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sábado, 7 de julho de 2012

Política das Angústias / SÁBADO



JARDIM FURIBUNDO COM ALBUQUERQUE ATÉ SE ESQUECE DE QUE JÁ NOMEOU SUCESSOR



Jardim avisa que o PSD-M não vai a reboque das "loucuras" de Albuquerque. Mas ele, Jardim, não resiste na marcação cerrada àquele que o desafia. Vai a reboque do que o líder municipal faz e diz.



Ainda falta o ataque final de Cunha e Silva à sucessão, para o alarido no laranjal ser completo.


Miguel Albuquerque mantém o discurso de luta pela liderança do PSD-M, da marcação do congresso para Abril de 2013, conforme os estatutos, e agora lançou a ideia de antecipar eleições regionais se merecer os votos dos militantes. O  chefe desafiado não se contém.

Em artigo publicado este sábado no JM, Jardim estranha que o pré-candidato fale em ganhar o partido. "Quando?...", interroga, dando a entender que essa é uma empresa impossível.
Mas a mensagem do chefe, além dos habituais ataques e conotações para desclassificar o adversário assumido, vai na linha de ridicularizar o propósito de provocar eleições anunciado quinta-feira por Albuquerque na RTP-Madeira.  
Jardim considera os objectivos do 'líder municipal' maneiras de provocar divisões no PSD-M, para satisfazer os "inimigos" do partido... que são "seguidos por uma corte de ressabiados e de candidatos a desempregados políticos".


Conluio geral para destruir o PSD...

Como o pretende concretizar Albuquerque? Dissolvendo a Assembleia Legislativa mais de dois anos antes do termo da sua legislatura, diz o chefe. "Isto é, o Partido Social Democrata, com maioria absoluta no parlamento regional, autodemite-se e sujeita-se a novas eleições, sabe-se lá para quê", escreve o chefe do governo.
Esquece, porém, a sua decisão de fazer o mesmo em 2007, quando achou terem-se mudado as condições de governação devido ao que chamava de "garrote financeiro" aplicado à Madeira por Sócrates/Teixeira dos Santos.
Não faltavam dois anos para o fim do mandato, mas não é isso que está em causa, evidentemente. Naquela altura, quando no DN descobrimos as intenções do avanço para eleições antecipadas, o chefe declarou à imprensa em Bruxelas que essa notícia fora inventada por uns "jornalistas comunas" apostados em destruir o PSD-Madeira.
Daí a dias, o homem anunciava a autodemissão e a sujeição a novas eleições, sem se interrogar, como agora, com o "sabe-se lá para quê".



Situação actual pior do que em 2007


As condições de governação também mudaram no processo actual. Mais dramático do que o famigerado "garrote financeiro" é a forca troikiana que nos sufoca, com agravamento fatal provocado pelos balúrdios da dívida oculta da Madeira, criada por Jardim mais a sua "corte".
A situação financeira dramática de hoje supera largamente os níveis de 2007, à conta do desemprego de 23 mil madeirenses, pobreza propagada como um pavio, neo-emigração, Saúde e Educação sem dinheiro, famílias a entregar casas e carros ao banco.

Durante as eleições de 2011, não se previa quadro tão negro nem se conheciam tão graves culpas dos governos de Jardim no descalabro financeiro, e não apenas, que se escancara hoje aos olhos de todos.
Só esta triste e perigosa realidade seria motivo para baralhar as cartas e dar de novo. Piorar é impossível. E o partido maioritário já não é tão maioritário como já foi. Actualmente, a (des)governação vive ferida pela falta de maioria de eleitores.
Se o PSD-M ainda por cima, no processo normal dos congressos, optar por alterar a liderança, obviamente se tornará necessário recorrer a eleições gerais para se apurar da vontade popular sobre a escolha de cores para dirigir a Região.


A governação regional não foi condenada a laranja perpétua

É que a governação regional, embora pareça o contrário, não está condenada perpetuamente ao laranja. Outros partidos trabalham para responder à chamada quando o eleitorado se decidir pela alternância, e as indicações mais recentes indiciam que afinal o 'arco do poder' na Madeira não consiste numa só formação partidária.

No seu artigo, o chefe da maioria também se refere à "tal famosa coligação com o CDS", atribuindo esse desejo à corrente municipal, quando foi o próprio Jardim quem admitiu tal cenário em vários processos eleitorais, quiçá nos momentos de maior insegurança.

