Incêndios

PJ CONHECE CÚMPLICES DOS TERRORISTAS E NÃO OS PRENDE

O governo terá de 'ir dentro' por colaborar com os supostos criminosos, ao disponibilizar matagais e lixeiras por toda a ilha. Jardim deve ser 'apertado' em interrogatório rigoroso, para 'cantar' o que sabe sobre os terroristas que garante existirem

Comando das operações de combate aos incêndios: não fora a população mais os bombeiros, o fogo estaria agora no Pico Ruivo e na Ponta de São Lourenço.

Chefe das Angústias visitou esta segunda-feira o concelho de Machico para inaugurar meia dúzia de pavilhões de um daqueles parques empresariais que, até à data, muito úteis se têm revelado como pasto de cabras em toda a ilha.

Enquanto as vítimas dos incêndios choravam sobre as cinzas das casa, das fazendas e das almas, o vanglorioso regedor retomava o seu passatempo de eleição, porque, disse ele, "a vida continua".

A 'cruz' dos madeirenses que assentou arraiais nas Angústias a título perpétuo teimou, durante a saloia cerimónia, na tese do 'terrorismo incendiário'. Referia-se à semana queimada que sofremos. "Aqui já não foi a natureza, aqui foi a mão humana, e quem fez isto tem de ser castigado", bradou pela enésima vez, para que o povo continue de olhar fixo no dedo que aponta para a Lua. 

Quem falava era presidente do governo. Portanto, deve ser-lhe exigido que revele o que sabe. A 'certeza' das suas acusações só pode estar muito bem fundamentada. Logo, ele conhece pormenores que não transmite às autoridades competentes. O que configura um crime de obstrução à Justiça.

Por outro lado, a PJ conhece perfeitamente - e o Ministério Público também - os cúmplices dos alegados terroristas. São os próprios governantes e o chefe Jardim. Os terroristas, se os há, beneficiaram de um território caótico em termos de prevenção de incêndios para criminosamente atearem e fazerem propagar os fogos. A vigilância nas serras foi desprezada vai para muitos anos, bem como a limpeza lá por cima. E nos terrenos particulares há 'barris de pólvora' na forma de lixeiras e matagais assustadores sem que o governo haja mexido uma palha para mandar aplicar a lei que obriga os particulares a varrer a 'gasolina' daquilo que é seu.

Se por acaso não houve terrorismo incendiário, então o governo de Jardim é o principal, aliás o único culpado.

Se houve terrorismo, atentou contra o património territorial, enquanto cúmplice imperdoável no nefando crime.

Num caso ou noutro, as autoridades judiciais precisam de agir. Os terroristas, se é que existem para além dos prolíferos 'moinhos de vento' do chefe das Angústias, e até acreditamos que haja algum, andam bem disfarçados por aí, que as polícias não lhes conseguem 'deitar a luva'. Já quanto aos cúmplices, Ricardo Silva e os magistrados do MP têm-nos 'à mão de semear'!

Porque se constituem como ameaça pública, prisão preventiva com eles, pelo menos até à época das primeiras chuvas. Se chover.

Estas diligências não podem ser descuradas. Como alertou ontem o próprio chefe das Angústias, "nós arriscamo-nos a que amanhã a população seja perturbada por terrorismos semelhantes ou outras formas de terrorismo".

A polícia precisa de agir imediatamente, uma vez que a população apenas conta com eleições onde tomar medidas punitivas lá para 2015.

Ainda na imponente cerimónia de inauguração dos pavilhões que brevemente servirão de manjedouras douradas, chefe atacou os "falsos ambientalistas" que criticaram os novos caminhos em sítios onde agora se combateram os fogos.

Gabou também o "esquema de saúde e segurança" da Região que permitiu que "se actuasse... com esta eficácia". Elogiou a excelência do combate ao terrorismo incendiário, a seu ver feito "com toda a eficiência" - numa ilha pequena que ardeu durante uma semana!

Revelando que ainda não aprendeu a lei, reeditou a balela de que os donos de terrenos impedem os serviços competentes de lá entrarem para fazer limpeza. 

E perorou discursata fora sempre no sentido de sacudir para longe as provas do crime ambientalista de que é autor, ou pelo menos cúmplico decisivo - lançando raios e coriscos sobre os ambientalistas a quem não consegue corresponder com argumentos.

Numa palavra, sua excelência aproveitou a desgraça do povo para fazer política.

Para esta terça, logo de manhã, chefe perpétuo sai do Funchal a caminho das zonas devastadas pelos incêndios. Fá-lo agora, uma vez arrefecidos os ânimos, com a certeza de que o fogo consumiu também as forças das desprezadas populações.

Porém, o homem não nasceu ontem e deverá mostrar peito devidamente rodeado por um alargado dispositivo de segurança.

O seguro morreu de velho.

E não é tão cedo que os madeirenses se livrarão da pesada 'cruz' que lhes caiu em sorte.