BRONCA NAS CONTAS: DESCOBERTOS 30 MILHÕES DO EX-IDRAM EM DÍVIDA OCULTA
Jardim continua a dizer que não assume broncas dos outros e que não está para falar a Vítor Gaspar em mais dívidas ocultas. Os responsáveis pelo buraco que o assumam
Mais grave berbicacho do que se julgava paira sobre a polémica dos subsídios ao desporto que abala o momento regional. Afinal, o dinheiro que Jaime Freitas e Jorge Carvalho haviam cortado às modalidades profissionais não se destinava a um fundo qualquer, hipoteticamente destinado a usar numa eventualidade. Esse dinheiro foi retirado, sim, para começar a pagar um monumental buraco de 30 milhões de euros que os responsáveis do ex-IDRAM deixaram 'no tecto' e que recentemente foi decoberto... e calado.
A bola salta cada vez mais no curto mandato de Jaime Freitas. |
No âmbito do levantamento geral das instâncias oficiais para encontrar com precisão a dívida oculta da Madeira, por ordem de Lisboa, o então Instituto do Desporto não 'reparou' na montanha de 30 milhões de dívida oculta - de pagamentos a clubes (20 milhões) e agências de viagens (quase 10 milhões).
Escandalosa 'batata quente'
Esconder o escândalo por mais tempo tornava-se impossível e a situação foi levada necessariamente a Jardim, pelos novos responsáveis da política desportiva, interessados em saber como pegar no assunto. Na ocasião, andavam ocupados a delinear o novo modelo que, já de per si, veio desaguar na polémica vigente.
O chefe do governo reagiu como em situações parecidas: que não tem nada a ver com o caso, a política desportiva do futuro tem de arrancar e quem falhou no passado que assuma as suas responsabilidades.
Com a 'batata quente' que lhes deixaram nas mãos, Jaime Freitas, secretário da Educação, e Jorge Carvalho, então indigitado director regional do Desporto, agarraram-se à constituição de um fundo que, valendo-se de verbas do futuro, fosse pagando aqueles dolorosos 30 milhões de dívida oculta (do ex-IDRAM).
Concretamente, dirigentes de clubes com futebol profissional depararam-se com um corte de 22% nos subsídios, quando se falava em 15%. Não gostaram. Designadamente o presidente do Nacional, Eng.º Rui Alves.
O básquete e o andebol, por exemplo, com todos os cortes, recebem hoje 3 vezes mais do que no início do século. Os clubes profissionais de futebol, na mesma comparação, recebem hoje pouco mais de metade do que recebiam no princípio do século.
Quando o ministro Vítor Gaspar souber!...
A polémica estalou. Rui Alves protestou e Jardim mandou 'devolver' tudo aquilo que prometera ao futebol. Afinal, não propriamente por cedência ao líder nacionalista, mas porque avisara não querer saber de pagar dívidas atrasadas, isso que fosse 'desenrascado' pelos responsáveis do Desporto. E que chamem os antigos dirigentes do extinto Instituto para que resolvam... aquele insolúvel problema de 30 milhões!
Até ao momento, note-se, ninguém sabe que o dinheiro mais uma vez cortado ao futebol profissional afinal serviria para ir atenuando a dívida oculta deixada pelo IDRAM.
O que pode criar mais frenesim.
Mas o pior ainda será quando Lisboa souber de mais estes 30 milhões de dívida oculta... que o próprio Jardim não quer levar a Vítor Gaspar!
Ou estaremos a falar de algo que o Tribunal de Contas já sabe? Há pouco, o TC descobriu quase 20 milhões atrás de uma porta do IDRAM...
Há que descobrir é se o que está na berra hoje é o que o TC já viu, referente ao ante-2010, ou se temos debaixo da mesa novos 30 milhões, escondidos daí para cá.
3 comentários:
Nos últimos dias a comunicação social da Madeira já tinha referido esses 30 milhões ou será outros 30 milhões a somar aos já conhecidos 30 milhões??? Tantos milhões a vermelho que já estou baralhado tal e qual a politica nesta Santa terrinha....E ainda está no inicio o calvário. Quantos milhões anda por aí escondidos?
Há pouco tempo foi noticiada uma dívida oculta do género detectada pelo Tribunal de Contas e referente até 2010.
Segundo as nossas fontes, o novo 'bolo' teria sido 'cozinhado' daí para cá.
