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domingo, 15 de julho de 2012

Política das Angústias / SÁBADO




INCÊNDIO NO LARANJAL PIORA DEPOIS DE 21 DE SETEMBRO 




Jardim já programou: em 21 e 22 de Setembro, a Comissão Política e o Conselho Regional aprovam as datas das eleições internas e do congresso PSD-M, para Outubro e Novembro. Os tambores que se ouvem ao longe anunciam duelo de Outono, se nada de extraordinário acontecer no Verão para inverter a guerra. As labaredas no partido ameaçam atingir o governo, onde já se manifestam perigosas faúlhas

Jardim costuma ouvir mal a opinião dos outros, mas agora foi obrigado a marcar um trabalho delicado que poderá estragar-lhe a rambóia do areal e depois o bucolismo de Outono.


Se ninguém a prevenira para o estado de guerra fria instalado no seio do governo regional, a  jovem ministra da Agricultura e do Ambiente, Assunção Cristas, estranhou as camadas de gelo expostas em algumas áreas da mesa onde almoçava por convite de Jardim, esta sexta-feira nas Angústias. Depois de um extenuante programa de visitas pela ilha, que cumpriu acompanhada por Manuel António, a governante nacional só por ingenuidade não se aperceberia de que o seu guia da manhã, o mesmo Manuel António, passou toda a refeição sem trocar uma palavra com o vice do executivo, Cunha e Silva, estando ambos sentados frente a frente.
"Se trocaram alguma comunicação foi por sms de um lado para outro da mesa, porque nem sinais de fumo descortinei", ironiza um tubarão presente. "Só se me apanharam distraído..."
Comportamentos incompreensíveis, aos olhos de quem desconhece o azedume que de há muito se respira naquele grupo executivo de fingidas deidades.


Delfins: almoço nas Angústias 'on the rocks'

Se Manuel António ainda trocou impressões para o lado, o vacilante Cunha e Silva praticamente almoçou sozinho, sem ganas de conversar, doido por desaferrar daquele 1.º andar do Palácio cor-de-rosa, o que pode ter feito espécie a Cristas, apesar de solicitada pelas graçolas habituais do anfitrião.
E a cativante ministra não ouviu sequer o que por ali se dissera pouco antes, nos aperitivos.

Cunha e Silva e Manuel António, frente a frente. A ministra e Jardim. E Ventura Garcês, na defensiva. (Foto JM)


Um membro do governo, junto de um pequeno grupo da sua confiança, cochichou depreciativamente a respeito de Manuel António: "Está chegando a vedeta dos Canhas."
"O enjoado pôs condições e mais condições para tomar conta disto, agora foi ultrapassado pelo outro e ainda se põe amuado com o homem" - novo ataque de um barão sabe o Leitor a quem.
Ventura Garcês deve ter agradecido a colocação que lhe reservaram na mesa do almoço a confortável distância dos seus inimigos de estimação no governo, a começar por João Cunha e Silva.


Quando se admite a remodelação...

Jardim costuma negar no seu círculo do café de sábado e aos seus ainda fiéis no PSD que o actual seja um governo desqualificado e dividido. Quando ele tudo faz para dar essa ideia. Durante os brindes com Assunção Cristas, a que assistiam, azedos, os seus subordinados, devia estar a lembrar-se da desautorização pública, humilhante, que na véspera infligira ao secretário da Educação, Jaime Freitas, a propósito dos famigerados dinheiros atribuídos ao desporto. Incomodava-o também, sensação que não admite nunca, estar a braços com a demissão do director regional da Juventude e Desporto, Jorge Carvalho, fundamentada na mesma desautorização.

Jorge Carvalho surpreendeu ao demitir-se do processo 'novo modelo para o desporto'. Ventos cruzados sopram no anfiteatro.


O chefe pode negar, mas o ambiente na presidência enegreceu para Conceição Estudante por causa das despesas dolorosas que custou mais uma digressão faustosa do Turismo, agora em terras sul-africanas, a propósito do Dia da Região. Assim como, lá pelos corredores das Angústias e não apenas, se admite uma remodelação governamental, com Ventura Garcês, Estudante e Jaime Freitas sob fogo - este último mesmo antes das confusões no desporto.
Jardim detesta remodelar, e desta vez tudo fará para não dar 'o braço a torcer', apostamos.
Com mais almoços, mais discursos, mais brindes, mais agendas faz-de-conta, o governo vegeta dia a dia. Jardim está na cadeira. É quanto basta. 


