Powered By Blogger

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O que vai na Praça



A ESTA TERTÚLIA DA INTRIGA SÓ FALTA SUA EXCELÊNCIA



Sempre movidos pelo propósito muitas vezes incompreendido que é o da luta pela verdade, relatamos o convívio desta manhã de quarta na baixa. Que o chefe se liberte rapidamente daquelas maçadas nas Angústias, para vir elevar o nível destas tertúlias dos 'patas rapadas', eis o nosso voto ardoroso.



O nosso amigo Machadinho lá em cima ao sol abrasador da Herdade, tratando que tudo esteja a postos para o sucesso do nosso 'Woodstock', e os intriguistas cá em baixo, no fresco das esplanadas, a dizer das boas. (Imagem JM)


Os tertuliantes das esplanadas centrais passaram a manhã desta quarta-feira ensombrados pela depressão colectiva que se agrava dia a dia.
Um funcionário que já faz parte da mobília do governo instalado na Junta Geral resolveu infiltrar-se no nosso grupo, mas, apesar de o saberem muito cosido com o Machadinho e com outros operacionais da máquina laranja, os convivas não se coibiram de 'lavar' na situação e nos situacionistas.

- Que se lixem os espiões do regime, porque pior não posso ficar - atacou mesmo, logo com esta piada, aquela figura destemida do contabilista sem trabalho.
- Eu também já estou por tudo - assistiu o próprio espião, para se abrigar fora de suspeitas - Lá foi o tempo em que eu mal falava no serviço, para não me queimar. Agora, tanto se me dá, como se me deu. Também pior não vou ficar.


Cicerones de lanterna à procura dos continentais lusos e espanhóis que vinham no Verão

O antigo vendedor de tabaibos, com feição mais acabrunhada do que o costume, e apesar da volta que lhe deu no estômago a hipocrisia do espião, radicalizou:
- Não se pode descer mais, porque já batemos no fundo. Vejam estas esplanadas. Meia dúzia de estrangeiros, com um sumo, uma imperial e uma torrada... e nós, aqui, com um café... Aliás, quase só vejo copos de água aqui em cima da mesa.
- Nos bons anos - complementa o bancário reformado - os meses de Julho, Agosto e Setembro eram de enchente nestas ruas, com espanhóis e portugueses continentais. Agora!... Eles também rebentaram todos por lá.

- Imaginem nós aqui, encostados à espada com os problemas do país e ainda por cima com as dívidas que andaram para aí a fazer às claras e às escondidas! - o contabilista sem trabalho falou depois de em vão ter tentado interpretar a mensagem dos bonecos do JM, que folheava para a frente e para trás - Li aqui no nosso jornal do rei e do bispo, um dia destes, que a secretária regional talvez traga turismo sul-africano. Aproveitou o Dia da Região para promover a Madeira naqueles lados. 

Gerou-se uma discussão pastosa. Um dos convivas entende que a promoção da Madeira sempre foi um desastre e que, nesta altura, podem continuar a baixar a diária nos hotéis funchalenses, mesmo nos de 5 de estrelas, que o estrangeiro não tem paciência de vir passear a uma ilha que não tem nada de característico, é tudo lata automóvel e cimento de construção, exactamente como eles têm lá.


Viver num dos nossos hotéis sairia mais barato aos casais madeirenses 

- Isso é verdade: apesar das rebaixas, apesar dos hotéis ao preço da chuva, isso aí está tudo às moscas - realça um cicerone que trabalha, ou marca presença, nas férias dos outros - Eu até já tive uma ideia... Acho que a secretária devia fazer promoção era aqui mesmo na Madeira.
- Que ideia estapafúrdia!, promoção turística na Madeira? - pergunta um professor que mal dorme com receio de ficar sem colocação no próximo ano lectivo.
- Não sei se os senhores já repararam - o cicerone adensa o mistério - que as diárias baixas praticadas hoje pelos hotéis da Madeira poderiam resolver muitos problemas aos próprios madeirenses.
- Homem, a hotelaria não tem mais empregos para dar, tomara que eles se vissem livres de metade dos trabalhadores.
- Não é isso. O que digo é que a situação de crise no turismo também pode ser encarada como uma oportunidade de negócio.
- Oh amigo, não nos massacre com as teorias empreendedoras do Passos Coelho. Ele é que vê no desemprego uma tábua de salvação para alguns...
- Sim - aproveita o contabilista - Ele que começou a trabalhar depois dos 40!

