JM VENDE O CHÃO DA LAGOA COMO UM SANTUÁRIO DE FÁTIMA
O JORNAL DO GOVERNO/IGREJA FAZ VÉNIA AO 'MADEIRA LIVRE' PARA DAR PUBLICIDADE GRATUITA NUM ESPAÇO PAGO PELOS MADEIRENSES
O JM mostra a importância da sua existência no mercado. |
A Herdade Chão da Lagoa é como o milagreiro Santuário de Fátima: quem lá for desce ao fim do dia com emprego, dinheiro para comprar livros aos pequenos e perdão do banco na penhora da casa.
É esta a ideia que emerge da campanha diária incitando as massas à presença nas Carreiras, domingo próximo.
O JM continua escarrapachando nas páginas de opinião estenderetes de colaboradores bem pagos (fora os tachos de que beneficiaram toda a vida) de onde só se pode retirar uma constatação: ir à serra dia 9 adular sua majestade o das Angústias é um dever tão sagrado como ir à missa ao domingo. Embora se saiba que os poucos que lá forem procuram ouvir mais uma vez o engraçado Quim Barreiros.
Afagando aquele enxovalhado ego
Na edição desta terça-feira, os responsáveis administrativos do incrível matutino, na prática investidos de funções editoriais, ilegalidade monstruosa, pespegam numa página inteira um lençol de texto da lavra do chefe Jardim que faria pasmar quem não conhecesse a singular situação madeirense.
Está visto e bem: o moribundo regime das Angústias, além de charlata político, pretende fazer de curandeiro: depois de 36 anos a dizer a mesma coisa, ainda lança convocações ao povo desesperado no sentido de concentrar uma enchente que afague um pouco o enxovalhado ego de sua excelência, domingo próximo na serra.
Novo artigo no 'Madeira Livre' publicado pela falida Fundação Social Democrata (que não pagou IVA para receber milhares de camiões de entulho quando erguia sorrateiramente a referida herdade) ganha, pois, transcrição na íntegra esta terça-feira no JM.
No enfastiante artigalho, chefe das Angústias repete e repete as suas velhas ladainhas carregadas de bolor e mofo. Volta ele a pedir mais autonomia - certamente para perseguir mais desabridamente quem lhe descobre as carecas. Mais autonomia para tomar conta da Justiça e mandar prender os adversários. Mais autonomia para expulsar da ilha os que lhe fazem frente.
Em 1931, ele estaria do lado fascista contra os revolucionários da Madeira
Torna sua excelência também a utilizar a Revolta de 1931 para concitar simpatias, quando é mais do que certo que, se vivesse naquela época, ter-se-ia colado às forças de Salazar no combate aos revolucionários anti-fascistas. Como é óbvio. Foi isso que fizeram os seus antecessores políticos, fanáticos da ditadura salazarente que ele bajulou na 'Voz da Madeira' antes do 25 de Abril, na mira de um futuro político a reboque da marcha 'Lá Vamos'...
A boca foge-lhe um bocado para a verdade, na pasquinada de hoje, ao considerar os anti-fascistas como "aqueles burguesinhos parvos que todos nós conhecemos, com as suas tiradas alfacinhas e as poses da importância que não têm".
Ora, alguém terá importância se 'importante' há um 'único'?
Ditadorzeco de gargalhadas
O homem arranca gargalhadas ao dizer-se um lutador contra o "pensamento único". Mas depois repete-se nas maçadas do costume. Para ele, ninguém recusa curvar a espinha na sua presença a não ser por "inveja", "falta de carácter" ou submissão a uma "cultura colonialista".
Quanto ao "inimigo interno"... tudo gente "sem escrúpulos", "sem educação", uns "ressabiados de ontem e de hoje, frustrados com a vida, invejosos, mercenários e traidores que não hesitam em meter facas nas costas" - fora os "psicopatas e anormais a quem a democracia dá palco e voz".
Tudo palavras do ditador mais ruim que os céus poderiam alguma vez fazer desabar sobre esta pobre terra, a inveja em pessoa, político desleal, raivoso com quem lhe nega louvaminhar o ego, mercenário da vida pública, carácter sem escrúpulos para com os adversários.
