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quinta-feira, 21 de março de 2013







No dia 21 de Março de 1988 publiquei no “Bichinho de Conta”, jornal mensal da Pré-Primária, editado pelo Gabinete de Apoio à Expressão Musical e Dramática – Secretaria Regional da Educação, um texto sobre o DIA DA ÁRVORE.
Escrevi-o como pai e educador do Nuno e do Manel, que tinham então 5 e 2 anos. Hoje, passados 25 anos, reencontrei esse jornalinho e senti uma enorme vontade de publicar sem qualquer alteração (ver anexo).
Dedico-o à LEONOR, a minha neta, que ainda não tem 3 aninhos, com quem partilho momentos de enorme felicidade brincando nos jardins.

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal



NO DIA DA ÁRVORE






Que hei-de escrever, a propósito do Dia da Árvore, num jornal para 
crianças que ainda não sabem ler e cuja informação lhes chega através 
dos pais e das educadoras?
Nada melhor que uma mensagem para os adultos, na esperança que do 
seu relacionamento exemplar com a Natureza nasça no espírito dos 
seus filhos e educandos o amor pelas plantas e animais que povoam a 
floresta ou que habitam nos jardins.
Aos pais e professores, heróis que os pequeninos tanto admiram, 
compete a tarefa importantíssima de lutar pela criação de ambientes 
atractivos. O comportamento futuro dos nossos filhos em muito 
dependerá do actual ambiente social e ecológico.
Uma criança que vive num apartamento, num bloco de cimento, vidro 
e alumínio, localizado numa rua sem árvores, num bairro sem jardins, 
habituar-se-á a este deserto biológico onde vive e muito dificilmente 
poderá amar as plantas.
Se no Jardim de Infância não existem árvores que possibilitem um 
contacto sensorial e afectivo, não será através da televisão que os 
miúdos tomarão consciência de que uma árvore é um ser vivo que ao 
longo do ano modifica o seu aspecto, que lhe dá sombra quando faz sol, 
que funciona como guarda chuva e que fornece oxigénio para a 
respiração.
É a partir destas idades que na escola se deve começar a ensinar coisas 
simples como pôr a semente na terra, observar mês após mês o 
crescimento das plantas, o aparecimento das flores e a formação das novas sementes. As perguntas nascerão naturalmente e crescerão ao 
ritmo que as plantas forem crescendo.
Porque só se pode amar o que se conhece, é fundamental que nas áreas 
de residência e nas escolas existam espaços verdes, que as crianças se 
habituarão a respeitar e a defender.
Há imagens que as crianças guardarão por toda a vida. Com essas 
imagens será feito o quadro mental do futuro adulto.
Em casa e na escola temos o dever de lhes fornecer as tintas para 
pintarem um quadro rico em vida. Estaremos a cometer um grande 
crime, mesmo que inconscientemente, se lhes dermos as cores da 
agressividade e da morte.
A prática pedagógica deve ser pautada por uma linha de coerência 
bem definida para que as crianças não nos olhem com desconfiança.
Não podemos neste mês de Março fazer um discurso em defesa da 
árvore e da floresta e em Abril falar em esperança usando como 
símbolo as flores cortadas.
Março é o mês em que começa a Primavera. Primavera é nascer, 
renascer, vontade de viver, de cantar. Os dias crescem, as flores 
desabrocham, os pássaros constroem os ninhos. Tudo está em 
equilíbrio. Quem o destruir, está a destruir-se. Pior, está a destruir o 
futuro daqueles que hoje ainda não podem fazer valer os seus direitos.
De uma prática pedagógica marcada por contradições resultará uma 
educação ambiental frágil. E as crianças de hoje deverão ser homens 
fortes no século XXI. 
(Raimundo Quintal – Março, 1988)

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