Delírios da Madeira Nova

EXTREMA CALÚNIA: CHEFE JARDIM CHAMA INCENDIÁRIOS AOS BOMBEIROS!

Haverá ser vivo nesta terra que ainda não tenha sido enxovalhado pelo rei das Angústias?

O chefe do governo regional é único, de facto: quanto mais agitadas e estapafúrdias as situações, mais capacidades revela para surpreender. Só que, desta vez, não há quem possa evitar chocar-se e indignar-se ao saber de mais uma das cortantes atoardas que ele normalmente despeja por aí na ânsia de afirmação permanente.

Sem pestanejar, chefe das Angústias revelou esta terça-feira os alvos das suas suspeitas sobre o que classificara de "terrorismo incendiário". Para quem não está a par dessas declarações, segure-se bem: os terroristas que andaram a pegar fogo na ilha toda - trovejou sua excelência - são exactamente... os bombeiros!!!

Nessa lógica delirante, os homens das corporações anti-incêndio não gostaram que o presidente das Angústias observasse que há bombeiros a mais na Madeira e, daí até ao desencadear dos incêndios, foi o tempo de um pavio.

Ou seja, alguns bombeiros, 'passados' com o grande chefe, pegaram em tochas ou coisa que o valha e andaram por aí a fazer das suas, se calhar num carro preto.

É o cúmulo!

Homens que ganham pouco. Que nos últimos meses têm ganho NADA, vítimas de salários em atraso. Que ainda assim correram para os destinos traçados pelos comandos arriscando a vida para dominar os incêndios colossais que desvastavam florestas e casas e ameaçavam vidas. Que passaram dias seguidos a enfrentar o perigo, sem ir a casa, mal dormidos e mal alimentados. Que precisaram do reforço dos companheiros vindos do Continente.

...Para hoje receberem esta 'paga', da boca viperina de quem fica sempre no conforto próprio do presidencialato e bem seguro com pelotões de guarda-costas à ilharga.

É estranho que pouco depois daquelas afirmações presidenciais contra os bombeiros se tenha desencadeado pela ilha um inferno de Dante - acusou claramente sua excelência, para que todos os microfones gravassem a terrível e achincalhante calúnia.

Duvidamos que algum governante no mundo, em toda a História, fosse capaz de semelhante difamação, de tão humilhante enxovalho.

Mas depois, ainda nas suas declarações, o homem já dizia - não se percebeu bem - que não seriam bombeiros de cá, porque estes não andam "nessas organizações". Mas se os bombeiros de lá vieram já com a tragédia em curso! E depois, ainda nas mesmas declarações, já parecia ao chefe que os incêndios eram para provar que não havia bombeiros a mais, logo incêndios no interesse dos bombeiros madeirenses...
Enfim, um líder decadente e desorientado.

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais obviamente intentará, hoje ou amanhã segundo afirmou seu presidente Fernando Curto, um processo-crime contra o atrevido trampolineiro. Que cobardemente invocará a sua imunidade. Mas o caso não prescreverá. O reinado está na vazante.

Em último caso, se fosse condenado, sr. chefe facilmente conseguiria um atestado para o poupar da cadeia. E um atestado honestamente passado.

Na verdade, este seu indecente ataque à briosa classe dos bombeiros já nem parece um caso de polícia, mas uma situação a merecer acompanhamento.