Agora, se estamos a falar, no fundo, das mesmas verbas...
Julgamos que não.
Mas mais tarde ou mais cedo estas e outras situações serão aclaradas, porque, de facto, já são dívidas, milhões e confusões a mais.
Em suma: aquilo que relatamos nesta peça é o estado de espírito entre figuras responsáveis do actual governo.
Garantir que é mesmo assim não podemos.
ISTO TÁ A DAR PRÓ TORTO
Os factos sucedem-se em cascata.
Jaime Freitas e Jorge Carvalho engendram um “novo” modelo de apoio ao desporto.
Rui Alves, não aceita esse modelo e pede a demissão do Secretário da tutela. Di-lo com todas as letras e na TV regional até pede prisão para os políticos que mentem! Ameaça acabar com os escalões de formação do Nacional e instiga os 700 pais e mães dos jovens afetados a se manifestarem ruidosamente frente à Secretaria da Educação.
Nesse mesmo programa televisivo, Jorge Carvalho enfrenta a horda de desesperados dirigentes desportivos com a força da convicção de que não há muito para dar. Os cortes nos apoios financeiros aos clubes e associações estão definidos e não há mais nada a fazer! Não foi aí cilindrado, mas pouco faltou!
No dia seguinte e após o Conselho de Governo, Alberto João Jardim, eventualmente peocupado com as consequências políticas da tal paterna manifestação dos jovens nacionalistas instigada por Rui alves, desautoriza o seu Secretário com a parta do desporto e, claro, o novel Diretor Regional da área. Afinal os cortes deixam de o ser na intensidade anunciada, e por idiossincrática teimosia, anuncia cortes bem menores. Parece existir uma almofada de conforto financeiro para isso, anuncia posteriormente Jaime Freitas.
Rui Alves rejubila e volta atrás na intenção anunciada de abandonar a Direção do Nacional. Dá um abraço a Miguel de Sousa na apresentação do plantel (com quem antes almoçara para delinear a estratégia alvi-negra), e tudo volta à normalidade.
Jorge Carvalho, tendo dado a cara e o litro pelo novo modelo de apoio ao desporto e, ao ter conhecimento da “desfeita” do presidente do Governo, ameaça bater com a porta e ir à sua vida. Jaime Freitas pede-lhe “por amor de deus” que reconsidere essa decisão durante o fim de semana.
Fim de semana esse pleno de factos políticos: o congresso da JSD aquece com o ressabiamento evidente do líder deposto que tenta impedir pela via administrativo-legal a eleição dos novos orgãos da “Jota”. Contudo, Rómulo Coelho é eleito, e será ele a botar “faladura” pela JSD na Herdade do Chão da Lagoa. Não se apurou se, com o desgosto e com a emoção, o ex-líder juvenil voltou a verter lágrimas ou outro qualquer líquido orgânico.
Entretanto, e na nortenha cidade de Santana, Alberto João Jardim mede mal o tamanho de uma garfada de bife e engasga-se. Não fora a pronta e profissional intervenção do comandante dos Bombeiros que, esquecendo os últimos insultos presidenciais aos soldados da paz e aplicando a técnica mais adequada para devolver a respiração ao presidente, provavelmente estaríamos agora privados da singular e carismática liderança do PSD-M.
Nesta segunda feira, confirma-se a demissão de Jorge Carvalho.
Manuel António Correia, agradado com um inenarrável artigo de opinião no Jornal da Madeira do seu colaborador e dirigente do CAB, mexe cordelinhos para que seja este o substituto do demissionário diretor.
Entretanto vem a lume que a diminuição dos cortes às verbas para o futebol profissional calha mesmo bem para que a SAD nacionalista possa continuar a remunerar Rui Alves com um vencimento mensal na ordem dos oito mil euros (não desmentido pelo próprio segundo o Diário de Notícias da Madeira).
Afinal, e a ser verdade as informações postas a circular pela “Fénix” de Luís Calisto, a tal almofada financeira que permitiria aligeirar os cortes, parece ter sido constituída para fazer face a uma nova dívida oculta da responsabilidade do IDRAM, não reportada ao ministério das finanças, na ordem dos 30 milhões de euros. Jardim terá dito que não tem coragem de informar Victor Gaspar deste novo facto e que não tem nada a ver com o assunto: quem criou essa dívida que a pague!
Isto tá mesmo a dar pró torto!
Rui Freitas
Publicado em www.francelho.blogspot.com
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