O cicerone pressente que conseguiu atrair as atenções.
- O que me parece é que a secretária devia promover o turismo para nós... cá dentro. Ganhavam os hotéis e ganhavam os necessitados.
- Os necessitados?
- Sim. Julgo que hoje, praticando-se diárias de 30 e 40 euros, sai mais barato a uma família de madeirenses sair de casa e instalar-se num hotel.
- Que barbaridade é essa?
- Façam as contas, façam as contas - prossegue o homem, de peito cheio - Pagar uma diária de 30 euros e dispensar-se de... Imaginemos que é com meia pensão. Pequeno almoço pago, e pode ser reforçado de maneira a se desenrascar o almoço com meia bucha. Jantar garantido. Cama feita, roupa lavada, luz paga, água paga, jornais à borla, canais de televisão à discrição - sem usar aqueles canais pagos, é claro, por causa dos pequenos e do bolso -, e até transporte para trabalhar, porque os hotéis têm aquelas carrinhas de cortesia. E com vida de lorde, piscina, relvados para bronzear, zonas de passeio, discoteca pela noite dentro... Vejam que em casa se gasta mais do que isso!

Os circunstantes estão boquiabertos. O cicerone parece que não diz uma asneira tão gritante assim. Um casal sem pagar renda de casa, sem condomínio a encarecer tudo, sem vizinhos a chatear...
- E os hotéis agradecem - carrega o cicerone - Eles sabem que, com o quilate da promoção que se faz, nem ao preço da chuva o turista volta à Madeira. Assim, ao menos que arranjem inquilinos como hóspedes.


Os chineses e os empregados sem salário



A liquidação total vai cada vez mais agressiva e competitiva, até ao dia 13 ou 14.

- O que vai para o preço da chuva é também o recheio comercial que os chineses vão meter no Bazar do Povo - muda de tema o que antigamente vendia tabaibos de roda do Mercado - Parece que aquilo à volta vai tudo à falência.
- É o que veremos - intervimos nós para tirar nabos do púcaro.
- É o que veremos, é, porque será mesmo assim - insiste o homem - A Casa das Casimiras vende uma camisa por 40 euros. Os chineses põem, mesmo à frente, a mesma camisa por 7 euros e meio. Como é que uma casa tradicional se aguenta? Vai tudo ao chão.

De um lado, chineses, do outro, o comércio tradicional, como a Casa das Casimiras.


- Mas isso quando será? - continuamos a querer saber.
- Não falta muito - responde o bem informado ex-vendedor de tabaibos, que ouve muitas histórias no seu serviço de assistente de um tubarão cá da terra - Dia 13 ou 14, acaba-se a liquidação total que o Sá está a fazer. Depois, os chineses pegam naquilo para fazer os arranjos necessários.
- É desta que metem lá um elevador?
- A câmara teima em não o permitir. Só vai deixar os chineses fazerem instalações no terraço, porque os chineses querem dormir lá. Além de não pagarem impostos em Portugal...

- Vá lá que os trabalhadores são absorvidos pelas outras casas do grupo madeirense... - picamos.
- Isso, acreditem nisso! Os supermercados têm gente nova que terá de ir para a rua, quanto mais meter lá trabalhadores com 30 e 40 anos de serviço! À rasca andam essas pessoas que, depois de uma vida ali metidos, têm de mudar de rumo, sem saber para onde.

- Podem rescindir contrato...
- Sim? Para receberem 3 e 4 meses depois de décadas a trabalhar? Senhores, se o grupo estivesse de saúde, nada disto seria necessário. Mas as dificuldades são enormes. Tem havido reuniões dos empresários com os trabalhadores, mas... Continuam os salários em atraso... e o pouco que se paga é em senhas do grupo, para fazer compras nas grandes superfícies que lhe pertencem... e que também, mais dias menos dia, estarão nas mãos da Lidl, é o mais certo.


Jardim sancionado porque ao falar de um novo partido quer rebentar o PPD por dentro

Os presentes entreolham-se, todos macambúzios, a 'carregar cascalho' sobre o futuro desta terra e das gerações futuras.

- E depois o outro (o das Angústias) ainda fala na obra que fez... para ficarmos a pagar durante 50 anos, obras sem uso, e morrendo à fome - rumina, mal disposto, o contabilista sem trabalho, perante o disfarce do espião, que abana a cabeça em sinal afirmativo - Quando precisamos de trabalho, dinheiro na economia, anda ele a falar de referendos das autonomias e de formar novos partidos... Vá mas é bar...

