Bloco solidário com bombeiros e crítico com o governo
Solidariedade com as pessoas prejudicadas e reconhecimento a quantos combateram os incêndios: o Bloco de Esquerda subiu esta segunda-feira ao Palheiro Ferreiro para uma acção política num local fortemente atingido pela tragédia da semana passada.
Roberto Almada não desperdiçou a ocasião para se insurgir contra o chefe do governo, que vilipendiou bombeiros que agora "deram o que puderam e o que não puderam" apesar dos salários em atraso.
A visita ao Palheiro serviu sobretudo para o BE desmontar a coordenação das operações durante os incêndios. No que diz respeito àquela zona, bastante afectada pelas labaredas, o 'plano de emergência' foi "deixar arder" e as pessoas "fugirem das suas casas e dos seus blocos de apartamentos sem qualquer coordenação dos responsáveis".
"A Protecção Civil foi chefiada em grande parte pelo presidente do governo regional, que não percebe nada de combate a incêndios", atacou Roberto Almada", ao passo que o primeiro responsável por aquela entidade não exerceu essa função, que lhe competia.
Gaula e Santa Cruz também "foram deixadas à sua sorte", diz Almada, enquanto os reforços chegados do Continente ficavam mais de uma hora num miradouro à espera de começar a trabalhar. "Isto é lamentável e contraria qualquer plano de emergência."
O líder do Bloco afirma que, sem dúvida, era possível fazer mais na área da prevenção. "Há anos que o Bloco e outras forças pedem mais na prevenção de incêndios, para o governo vir dizer que não pode entrar nos terrenos privados. É falso, porque a lei diz o contrário."
Polémica dos meios aéreos
Almada referiu-se também à polémica questão dos meios aéreos, para dizer que "os pareceres encomendados por certas entidades são favoráveis àquilo que essas entidades querem". Assim, propõe a realização de um profundo estudo que determine se vale ou não a pena o recurso na Madeira aos meios aéreos, no combate aos incêndios.
Almada admira-se: Canárias tem ilhas com orografia semelhante à da Madeira e lá combatem-se fogos com helicópteros.
A questão financeira é obstáculo? "Faça-se um protocolo com Las Palmas", preconiza o líder do Bloco de Esquerda, inconformado com as desculpas que o governo regional utiliza para levar a sua avante.
11 comentários:
Cqro luís Calisto
Penso que todos estamos de acordo quando se atribui a origem da maior parte dos incêndios a acções criminosas. Há mesmo quem alvitre (Presidente da Protecção Civil da Madeira) que 90% dos fogos são dessa origem.
A ser assim, 90% do esforço terá de ser exercido no ataque ao crime de fogo posto.
As polémicas geradas em torno dos meios, aéreos ou submarinos (passe o humor negro), são mera cosmética para alimentar os jogos da política e de interesses instalados ou a instalar. Há que ir ao fundo do problema, doa a quem doer. Há que investigar quem é que lucra com toda esta desgraça.
A par de todas as incidências da situação, cabe responsabilizar o governo pela não-prevenção. Com os terrenos sujos como estão, um só incendiário põe isto a arder sete anos, outra vez.
Meus Caros: Sem prejuízo daquilo que escreverei noutro lado, vou deixar-vos estas linhas. Aceito que haja alguns fogos gerados por acção humana. Acho, porém, excessivo 90%. Subscrevo a necessidade de investigação, mas também não hesito em aceitar que a busca de incendiários alimenta, distrai, a opinião pública da incúria generalizada ocorrida com a não limpeza das proximidades das habitações.
E se não vejamos, caros Doutor e Coronel, a preocupação revelada ainda hoje, segunda-feira, pelo distinto chefe: procurar responsáveis pela tragédia é assunto prioritário. Para distrair, claro. Da minha parte, estão à mão os responsáveis, os que não cumprem o dever da prevenção.
Caros amigos
Essa ideia dos 90% pode ser verdade ou mentira.
No primeiro caso, o GR peca por não ter accionado os devidos meios da Justiça e, em boa verdade, por ter pactuado com o crime. No segundo caso, peca por mentir.
Não é brilhante, convenhamos.
Procurar responsáveis pela tragédia é assunto prioritário ? Pois e, das Policias, do Governo o assunto prioritario deve ser o mais rapido possivel acudir a todos os que perderam tudo ou mais uma vez vao ficar a espera que chegue os milhoes que entretanto vao ser pedidos ao Governo Central e CEE.
Só um esclarecimento
É obvio que a prioridade após o desastre é acorrer às vítimas. Mas tal não impede a investigação criminal, uma vez que os detectives não costumam andar de mangueira na mão.
Se o GR tem assim tanta certeza de que 90% dos fogos são criminosos, algo que não é de agora, já deviria ter accionado os meios de investigação, de forma a prevenir em vez de remediar. Ou, pior ainda, em vez de se lamuriar e armar em vítima.
Que fique bem claro: se todos os criminosos de fogo posto estivessem na cadeia, 90% dos fogos, grosso modo, não teriam ocorrido.
Ou então, os tais 90% aventados pelo GR não passam de uma execrável mentira.
Seguiremos o assunto, porque, quando o pau for, o governo esquecerá os incendiários.
Quando souberem quantos incêndios aconteceram podemos falar em percentagens. A maioria não faz a mínima ideia da dinâmica do fogo, não imagina que um foco inicial pode dar origem a outros 10 focos independentes num raio de kms e que cada um deles pode fazer o mesmo...
A tese do terrorismo dá muito jeito...
amsf
Entendi já o posição do Fernando Vouga.Confesso que inicialmente ela pareceu-me incoerente. Após os esclarecimentos subscreveu-a.NÃO VÁ VITIMAR-SE O DO COSTUME COMO PARECE PRETENDER.
Penso que estamos de acordo no essencial da questão.
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