FRENTE MAR DA MADALENA DO MAR
Começo por vos fazer um pedido. Percam cinco minutos a visionar este vídeo (http://www.youtube.com/watch? v=83ZgbuyEHTM) produzido pela vice-presidência do governo regional da Madeira com o objetivo de perpetuar a apresentação do projeto do hotel de quatro estrelas na Frente Mar da Madalena do Mar. Este magnífico show ocorreu a 26 de Agosto de 2011, a menos de dois meses das eleições regionais.
Um dia após a ação de propaganda política escrevi exatamente isto na minha página do Facebook: “Foi com enorme surpresa e preocupação que li a notícia sobre o projeto dum hotel de quatro estrelas da autoria da Sociedade de Desenvolvimento da Ponta Oeste para a zona onde atualmente se localiza um estacionamento, na margem oriental e em pleno leito de cheia da Ribeira da Madalena.
A dita Sociedade já é sobejamente conhecida por intervenções insustentáveis em matéria de ambiente e de finanças públicas, mas este projeto ultrapassa em irresponsabilidade todos os outros. O local escolhido para edificar um hotel foi completamente arrasado pelas aluviões de 31 de Dezembro de 1939 e 15 de Outubro de 1945. Mais recentemente, o caudal da ribeira e a ondulação de sudoeste causaram estragos nos equipamentos de apoio à zona balnear.
Ignorando a história e desconhecendo o atual estado da bacia hidrográfica da Ribeira da Madalena, a Sociedade Ponta Oeste gasta dinheiro dos nossos impostos num projeto, que nenhum empresário com juízo arriscará em colocar de pé.”
Não satisfeito com o exercício do meu direito de cidadania, o presidente da referida sociedade divulgou um comunicado (30.08.11) onde referia "que a competência técnica sobre matérias ambientais não se esgota numa só pessoa”, lamentava “acusações infundadas e desnecessárias quando se discutem soluções" e afirmava categoricamente que o hotel “irá respeitar todos os trâmites exigidos por lei, e não passará pela cabeça de ninguém que se vá edificar uma infraestrutura hoteleira, colocando em risco pessoas e bens".
Entretanto, passado um ano e meio, ainda não apareceu um investidor louco para construir o hotel, o caudal da ribeira já fez desaparecer por duas vezes a ponte pedonal, as ondas danificaram severamente o passeio marítimo e as rochas continuam a cair da arriba sobre as infraestruturas da Frente Mar, inauguradas com pompa e circunstância pelo presidente do governo, a 2 de Abril de 2004, mas pagas essencialmente com dinheiro do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
O abandono e o vandalismo associaram-se aos riscos naturais. O restaurante fechou, os balneários foram destruídos e o edifício caminha para a ruína. As áreas ajardinadas viraram matagal. No campo de jogos florescem massarocos, que atenuam a imagem miserável da “Frente Mar da Madalena do Mar”.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
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