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terça-feira, 19 de março de 2013

AMBIENTE



ELES DESTROEM TUDO...


As obras para unir as fozes das ribeiras de João Gomes e Santa Luzia continuam a bom ritmo. Já só faltam seis meses para as eleições autárquicas e a exibição das primeiras ribeiras siamesas do Funchal será um enorme trunfo da candidatura representativa da alucinação regional.
É óbvio que, perante tão grandes desígnios, não houve tempo para transplantar as árvores que ornamentavam aquela área da cidade. As poderosas máquinas escavadoras mutilam-nas, sem dó nem piedade, como se fossem mais uns bocados de betão.
No passado domingo (17.03.013) apenas sobreviviam dois martinetes (Callistemon viminalis) com vistosas espigas de flores escarlates. Esta manhã (19.03.13) já só restava um, que, indefeso, não sabia quantas horas mais iria sobreviver às garras mutiladoras das bestas mecânicas e à arrogante insensibilidade dum poder, que depois de amanhã voltará a usar o Dia da Árvore para fazer propaganda política.
A matança das árvores da Praça da Autonomia, fez-me recordar um episódio ocorrido quase há um século na primeira festa da árvore realizada no Funchal, a 29 de Março de 1914, relatado no Elucidário Madeirense (vol. II, pg. 26):
- No Campo da Barca “teve lugar a cerimónia de plantação de algumas essências exóticas, havendo por essa ocasião alguns discursos em que os oradores aconselharam os circunstantes e em especial as crianças, a olharem as árvores como objetos sagrados, por causa dos grandes benefícios que nos proporcionam.
As árvores solenemente plantadas no dia 29 de Março de 1914, estavam secas alguns meses depois, pois que ninguém mais pensou nelas depois de retirarem do Campo da Barca os promotores da festa e as pessoas que a abrilhantaram com a sua presença!”
Passado um século continua a existir o mesmo fosso entre os discursos dos políticos e o respeito verdadeiro pelas árvores.

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal

1 – No domingo (17.03.13) ainda sobreviviam dois martinetes (Callistemon viminalis)
nas ruínas da Praça da Autonomia.



2 – Dois martinetes (Callistemon viminalis) nas ruínas da Praça da Autonomia (17.03.13)

3 – Domingo (17.03.13), último dia de vida deste
martinete (Callistemon viminalis).

4 – Terça-feira (19.03.13) – as máquinas já mataram o último dos martinetes, que durante 25 anos
viveram nos canteiros junto à Rua 31 de Janeiro.


5 – Terça-feira (19.03.13) – as máquinas preparam-se para mutilar o derradeiro resistente.


3 comentários:

Anónimo disse...

tadinhos....

Anónimo disse...

mais estas arvores não são possiveis de replantar?

Anónimo disse...

no largo do peluorinho nas trazeiras dos armazens oliveira existe um dos dois ultimos passos processionais sobreviventes no funchal.

a furia taliban deste gr vai destrui-lo tal como os seus camaradas talibans destruiram as estatuas do buda.