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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Madeira ao Vivo



A ILHA ARDE:ONDE ESTÃO MANUEL ANTÓNIO E JARDIM?


A pergunta é formulada pelo geógrafo e ambientalista Raimundo Quintal, preocupado com os fogos que devastam a Madeira em vastas zonas



"Será que a Protecção Civil vai continuar a dizer que a situação está calma?" - pergunta o Dr. Raimundo Quintal, indignado com as informações que lhe chegam ao minuto sobre os fogos espalhados pelo oeste da ilha e pelas zonas centrais. "Em Agosto de 2010, a cordilheira central da Madeira ardia enquanto a Protecção Civil dizia aqui em baixo que estava tudo sob controlo."

Raimundo Quintal acompanha os desenvolvimentos dos incêndios que devastam matos e área florestal em várias zonas da Madeira. Agora mesmo, acaba de receber a informação de que o fogo chegou ao Parque Ecológico, acima do Poiso. Entre outros prejuízos, as labaredas podem devastar as zonas replantadas pelo próprio Dr. Raimundo e seu grupo de incansáveis protectores da Natureza insular.

"Eu conheço a teoria de que quanto mais se fala em incêndios mais se provoca os pirómanos", diz Raimundo Quintal. "Mas não é escondendo a realidade que se acaba com a desgraça. É sensibilizando as pessoas para os procedimentos de prevenção."
E recebe mais uma notícia de pessoas no terreno: no Lombo das Vacas e no Amparo, sítios da Ponta do Pargo, o fogo destrói investimentos agrícolas, palheiros, casas desabitadas e uma que parece habitada - tudo ardido.
"Pergunto: onde estão o chefe do governo e o secretário do Ambiente, onde estão as soluções deles no terreno, que ainda não vi nada?"
O secretário parece que vai agora dar uma volta por aí. Agora?!


Chorar e gritar pelos bombeiros...


Raimundo Quintal na condução dos trabalhos botânicos no Hotel Porto Mare.


A situação na Ponta do Pargo já foi e continua dramática igualmente no Pedregal e perto da zona da capela de N.ª Srª da Boa Morte. 
"É tudo resultado - diz o Prof. Raimundo - do desleixo durante o ano inteiro."
Lembra que, nestes momentos, as pessoas choram e gritam pelos bombeiros. E quando não há incêndios? Aí os responsáveis deviam ajudar a população a tomar consciência para as acções preventivas necessárias, a limpeza do matagal, o corte das árvores secas, a substituição de eucaliptos, pinheiros e acácias por vegetação indígena, mais difícil de arder.

Raimundo Quintal considera necessário um plano - que não se fique no papel - destinado a garantir a substituição daquelas árvores - eucaliptos, pinheiros e acácias - que foram importadas no século XIX pelo então governador José Silvestre Ribeiro para preencher a zona sul da Madeira, que estava desertificada, travando a erosão, e por um objectivo económico - dar lenha.

Praticamente, essas três árvores deixaram de ter interesse económico - e com a agravante de o pinheiro estar atacado por doença.
Então - preconiza o Dr. Raimundo Quintal - é urgente substituí-las por vegetação indígena da floresta primitiva.



Processos para prevenir fogos

Há outro perigo na actualidade, que é o de os responsáveis desvalorizarem a seca tremenda que assola o território insular. A pouca água reservada para rega lá apagar fogos.

Raimundo Quintal relembra "tarefas elementares" a desempenhar no Inverno, como limpar as matas, operação simples. A população 'foge' ao serviço? Que tal o incentivo de pequenas centrais eléctricas a partir da queima de resíduos florestais? "Não há coragem para isso, aí está o problema", ataca Raimundo. "O concelho da Calheta é dos mais propícios aos incêndios, mas os responsáveis não lhe dão importância, quando podiam pensar nessas pequenas empresas e artifícios do género para prevenir os fogos."

O caso é que os bombeiros combatem neste momento sem descanso. E no resto do dia, tal como em toda a quinta-feira, teremos temperaturas de abrasar.




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