Na opinião do líder desafiado por Miguel Albuquerque, dissolver o parlamento seria "brincar às eleições numa altura económico, social e financeiramente tão difícil para a população madeirense", o que atentaria contra a "estabilidade política". Só revela desconhecimento do caos que o rodeia, uma situação de todos os perigos a tornar exigível medidas fracturantes com a praxis destes 30 anos. 


Hipocrisia extrema na Herdade Chão da Lagoa

Problema intrincado é que o chefe ainda se acha em condições de continuar agarrado à cadeira e pelas Angústias ficar para todo o sempre. Depois de 'Unico Importante', autocoroa-se de D. Perpétuo I.
Assim, "obviamente que o PSD vai estavelmente (ele a dar-lhe!) cumprir o mandato de 4 anos";
"Obviamente que o PSD está aqui para ganhar as próximas eleições autárquicas"; "Obviamente que o PSD-M não andará a reboque de loucuras".
Ou seja, um gesto que no chefe revela inteligência, nos outros é loucura.
Obviamente.

A Herdade social-democrata nas Carreiras será palco de uma situação inédita, dia 22. Antes do grande chefe discursará, com a camisola PSD, um pré-candidato que lhe tem espetado facas nas costas a ele, chefe. Que anda em conluios com o CDS-PP. Que é um louco obcecado em levar a Madeira para o abismo de eleições antecipadas (que em 2007 foi decisão "inteligente"). Um pré-candidato que só quer evitar o desemprego político, o seu e o da sua "corte de ressabiados". Que é apoiado pelos ingleses da Madeira velha. Que dorme com o tenebroso propósito de "fracturar o PSD-M por dentro".

Como é isto possível? Um líder forte admite ao seu lado, em cima de um palco, figura tão sinistra? Permite-lhe o uso da palavra em representação do partido que, no ver do chefe, pretende fazer estoirar?


Ameaças do costume

O chefe que vagueia pelos corredores das Angústias já sem saber como preencher o tempo, já que os destinos regionais são comandados de fora, termina o artigo no JM com as tradicionais ameaças. Por um lado, aconselha os adversários municipais a não 'puxarem por ele', porque, se o fizerem falar, traz cá para fora "estórias" de pessoas "pressionadas ou ameaçadas se não fossem a refeições de aniversário ou de homenagem".
Por outro, marca desafio para o congresso do PSD-M, "na hora própria".

O que espanta neste processo é o papel do secretário do Ambiente, que o chefe mandou apresentar candidatura enquanto dizia que a candidatura de Albuquerque, demasiado cedo, era "rebentar o partido por dentro". Dualidade de critérios que já não causa espanto.
Com um discurso fora do estilo jardinista, Manuel António declarou que assistiu à entrevista de Albuquerque e que, a partir dela, ganhou ainda mais entusiasmo para concorrer à liderança. Afirmando-se contra a realização de eleições antecipadas, o pretendente apoiado por Jardim falou mais do que é preciso fazer para salvar a Madeira da realidade comprometedora do dia-a-dia. Mas sem os remoques ofensivos que costumam vir de cima, das Angústias.

O caso é que Jardim obviamente se perfila para continuar. Há poucos dias reiterou apoio a Manuel António, porém no seu discurso actual a pré-candidatura do seu delfim não existe, pura e simplesmente.

Ninguém tem dúvidas de que a corrida já no terreno é entre o chefe e Albuquerque. Ao menos por enquanto.


Jardim cai na armadilha dos factos políticos de Albuquerque

Jardim padece de uma impetuosidade que o trai, muitas vezes. Agora, enquanto garante que o seu PSD não irá a reboque das loucuras de Albuquerque, evidentemente que anda desde há muito a reboque dos passos do seu challenger. Nem que seja para dizer que "só faltava esta!", como estupora hoje no título do seu artigo, insurgindo-se contra a ideia de Albuquerque favorável a eleições antecipadas.
Quando os factos políticos são criados pelos outros, é porque falta inspiração para marcar o agendamento da situação regional.
Se isso quer dizer alguma coisa...


2 comentários:

jorge figueira disse...

Trinta anos sem separação entre partido e governo deu nisto. Quem age para pagar a comida dos miúdos nas escolas, os subsídios aos clubes,medicamentos no hospital? Em democracia todos entendiam que era o governo, nãosendo capaz venha outro. Aqui é diferente, pensar assim desestabiliza o partido.

Luís Calisto disse...

Há muito tempo, escrevemos: quem pensa é contra a região.