Delfins

Divulgamos um texto enviado pela candidatura de Sérgio Marques à liderança do PPD-Madeira

SÉRGIO CONSIDERA VENEZUELA

TÃO GRAVE COMO UCRÂNIA

Solidariedade com a comunidade portuguesa

Não posso deixar de expressar a minha enorme preocupação face aos acontecimentos que ocorrem na Venezuela. País onde se regista uma trágica espiral de protesto duro, por parte da oposição, e de resposta violenta, por parte do Governo, que se traduziu já em 13 mortos e centenas de detidos.

Mas expresso também a minha solidariedade para com a Comunidade Portuguesa aí estabelecida, maioritariamente composta por nossos conterrâneos e que sentem na pele a situação crítica que a Venezuela atravessa.

Mais de uma década de má governação e de caminho em direção ao “socialismo do século XXI” explicam a presente situação de um País radicalmente polarizado, registando níveis de crime violento assustadores e onde a corrupção é galopante.

O quadro completa-se com uma situação de enorme fragilidade democrática (censura, violação de direitos humanos, controle absoluto do poder judicial…) e por uma explosiva situação económica, com desemprego e inflação em níveis elevadíssimos, ausência de crescimento económico relevante e onde tudo falta, desde bem alimentares essenciais a medicamentos.

Infelizmente, fui testemunhando, por ocasião das frequentes visitas que enquanto deputado europeu fiz aquele País entre 1999 e 2009, esta lenta queda no abismo, por contraposição com o dinamismo económico evidenciado pela esmagadora maioria dos restantes países latino-americanos que ressurgiam de anos de marasmo.

Paradoxal que tudo isto se passe num País que detém as maiores reservas petrolíferas do Mundo, mas onde escasseia investimento para as explorar em benefício de toda a sua população.

Não obstante o modelo político, económico e social venezuelano não ser aquele em que nos revemos, respeitamo-lo, até porque foi sucessivamente sufragado pelo povo Venezuelano. Por outro lado, existem relações de amizade e acordos bilaterais de extrema importância, entre os nossos dois países, que é fundamental salvaguardar.

Evidencia-se como imperioso, sentar à mesma mesa, Governo e Oposição e substituir uma lógica de permanente guerrilha e conflito, por uma lógica de diálogo, de cooperação, de reconciliação e convivência pacífica, em torno de objectivos e valores, que não obstante as profundas diferenças, possam ser comuns a ambos os pólos.

A Comunidade Internacional, e em particular a União Europeia, não podem fechar os olhos ao que se passa na Venezuela. O Parlamento Europeu já fez o que devia fazer. Espera-se que o Conselho de Ministros e o Alto Representante para a Política Externa possam ir bem mais além, do que exprimir preocupação face à gravidade da situação e desencadeiem as necessárias iniciativas diplomáticas.

Com excepção da relevância geoestratégica, o que se passa na Venezuela não é menos grave do que aquilo que ocorre na Ucrânia.