ficar em pé de igualdade com as pessoas que andam com a cara à vista, expostas a esse e outros expedientes.
Imagine que se dá o caso de ser preciso dirimir a diatribe noutras instâncias. Quem é que vai lá? Vou eu e fica o autor do caso tranquilamente a ver o espectáculo?
Portanto, assine os comentários e não haverá essa 'censura' de que fala erradamente. Assuma os seus ímpetos. Verá que anda mais contente consigo próprio.
Olhe, o que eu escrevo toda a gente sabe que fui eu, para o bem e para o mal.