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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cultura, Culturas





 
CARA E PERIGOSA TEIMOSIA











“Construtoras fazem saldos para ganharem obras” foi a manchete da edição de ontem do Diário de Notícias. Na página 13, lá estava o desenvolvimento da boa notícia. Os empreiteiros, que no passado adjudicaram centenas e centenas de obras por valores superiores aos dos concursos e ainda esburacaram o erário público com novas medições, obras a mais e revisões de preços, viraram beneméritos e vão alterar os troços finais das três ribeiras que desaguam dentro do porto por preços bastante inferiores aos preconizados nos concursos da vice presidência do governo regional.
Assim, a união dos troços finais das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes, que numa só foz avançarão mar adentro cerca de 100 metros, custará a módica quantia 37.500.000 €, menos 17% do que o valor do concurso (45.000.000 €). Esta importantíssima obra da Madeira Nova não poderia ser realizada por uma só empresa. Será executada pela Zagope, Afavias, Tecnovia e Tecnovia Madeira, estando prevista a sua conclusão (se o mar se mantiver manso e as ribeiras cansadas) para Junho de 2014.
A alteração do traçado do segmento terminal da ribeira de São João, que implicará a destruição da atual Rotunda do Infante e a deslocação da foz para oeste, deveria custar 27.900.000 €, mas vai custar apenas (se não houver os habituais imprevistos) 19.669.500 €. A obra será realizada pela Construtora do Tâmega e pela Construtora do Tâmega Madeira e só deverá ficar concluída em Setembro de 2014.
Se somarmos os valores destas promoções (37.500.000 € + 19.669.500 €), aos 18.000.000 € (mais 3 milhões que o concurso anterior para fazer a vontade aos empreiteiros) previstos para a construção dum cais de acostagem de navios no aterro localizado entre a foz da ribeira de Santa Luzia e o velho cais da cidade, logo se conclui que a teimosa e perigosa alteração do perfil da baixa do Funchal custará 75.169.500 €. Mesmo a preço de saldos é muito dinheiro. Dinheiro da Lei de Meios. Dinheiro dos impostos de todos os portugueses!
Por coincidência, ou talvez não, no preciso dia em que foram anunciadas as extraordinárias poupanças da vice presidência do governo regional em obras projetadas na sequência da aluvião de 20 de fevereiro de 2010, as retroescavadoras começaram a movimentar-se nas fozes das ribeiras de João Gomes e Santa Luzia, enquanto no aterro começou a crescer o estaleiro da obra, que também deverá servir para a obra do cais. Isto é uma suposição, porque o concurso ainda está a decorrer…
Porque não sou pessoa de fazer previsões depois dos jogos, aqui estou a manifestar as minhas dúvidas quanto à eficácia da obra que, a preço de saldo, custará 37.500.000 €:
- a união dos troços finais das ribeiras de Santa Luzia e João Gomes e a extensão da nova foz cem metros para jusante da Avenida do Mar provocarão uma anomalia significativa na circulação marítima no interior do porto e obrigarão a um aumento da frequência das ações de desassoreamento;
- A obra não mitigará o risco de colapso da ribeira de João Gomes no troço a montante do Campo da Barca (nas cheias de 1993 e 2010 foi aí que transbordou).
A obra agora iniciada e as duas que o governo teimosamente pretende iniciar muito em breve, transformarão o Funchal num gigantesco e insuportável estaleiro de obras, com consequências muito graves no turismo.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal









 

4 comentários:

jorge figueira disse...

Concordo contigo Raimundo. Os madeirenses nas profundezas da sua resignação, preparam-se para daqui há uns anos, só não sabemos quantos, organizarem uma procissão (como a de Ilhéus no tempo de seu "coroné" Ramiro Bastos a pedir chuva)de agradecimento por tão poucos estragos na sequência das chuvadas. Claro que parto do princípio, por provar, que a pluviosidade desta terra volta àquilo que consideramos normal.Os brasileiros queriam água para o cacau...aqui ele ("cacau") está a faltar, o pouco que resta é apenas para manter o circo activo. Falta sabermos o que dará a operação cuba livre com influência no "cacau" vindouro

Anónimo disse...

segundo os dados que o publico tem conhecimento o que se pretende com esta obra é baixar o nivel do leito das ribeiras na foz cerca de 2 metros e que fará com que a maré venha trazer o nivel de agua até á ponte do mercado.
a duvida que existe é se não se vai vereficar na foz destas ribeiras o mesmo nivel de assoreamento que se tem verificado no porto do funchal . se assim for teremos uma nova lagoa do Santo da Serra , agora baixamos o nivel para amanhã subirmos , nos entretantos o dinheiro foi-se

Luís Calisto disse...

Junto a minha voz à do Dr. Figueira. A 100%.

Paulo disse...

Essa de tentar trazer o mar ate ha ponte do mercado e boa.
A Madeira ja esteve para ser a Singapura do Atlantico (um buraco afundou o projecto), com essa ideia, no inverno e capaz de passar a ser, a Veneza do Atlantico, no mau sentido. Comeco a pensar que eles querem fazer da Madeira, Marte, aonde nao existe condicoes para a vida humana.