A ácida conversa promete piorar e o espião arranja maneira de zarpar 'com o rabo entre as pernas', para ninguém dar por ele. Não podia continuar ali a ouvir teorias e expressões comprometedoras para ele, por melhor serviço que tencionasse levar ao Machadinho. Há sempre quem deturpe os ditos e às tantas alguém lhe atribuia a ele afirmações de outros e, portanto, nada como desintegrar-se e reaparecer quando passar a tempestade.

- Há uma coisa que não entendo - faz o dos tabaibos - O chefe disse que o Albuquerque merece sanções porque agitou o partido, o PPD, com aqueles jantares de candidatura.
- Lá nisso há uma certa lógica - acudimos, para manter o clima envenenado - O homem diz que o Albuquerque pretende rebentar o PPD por dentro, e daquela maneira, de facto...
- Qual lógica! - reage evidentemente o dos tabaibos - Então ele mesmo, o chefe, fala em fundar um novo partido, para combater o PSD! Então isso não é pior para rebentar o laranjal por dentro?!


- Depende do ponto de vista.
- Mas qual ponto de vista!
- O PPD até pode ficar satisfeito com essa fundação de novo partido, o tal federalista, para o Jardim marchar sobre Lisboa.
- Oh diacho - quase sorri o dos tabaibos - Não me lembrei de ver a coisa por esse lado. Ora, ver o diabrete do rei pôr-se ao fresco não haveria de ser uma alegria para o PSD, lá e cá!


Pelas contas de Machadinho, 10 mil vão ao Chão da Lagoa a pé

O debate prossegue. Entretanto, que acontecerá a Miguel Albuquerque e aos que andam a jantar fora da gamela do laranjal?!
E como será o reencontro do presidente da câmara com o chefe, lá em cima na Herdade, a 22 deste mês?
Logo as bojardas do pessoal deterioram ainda mais o ambiente das esplanadas.
Começa-se pela afluência de folgazões, que Machadinho já anteviu ascenderem aos 40 mil. Alguém faz as contas: são 4.500 carros pequenos, 300 autocarros do campo, mais o que sai da Casa da Luz... Ora, dá uns 25-30 mil. Se ele diz que vão lá 40 mil, isso quer dizer que 10 mil sobem a pé ao planalto, com o sol que tem feito, chiça! Militância laranja é aquilo.

Mas terão o privilégio de assistir a um espectáculo com elenco de luxo: Jaime Ramos, Machadinho, chefe das Angústias, Quim Barreiros, Galáxia... Pedro Pereira não vai discursar, mas tem terreno e ambiente de sobra para os seus irreverentes números.


Espécie de Rock in Rio, Woodstock...

Aquela festa, com banhos de espuma, despiques folclóricos, bocas separatistas do chefe, copofonia pelas 50 e tal barracas (fora as barracas dos discursos do chefe e de Jaime), a ginja na zona do Curral, as maçarocas na casinha castiça de Santana, o macarrão com carne guisada na romântica representação de S. Vicente, as bandas de música, os brinquinhos, as barracas de feira com tirinhos e rifas, os carrinhos eléctricos e o carrossel...

Bem, aquele arraial de Verão costuma dar a ideia de um festival... Não, não nos metemos por aí, aceitamos que está longe de ser um Rock in Rio. Distante de um Woodstock.

Um pouco distinto. Mas ali, na Herdade, também pirilampejam as sessentistas cores psicadélicas emergentes do arraial idealizado pelo aparelho ramista. As ornamentações floridas por todo o campo, conforme o desprendimento hippy - flores e mais flores (à atenção de Manuel António e seus floricultores). Inspirem-se os perfumes inebriantes da partilha do amor que pulula pelas barraquinhas dos TSD e de algumas comissões políticas. Beba-se com entusiasmo aquele americano proibido e a poncha tradicional. Abuse-se das drogas propagadas pelo discurso alucinado e alucinante do chefe. Imagine-se Quim Barreiros cantando 'A Garagem da Vizinha' em inglês e evoquemos Joe Cocker em Woodstock no seu "With a little help from my friends'.

Ainda não é Wight. Nem sequer Vilar de Mouros.
Mas é uma grande festa da autonomia - a autonomia do rei das Angústias.

E foi com estes pensamentos a recomendar consulta urgente que ocupámos o passeio de final de manhã no marginal oásis onde costumamos ir a ares. 

2 comentários:

jorge figueira disse...

Será a festa da "Anatomia". Estamos reduzidos à estátua colocada junto à EM daí a nova nomenclatura.

Luís Calisto disse...

Em suma, estamos sempre em festa.