LARANJAL 'DE LOUCOS'

JARDIM ESFRANGALHA PPD-M

PARA DEPOIS O BATER NAS URNAS

Chefe está farto do PPD-M. Tenciona fundar um partido diferente. Arrasa os social-democratas que vão continuar na Rua dos Netos. Entretanto, expulsa 'traidores' e rebenta o que ainda está de pé. Com a comissão política e o conselho regional a aplaudir, de poltrona. 

O homem vai estar noutro partido e os obedientes
do PPD ainda se regerão pelos estatutos e
regulamentos dele. De gargalhada!

Não nos precipitemos, que o erro pode ser nosso. Primeiramente, impõe-se verificar se algum fenómeno inacessível à nossa vista e à nossa compreensão justifica de algum modo a situação 'de loucos' no interior do PPD-Madeira.

Pensemos. Reflictamos com serenidade. Façamos o cruzamento das probabilidades. Analisemos a cabeça de cada uma das mais visíveis personagens na grelha supostamente dirigente da Rua dos Netos. Percamos um bocado de tempo a percorrer os recantos mais sombrios e recônditos do moribundo gigante da política regional. Ouçamos as conversas e as especulações da 'rádio carpete'.

E então?

Pensámos. Reflectimos com serenidade. Cruzámos informações.

Nada. 

Não estávamos a ver mal.

Nada de fenómenos. Nem sob a ribalta nem a recato dos bastidores.

A realidade é que os dados se apresentam claros, levando-nos a diagnosticar sem hesitações uma patologia do foro psíquico-político. Loucuras que geralmente atacam as ditaduras em final de vida. Mais abrangentes do que parecem.

No caso, os sintomas são evidentes e não enganam.

O líder ancião, que pôs em movimento uma inaudita cruzada para derrubar e expulsar os seus adversários internos, utiliza como argumentos para tal punição aquilo a que convencionou consigo próprio denominar de 'traições ao partido'. Como por exemplo dar entrevistas que o critiquem a ele ou simplesmente decidir concorrer à sua substituição na chefia do Laranjal.

Tudo tentativas - diz ele - para fazer implodir o partido e permitir o regresso dos senhores da Madeira Velha. E da maçonaria e da trilateral e do Bush e da banana-dólar e do arco da velha.

Continuam recebendo ordem de expulsão antigos quadros do partido, por exemplo presidentes de câmara, que, rezam as acusações, prejudicaram o partido nas eleições autárquicas (ou seja, que apoiam Miguel Albuquerque na corrida dos delfins).

Perante a intransigente defesa que o guardião da Rua dos Netos faz em nome do Laranjal, o que é que havemos de ouvir da boca da mesma personagem? 

1 - Que o dito-cujo se fartou do partido na Madeira.

2 - Que ele nada tem a ver com o partido laranja nacional.

3 - Que ele está disponível para participar na fundação de um partido alternativo nem que seja baseado no hilariante FAMA.

4 - Que o congresso electivo não deve ser antecipado, apesar do desejo diferente dos candidatos internos assumidos, a quem competirá dirigir o partido, em breve. 

5 - Que há um regulamento a ser aprovado pelo conselho regional, sábado, e que ninguém pense em fazer campanha antes da Festa das Carreiras (ele chama Chão da Lagoa). Que, segundo esse regulamento, os candidatos não pensem em fazer convites à toa para as suas conferências e sessões de esclarecimento, porque o PPD terá uma espécie de polícia para não deixar entrar estranhos nas sedes.

6 - Que em Janeiro tenciona entregar o governo regional, como num passe de mágica, ao vencedor das eleições internas de Dezembro, e o sucessor que governe com o orçamento feito por ele.

7 - Que, se o Sr. Silva (como Jardim deseja) não aceitar a passagem de testemunho, sem eleições, não há problema, porque ele, chefe, continua nas Angústias até Outubro de 2015.

Vejamos se percebemos bem.

O homem que diz defender o PPD-Madeira, 'pondo na rua' todos quantos atentem contra a unidade partidária, diz publicamente estar farto do partido; propõe-se fundar um outro partido, para, com a nova camisola, disputar eleições àquele que agora tanto diz defender; estando em vias de 'virar a casaca', pretende ditar leis e regras para o futuro do partido que abandona; chama 'tontos' e frequentadores de tascas aos candidatos de onde sairá o futuro líder do seu actual partido, oferecendo assim argumentos à oposição para as lutas do futuro.

Será tudo isto normal? É natural o que sai deixar condicionados os seus futuros adversários, os que ficam no PPD?

Aceitemos que sim. Tantas décadas de poder afectam cabeças e comportamentos. O conceito de normalidade assume significados abstrusos. Que o homem das Angústias não seja o culpado, pronto. Agora não nos digam que não há culpados. Há culpados, claro que há: aqueles que permitem ao homem pôr e dispor de um partido de onde já devia ter sido corrido - e se não o puderam fazer há mais tempo, têm matéria nas últimas semanas para um chuto que jogue bem longe.

Quem tem culpa é quem o deixa proceder assim, destruindo a casa inteira para que nenhum sucessor lhe faça sombra na História - convicto que ele está da sua grande obra obrada e desobrada.

A comissão política deixa-o chamar traidores aos potenciais sucessores e deixa-o desancar no próprio partido, a quem se propõe derrotar em breve, quando concorrer a eleições de braço dado com Gabriel Drumond e mais uns quantos da 'brigada do reumático', daqueles que votarão sábado no centro de congressos.

O conselho regional vai deixá-lo fazer como quer, como se o futuro passasse por ele.

Enfim, quando se der a implosão, não se aproveita nada daquele edifício.

A melhor saída é um internamento em massa lá em cima, no '300'.

Porque... não excluímos a hipótese de, no meio da loucura generalizada, Jardim ser o mais lúcido de todos. Daqui a uns tempos, se ele ganhar mais votos do que este PPD de pantanas, então será de gargalhada. 

PS - Num caso ou noutro, a Oposição que trabalhe em ritmo de urgência nos seus projectos, porque a viragem da parvónia é para mais cedo do que se julgava.