AS CAUSAS DOS FOGOS
Escrevo esta nota numa altura em que na Assomada o fogo ameaça pessoas e bens. Neste sítio da freguesia do Caniço o lume corre mais rápido que os bombeiros, à semelhança do que já aconteceu na Ponta do Pargo, nas Achadas da Cruz, em São Gonçalo, na Camacha ou em Gaula. Enquanto a temperatura não descer e a humidade relativa não aumentar, muito dificilmente será possível pôr termo a este flagelo.
É verdade que será desejável contar com mais e melhores meios de combate. É verdade que é necessário repensar a organização e a postura do Serviço Regional de Proteção Civil. É verdade que as polícias e os tribunais terão de ser mais céleres e eficientes na deteção e castigo dos incendiários.
Mas a redução dos fogos em áreas urbanas e suburbanas, como os que têm massacrado a Madeira esta semana, só acontecerá efetivamente quando o governo regional, as câmaras e a população interiorizarem uma cultura de prevenção.
Enquanto entre casas unifamiliares e blocos de apartamentos, em vez de jardins e hortas, existirem matagais secos e depósitos de lixos; enquanto o governo regional e as câmaras, por negligência, não forem capazes de implementar processos céleres de eliminação dos resíduos combustíveis amontoados à beira das residências como, de resto, previsto no decreto-lei nº 124/206 e no decreto-lei nº17/2009; enquanto os resíduos vegetais não tiverem valor económico para produção de energia elétrica em centrais de biomassa. O fogo continuará a correr muito mais rapidamente que os bombeiros, por muito eficientes que sejam os meios de combate ao seu dispor.
As fotos que ilustram esta nota, são apenas uma amostra, dos milhares de barris de pólvora que estão a minar a segurança do Funchal e dos outros concelhos da Madeira.
Depois desta sucessão de fogos, que têm sido mais suburbanos que florestais, terá de ser dada prioridade à prevenção. Se continuar a vigorar a lei do menor esforço, o fogo retomará a sua marcha de destruição e morte quando o vento de leste voltar.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
3 comentários:
Meu Caro Raimundo: sendo preciso assino por baixo. Sei que pouco vale a minha assinatura por razões óbvias...mas... Firmeza precisa-se, ainda que volte à liça o desconhecido BERNARDO QUALQUER COISA.
Caro Dr. Jorge Figueira, antes do mais, saudações pelo seu ansiado regresso às lides.
Permita-me que o acompanhe na assinatura às posições do Prof. Raimundo.
Isto dos incêndios veio pôr muita fragilidade a nu!
E pena os nossos governantes fazerem orelhas moucas ao que diz o Dr Raimundo Quintal, infelizmente todas as suas previsoes acontecem.
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