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sábado, 28 de julho de 2012



A IGREJA DE JARDIM/CARRILHO E A CRISE DILACERANTE




O arcebispo de Braga admoesta políticos que exploram o povo faminto; o bispo do Funchal vai falando de fé





D. Jorge Ortiga avisa não ter receio de criticar os políticos que ganham o que ganham e recebem para viajar e participar em reuniões.


D. Jorge Ortiga diz que as medidas de austeridade "são demasiado pesadas" e que o povo não aguenta mais. O aviso dirige-se à casta governativa portuguesa.
Para justificar os golpes dolorosos no fraco poder financeiro das classes mais baixas, o governo costuma dizer que as medidas restritivas são aplicadas proporcionalmente a todos. D. Jorge, presidente da Conferência Episcopal da Pastoral Social, argumenta: "A luz sobe para todos, a água sobe para todos, os transportes sobem para todos, o IVA nos bens básicos sobe para todos", porém é necessário notar que "100 euros num mês a mais nas coisas pode ser pouco para uma pessoa, mas para outra, cinco ou seis euros a mais por mês pode ser muito".
É falso que todos estejam a fazer o mesmo esforço - acentuou D. Jorge - "Começo a convencer-me de que as medidas são demasiado pesadas para um determinado tipo de pessoas."

O também arcebispo de Braga participou ontem numa conferência em Famalicão sobre "o papel da Igreja em tempo de crise", e aproveitou para pedir transparência aos políticos.


Arcebispo exige aos políticos que falem do que ganham e das mordomias



"Devemos saber e devemos exigir aos governantes que digam exactamente quanto é que ganham por mês, que secretários têm, quantos motoristas têm, quanto é que pagam por cada reunião", preconizou na sua intervenção D. Jorge. Que forneceu ainda um exemplo: "Se forem para Guimarães Capital Europeia da Cultura, tem gente que ganha um x para vir uma vez ou outra, mas depois ainda tem ajuda nas deslocações, ainda recebem por cada participação numa reunião, 500 euros digamos
 assim". "Isto continua a acontecer."

O bispo das Quatro Fontes é homem de fé e chega.



Regionalizando tal estado de coisas, cabe perguntar: Que faz o bispo do Funchal para indiciar algum "papel da Igreja em tempo de crise"?
Zero. À esquerda.
Vai falando de fé, amor ao próximo, perseverança - enfim, limita-se a doutrinar gente crescida como fazem as catequistas com as criancinhas.
Fé, muita fé, e então depois muita fé outra vez!
Ainda nesta manhã de sábado, D. António presidiu na Sé Catedral à cerimónia de ordenação de 4 padres e não aproveitou esse ensejo para uma palavra de alerta que acorde os políticos. Nem um gesto para com a população desesperada numa situação político-social-económica prestes a descambar para consequências imprevistas.
O homem repetiu palavras ocas sobre uma "festa da fé" e a missão do "discípulo de Cristo" de transmitir a "fé aos cristãos".
Fé e mais fé, mais o ano da fé, a "vivência profunda da fé", e ainda a "crise da fé".

Com esta mentalidade, como se pode ter fé?!
E um incentivo aos políticos para que cortem nos seus próprios vencimentos em benefício da crescente camada popular que passa fome? E o murro na mesa para que os responsáveis façam estancar o desemprego, a pobreza, o regresso da emigração?
O arcebispo de Braga propõe medidas políticas que aliviem a sociedade.
Já o bispo de cá não se pode aventurar muito, porque só tem responsabilidades no papel. Jardim é que acumula os cargos de chefe do governo e da igreja, saindo das Angústias os lembretes aos padres, ou padrecos, que pisem o risco.
É por isso que o bispo das Quatro Fontes, a esta hora refastelado num almoço de abade para comemorar as ordenações da manhã deste sábado, deixou também a sua mensagem ao povo faminto que o ouvia na Sé: visitem a exposição da "Bíblia em festa" que estará disponível ao público de Outubro a Janeiro na Calheta, em Machico e no Funchal.

Impressionante.
Ou é do malho...
 
 
 
Mas não nos espantemos com a frieza e o alheamento de António Carrilho. Com poucos meses de bispado no Funchal, percebeu-se o espécime destacado para substituir outros que tais, os que o antecederam, e o estilo em ordem ao relacionamento perfeito com as Angústias: à medida perfeita.
Depois, outro pormenor que não se nos afigura dispiciendo, pelo contrário, merecia estudo adequado: não é só o bispo das Quatro Fontes a ignorar o estado calamitoso da sociedade madeirense. Prelados que se revelam tão revolucionários no Continente, alguns com mitra vermelho vivo, quando aqui vêm de visita, passam das Desertas para cá e perdem a memória do que ouviram sobre a ditadura e as misérias da Madeira.
Ou é do malho... 

7 comentários:

jorge figueira disse...

Ele, D. António, só quer salvar as almas e fazê-las entrar no Reino dos Céus, o seu Rei não é deste mundo. Logo...faz-se, cego,surdo e mudo. Bebendo, resignado, a este difícil cálice

Luís Calisto disse...

Tem-lhe dado jeito ser 'cego, surdo e mudo', mas se por acaso lhe restam vestígios de consciência, há-de esconder-se de si próprio, um dia.

Anónimo disse...

E estes senhores Bispos sera que teem contas bancarias com zeros a direita, imoveis ? E vao pedido Fe ao Povo !

Fernando Vouga disse...

As religiões são muito boas mas são geridas por homens e, portanto, enfermam das mesmas maleitas que as demais instituições. Na prática, não passam de engrenagens das máquinas do poder. Basicamente, servem para convencer os pobres a não incomodarem os ricos porque serão compensados depois de morrerem. É a velha questão do camelo e da agulha.

jorge figueira disse...

Tenho dúvidas quanto às questões de consciência pois a história relata-nos casos colaborações nada recomendáveis da religiosos com o D. Miguel. Um verdadeiro projecto de poder como refere o Fernando

Fernando Vouga disse...

Caro Jorge

Começando por pedir desculpa a Luís Calisto pelo uso abusivo deste espaço, quero acrescentar mais uma "boca", à laia de síntese final: o papel real das religiões ao longo da História tem sido o de facilitar a produção de mão-de-obra barata e carne para canhão.

Luís Calisto disse...

Todo o espaço que o caro Coronel quiser, porque é um prazer vê-lo aqui com os seus interessantíssimos comentários.
Quanto à carne para canhão, parece que já vem dos cruzados... mercenários, embora.