É NATAL

NOITE DO MERCADO AMEAÇA DAR

'BARRACADA' NAS BARRAQUINHAS

A populaça só poderá beber em copos da ECM, reutilizáveis, e pagando meio euro extra pelo dito copo. Os donos dos estabelecimentos estão em brasa

A câmara decidiu ensinar o munícipe
a tomar a bebedeira do dia 23...

Não tirámos o dia para implicar com a câmara do Funchal nem integramos uma campanha persecutória. Mas temos de voltar a ela, câmara. Achamos que o edital n.º 302/2014 que define a "atribuição de espaços na noite do Mercado" traz matéria saliente.

Francamente, não entendemos o ponto 11 do referido edital, assinado pelo presidente Cafôfo, o qual ponto 11 determina isto: "Aos estabelecimentos abertos no dia 23 de Dezembro, bem como aos sorteados, apenas é permitida a utilização de copo reutilizável fornecido pela Empresa de Cervejas da Madeira, sendo expressamente proibido o uso de qualquer outro tipo de copo ou garrafa."

Esta agora!

Nada tenho contra o privilégio concedido à ECM, tratando-se de uma fábrica da terra. Mas daí até me obrigarem a consumir determinada marca de cerveja ou de refrigerante, posto que nas garrafas da Empresa os conteúdos são da mesma ou afins, aí, senhores da câmara, temos direito a uma explicação.

E o copo! É "expressamente proibido" o uso de qualquer outro tipo de copo que não o fornecido pela ECM! Sim? Mas a que propósito, senhores?! Por ser reutilizável? Não há outros reutilizáveis? Os senhores acham que é disciplinando uma noite no ano que defenderão a causa do Ambiente? E se eu levar uma pilha de copos para distribuir umas garrafitas pela malta na Praça, vão multar-me? Despachar-me para o calabouço?

Outro pormenor que esta cabeça não atinge, constante do ponto 13 do esdrúxulo edital: "O copo terá um custo de 50 cêntimos para o consumidor, pagos na aquisição da primeira bebida, podendo ser efectuadas trocas de copos sem qualquer custo acrescido."

Porra, Paulo Cafôfo! O Amigo profe não faz isso por 20 cêntimos? Onde é que foi buscar essa de pagarmos, além da pinga, o copo que usamos, ainda por cima reutilizável e pertença da ECM?! Portanto: o povo paga 50 cts pelo primeiro copo e depois fica ali na mesma barraquinha toda a noite, trocando o copo de quando em vez. Ou então mete o copo dentro do gorro de pai natal enquanto se desloca na multidão até à próxima tasquinha. Notável! É capaz de ser prática em muitas partes do mundo, mas aqui dificilmente pegará.

Mas há mais. Vamos ao ponto 14: "Os vendedores de bebidas quentes (cacau, chocolate, etc) e os de licores poderão utilizar copos apropriados desde que não sejam de vidro."

Irra, presidente. Pela primeira vez a câmara dá-me regras para a minha bebedeira do Mercado! Acha que aí pelas duas ou três da manhã, eu estarei em condições de puxar do edital n.º 302/2014 para respeitar as imposições que vocês idealizaram? Homens, pela madrugada fora, o mais certo é não conseguir lembrar-me se o licor é em copo de barro ou em copo reutilizável da Cimentos Madeira ou se o presidente quer que eu beba pela garrafa! E serão os desgraçados dos empregados de tascas e barracas a dizer-me como devo fazer? Às tantas, por causa da m... dos copos, estarei no magote a pegar com cada careca que me apareça pela frente!

Agora com esta idade vem a câmara ensinar-me como apanhar meia verga!

E depois, quando estivermos com essa meia uva, eu quero ver - edital ponto 15 - como é que os taberneiros e os feirantes nos vão conseguir negar uma rodada para a estrada e mais uma e mais outra, depois do horário limite imposto, 6 da matina.

Vamos ser sinceros: continuamos um bocado de ponta com o Miguel Albuquerque por ele nos ter tirado aquele Natal tradicional dos carrinhos eléctricos e do poço da morte no Campo Almirante Reis. Nesse tempo, sim, andávamos de cá para lá, Almirante Reis-Mercado, Mercado-Almirante Reis, era a noite de sonho. Ainda não está esquecida essa postura natalícia iconoclasta de Miguel. E vem agora a nossa tão ansiada Mudança querer dar ordens na copofonia do munícipe que, coitado, tem de andar com as contribuições em dia!

Quanto aos donos de estabelecimentos, ardem de revolta. Oxalá não tenhamos barracada grossa quando chegar a altura.

Cavalheiros! Não inventem! O povo diverte-se na noite do Mercado, manda uma lixeira tremenda para o chão, copos e tudo. Logo de manhã cedo passam os carros da limpeza, limpam aquilo tudo, que é para isso que servem. E prontos, não se fala mais nisso, toca mas é a pensar no dia 23 de 2015. 

De resto, o edital nem é mau. Diz resumidamente que:

- os pedidos de negócio terão de ser registados na câmara até às 5 e meia da tarde do próximo dia 27. 

- quem receber o seu local de venda tem de pagar as taxas correspondentes no Mercado, de 8 a 12 de Dezembro, entre as 8 e as duas e meia da tarde.

- quem tiver dívidas à câmara não terá novo espaço, caso não as liquide.

- as barracas podem começar a funcionar às 6 da tarde de 23.