A propósito de notícias em circulação apresentando números de desemprego, um Leitor do Fénix, farto de demagogia, sugere a leitura do artigo que transcrevemos aqui.
Desemprego e emigração
Nos três anos de vigência do actual governo, entre emigrantes permanentes e
temporários, saíram do País 350 mil portugueses, sempre em crescendo.
Saíram agora os números do desemprego e da emigração relativos a Setembro.
O Governo canta vitórias. Em termos oficiais a taxa de desemprego baixou de
15,7 em Setembro de 2013 para 13,9 em Setembro deste ano. Continuamos no 5º
pior lugar da Europa a 28, tendo apenas abaixo de nós o Chipre, a Croácia, a
Espanha e a Grécia.
Pouco importaria que o desemprego fosse mais elevado, hoje, que quando o
actual governo iniciou funções (12,5%), se estivéssemos a sair consistentemente
da crise. Infelizmente tal não acontece e teremos que saber se o governo canta
de júbilo ou se canta para seus males espantar.
Em relação a Setembro de 2013, tivemos menos 81 mil desempregados
registados. Mas os "ocupados" em programas activos de emprego
aumentaram de 115 mil há um ano, para 155 mil (+35%, neste ano e +495%, desde o
início deste governo). Tais programas são por definição transitórios, levando o
trabalhador a saltitar entre lugares desfocados vocacionalmente e induzem
empregadores a deles abusar, evitando criar novos empregos. Estágios, acções de
formação e outras medidas, multiplicados nestes três anos e meio de governo,
dir-me-ão, foi melhor que o desemprego. Mas não deixa de ser uma cosmética que
esconde a dura realidade.
Em pior situação se encontram os desencorajados ou desistentes, pessoas que
apesar de desempregadas já não diligenciam procurar trabalho. Eram 256 mil no
2º trimestre deste ano, tendo aumentado em quase 110 mil desde o início deste
governo. Ou seja, contamos um pouco mais de um milhão de cidadãos activos que
não têm emprego, entre desempregados registados (616,6 mil), os
"ocupados" em medidas activas de emprego (155 mil) e os desempregados
já desiludidos ou desmotivados (256 mil, aproximadamente). Mas não é tudo.
Falta contar os que saíram do País.
Nos três anos de vigência do actual governo, entre emigrantes permanentes e
temporários, saíram do País 350 mil portugueses, sempre em crescendo: 101, 121
e 128 mil, respectivamente, em 2011, 2012 e 2013. Os 128 mil emigrantes
registados em 2013 pouco nos dizem, se não os compararmos ao longo do tempo.
Quando chegou o 25 de Abril, em 1973, emigravam 140 mil portugueses. Um ano
após o 25 de Abril, com o fim da guerra colonial e o optimismo da mudança, o
número de emigrantes caiu drasticamente para 40 mil, situando-se, por três
décadas, sempre abaixo desse patamar, só voltando a mais de 100 mil em 2011.
Deste novo surto migratório, cerca de 42% são emigrantes permanentes e 58%
são temporários. A distribuição por idades não engana quanto à saída dos
trabalhadores em idade activa: 112 mil (88%) situavam-se entre os 20 e os 64
anos e 55 mil (49%), entre os 20 e os 49 anos. Concentremo-nos apenas nos
emigrantes permanentes com idades entre os 20 e os 49 anos. Em três anos somam
110 mil activos. Cidadãos portugueses em idade activa que não encontrando
emprego em Portugal, saíram para trabalhar no Estrangeiro.
Em resumo, mesmo descontando os "ocupados" em medidas activas de
emprego, a perda de actividade sofrida pelos recursos humanos no País, devido a
desemprego directo, desemprego desiludido e a emigração dos três últimos anos,
em 2013 quase atinge o milhão de habitantes (983 mil).
Com a notável diferença de, antes do 25 de Abril, a emigração ser
constituída por jovens adultos com escassa literacia e quase nula preparação
profissional; enquanto agora estamos a atirar para fora das fronteiras,
enfermeiros, médicos, engenheiros, arquitectos, gestores, técnicos de formação
superior, excelentemente preparados, indispensáveis ao nosso processo de
desenvolvimento.
Eis por que se exige paciência de santo, para ver e ouvir o Dr. Portas, o
seu ministro do desemprego e o Dr. Passos Coelho cantarem louvores à sua
excelente governação e afixarem cada décima destas contas complexas, como
perdizes ao cinto. Só a eles próprios se conseguem iludir.
4 comentários:
O INE e o Eurostat são mentirosos...
Caramba, há ou não menos desempregados? O resto são lucubrações tontas
Sim senhor, caro anónimo das 18:01, só o sua excelência da quinta vigia é dono da verdade absoluta...
Caro anónimo das 23:19, que vai ser de vocês quando AJJ deixar o poder? é que não conseguem ver mais nada à frente. O que eu disse é um facto: o INE e o Eurostat devem estar errados e são mentirosos!
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