GUERRA DO PODER INSTALADA NO PS/M

Decorreu a meados do mês de dezembro, a comissão regional do PS local que serviu para debater a situação financeira do partido.

Perspectivava-se uma reunião calma, mas o que realmente aconteceu no Casino da Madeira foi uma guerra entre a fação Emanuel Câmara representada pelo actual secretário geral, Picareta, que está de saída do cargo, e a fação Paulo Cafofo representada por Sérgio Golpes Abreu. O apetite pelo controlo do milhão e 200 mil do Jackpot é tanto que  faltou pouco para chegarem a vias de facto, tendo o Trindade da TAP de separar fisicamente as partes.

Picareta caiu em desgraça dentro do PS, pois desabaram sobre si as responsabilidades pela escolha da sua namorada de curso, Sara Cerdas, que conduziu o partido a uma derrota muito pesada nas Europeias. 

Cafôfo e Iglesias consideram que uma vitória nas europeias teria conduzido o partido à vitória nas regionais. Dizer que foi uma figura menor como Picareta a impor um candidato para as europeias é ridículo, mas a corda parte sempre pela lado mais fraco, e o jovem vereador não será reconduzido no cargo que ocupou nos últimos anos. 

Na CMF a situação não é muito diferente. Sonso Gouveia retirou-lhe pelouros e despachou um dos seus adjuntos. A relação entre os dois esfriou ainda mais depois da barracada sobre a Placa Central, quando picareta extrapolou funções, envolvendo a irmã de Sonso Gouveia, sua adjunta e ex-namorada, o que motivou que Sonso levasse a picardia a sério, escalasse a polémica com a Secretaria do Turismo e saísse chamuscado do conflito.

A divisão no PS tem ganho outros contornos e protagonistas, deixando de se cingir a Emanuel Câmara e Paulo cafofo. 

Depois da célebre quase cena de pancadaria dentro da câmara municipal entre o consul cubano e Sonso Gouveia, separados por um contínuo, por conflito de interesses na atribuição de tachos entre os dois, Sonso Gouveia afastou-se da clique cafofiana e vive um momento isolado dentro do partido, que alguns equiparam ao momento de Francisco Assis no PS nacional.

Duarte Caldeira para a Câmara do Funchal

Os constantes conflitos e barracadas que Gouveia provocou nos primeiros meses de presidência da câmara desagradaram a todas as facções socialistas, que o vão acusando entredentes de procurar o protagonismo que lhe falta no eleitorado através de guerras permanentes que já se revelaram ineficazes nas eleições regionais. O entendimento das cúpulas socialistas é que sonso Gouveia não deve ser reconduzido como candidato a presidente de câmara. Mas não só pelo amadorismo que tem revelado. Duarte Caldeira, que pretendia ser candidato a vereador em 2017, e deputado em 2019,  já manifestou a vontade de querer ser candidato a edil da cidade e é o nome predileto de Cafôfo para a presidência graças à popularidade obtida na liderança da junta de São Martinho. O único entrave é o presidente da concelhia do Funchal, Bruno Ferreira, dos poucos que mantém proximidade com Gouveia, que por sua vez continua a tolerar o seu estatuto especial na Frente Mar. Ferreira, diz-se que por interesse próprio, quer Gouveia novamente candidato. Caldeira já terá mesmo contactado vários militantes a solicitar o apoio. Amigos de longa data, tudo mudou entre Caldeira e Gouveia desde que o atual presidente da câmara recusou a mulher de Caldeira, Andreia Caetano, como sua chefe de gabinete. A ex-adjunta de Cafôfo confidenciou aos mais próximos que não poderia continuar na câmara naquelas condições e mudou-se para a assembleia.

No entanto, figuras próximas de Sonso Gouveia garantem que o mesmo terá estudado a hipótese de ser candidato por um movimento de cidadãos, a confirmar-se o apoio do PS a Caldeira. As mesmas figuras asseguram porém que a falta de apoios, que se resumem a Bruno Ferreira, terão obrigado o engenheiro a ter contactado já a sua entidade patronal de origem, empresa de electricidade, para garantir um bom regresso, possivelmente bem negociado.

Voltando à questão financeira, o PS Madeira neste momento recebe 1,2 milhões de euros por ano, que motivam grande interesse dos seus dirigentes, tenham cargos públicos ou não. Muitos dos quais a quem foi prometido serem adjuntos do grupo parlamentar  queixam-se que não estão a ser reconhecidos ao nível do seu empenho realizado nas eleições. 

Sugerem os descontentes que o novo e rico PS Madeira tem privilegiado muitos caciques por toda a ilha de forma a apoiarem Paulo Cafôfo nas próximas eleições internas, evitando assim outras candidaturas e moderando o desalento de várias figuras socialistas com a derrota nas regionais, quando o partido tinha todas as condições para ganhar.

Madeirense Justo