Na sua linha de pensamento, considera o sujeito das Angústias que ir à serra no domingo é um dever que os madeirenses devem observar como os indianos no respeito pelas 'vacas sagradas'.
É preciso comparecer no 'campo santo' da Herdade para mostrar amor à Madeira, empenho na resistência e desejo de mais autonomia. Porque disso depende a solução para o progresso da Madeira e bem-estar das populações. Ir à montanha laranja resolve os problemas regionais. Os excursionistas podem aspirar, pois, a um regresso a casa com emprego garantido, dinheiro para dar de comer aos filhos e perspectivas de futuro risonho.
Só não convém acender velas, como em Fátima, porque os incendiários do terrorismo político aproveitariam para voltar a fazer das suas.
Responsáveis do JM convocam para o Chão da Lagos por telemóvel
O JM proporciona aos leitores das folhas gratuitas um texto do jaez que se vê nesta edição.
Mas o trabalho do jornal não se contenta com peças do chefe, publicadas com a devida vénia ao 'Madeira Livre', nem sequer com os artigos que encomenda para mobilizar as massas no domingo que vem - Guilherme Silva há duas edições que não dá entrevista, deve estar a preparar algo em grande.
O JM vai mais longe. Pelo menos um dos administradores faz parte dos pontas-de-lança que passam estes dias de telemóvel em punho (pago pelo erário) a lembrar aos quadros do partido e do aparelho de governo o dever sagrado de comparecer na Herdade Chão da Lagoa. E os avisos subreptícios estão lá, nos lembretes.
"É preciso é que vá muita gente, percebeu?" - conclusão das aberrantes convocatórias.
Isso enquanto pelos cantos do Funchal se aventa: haverá controlo à entrada da Herdade para delatar... quem lá não for.
Que não seriam as ditaduras de Leste, cavalheiros?!
Nenhum barão se indigna com as agressões ao chefe?
O desespero grassa no laranjal. O chefe não pode passear a sua jactância entre os súbditos, porque as vaias e os copos de cerveja estão sempre iminentes. Perde-se o medo pelo ídolo pés-de-barro, já que respeito nunca houve.
Mais grave: grande chefe da tabanca lança candidatura para enfrentar quem primeiro se perfilou para disputar a liderança do PPD... e não lhe surge um apoio público! Onde estão os jardinistas que na hora de incerteza não aparecem?
Pior ainda: o homem leva um banho de cerveja em público e não há um barão, uma base, um jagunço, um governante, um membro da comissão política dos Netos - ninguém aparece com um brado de indignação pela grave ofensa, com uma palavra de solidariedade...
Tudo tem a sua explicação. Ninguém o atura mais, a troco de nada.
Mais comentários para quê?
5 comentários:
A fé dos prosélitos começa a falhar. A adesão aos "mistérios" com que, em mais de 30 anos, ludibriaram os eleitores já não é, como no passado, espontânea.Os prosélitos, hoje, interrogam-se e, função daquilo que der o inquérito às contas,maiores poderão ser as dúvidas.
O seguro morreu de velho...
O Todo Poderoso das Angustias era o rosto de tudo o que era feito na Ilha,lutava contra os coloniadores ingleses, contra o poder de Lisboa, ate contra os padres comunistas lutava e mesmo assim ainda tinha forcas para fazer estradas ate aonde so havia um palheiro,marinas sem barcos, piscinas de agua fria, parques industriais para pasto, forums as moscas e muinto mais.....
Era obra de um so Homem tudo o que era feito a ele era devido e so a ele, pois bem agora as coisas mudaram, nao ha dinheiro so dividas a ter que serem pagas pelos Madeirenses, as moscas comecam a fugir, aqueles que ele ajudou a se encher comecam a se afastar, nas horas de fartura so havia um rosto Dr Alberto Joao era o maior, o PPD nunca ganhou eleicoes quem ganhava era ele, pois bem, agora na hora da desgraca vai ser ele o alvo da furia do povo, o unico culpado por tudo o que de mau esta a acontecer aos Madeirenses.
E uma historia comum a todos os Ditadores!
Quem não quer ser lobo...
Ainda bem que temos um sr Paulo para nos resumir, com ciência,como é que o Céu nos caíu em cima.
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