Mulheres com influência no governo

Interessante leitura do recuo de Jardim nos subsídios ao futebol profissional apresentou-a o secretário Jaime Freitas: "Não há razão para o dr. Jorge Carvalho se demitir (ou nem chegar a tomar posse), portanto foi-lhe pedido que pensasse melhor."
Interessante... para não classificar de espantoso. Um secretário, tratado pelo presidente de forma tão aviltante, não reparou que Jorge Carvalho tinha todas as razões para se demitir e que ele mesmo, Jaime Freitas, tinha todas as razões e mais uma para o fazer também. 
Jorge Carvalho, pelo seu lado, encontrou motivos de sobra e pediu escusa de funções. Apesar de um remoto laço familiar com Jardim, não perdeu tempo a esvaziar gavetas - resta ver se acaba por consumar a digna postura.

Jaime Freitas acompanhou dois secretários de Estado à Quinta Vigia. Bem disposto, nem parecia um governante desautorizado publicamente pelo seu chefe.


Jardim sabe como e porquê escolheu o seu governo. No caso de Jaime Freitas, já falámos aqui da impressão que circula na Secretaria: que o novo titular foi escolhido por influência junto de Jardim de uma sua colega, ex-deputada do PSD, no Sindicato Independente dos Professores. O que implica sempre condições. No caso, e aqui Jaime Freitas deve estar por dentro, generaliza-se o descontentamento na Secretaria por causa da pressão exercida pela sua chefe de gabinete, Sara Relvas (não confundir com a homónima da Formação), no seu estilo de governação. Aliás, as críticas vão mais para a inacção do secretário, já que pode não ser defeito a hiperactividade de uma chefe. Choca muitas pessoas o à-vontade da referida colaboradora quando debita indicações ao secretário sobre como proceder ou não proceder, já que o faz mesmo perante as chefias dos vários serviços.
É aí que os quadros revoltados falam de pagamento pela nomeação de Jaime para secretário.


O que diz um 'unha e carne' com Jardim

Voltando ao desporto, Jaime Freitas, para não espevitar os revoltados membros de clubes e associações, correu a dizer que não lhes retirará dinheiro para dar aos clubes profissionais. Que recorrerá a uma verba que ali estava para o que desse e viesse.
Mas, diz quem sabe - 'unha e carne' com Jardim -, as dificuldades só irão avolumar-se. Vêm aí mais contratos-programa irrealizáveis. O governo é capaz de pagar as despesas de Janeiro para cá. Talvez seja. Mas... e os balúrdios que pairam no ar? - interroga-se o amigo do presidente. Há dirigentes com a vida empenhada até ao 'tutano' por acreditarem em quem os mandou avançar.
O mesmo jardinista que nos fala sabe de vários casos dramáticos. Aponta-nos a situação do dr. Celso, da AD Camacha, que se defronta com um milhão de euros 'a arder'! Criou dívida com recurso à banca, não recebe o que prometeram pagar, contratos-programa descartados, os juros multiplicam-se... e que fazer agora? O homem meteu dinheiro seu no projecto, endividou o clube à espera do governo, para concluir agora que há uma situação terrível, sem saída possível!
O futebol não recebe subsídios há mais de um ano, calcula-se o que não se haverá amontoado com os anos - diz-nos o amigo de Jardim de longa data.  


Rui Alves e chefe permutam apoios

Para consumo imediato, Jardim cedeu perante Rui Alves, ordenando mais dinheiro para o futebol profissional. Em contrapartida, vê o polémico dirigente alvi-negro dar-lhe a mão no combate a Miguel Albuquerque - presidente de uma câmara, logo seu empregado, dele Rui Alves. Albuquerque, presidente de uma câmara que "vira as costas ao desporto", diz Alves, que de enfiada propaga os 'piropos' a Pedro Calado, apoiante de Albuquerque e vereador do desporto que "trabalha a meio tempo por causa de um cargo no privado".

Rui Alves pôs e dispôs no caso dos subsídios. Estracinhou o governo e Jardim fez-lhe a vontade. Saberá porquê.


A compensação de Rui Alves a Jardim estende-se a outro ataque a Jorge Carvalho, que fez a desfeita de se demitir: "Só os incompetentes se demitem nas horas adversas", disse o presidente do Nacional, esquecendo-se de que a sua vitória no processo dos subsídios resultou da ameala de demitir-se do cargo desportivo que ocupa há perto de 20 anos. 
Rui Alves percebe como correspondeu bem ao grande chefe, sabendo-o fragilizado como está.
E lá se vai aguentando o governo, nesta solidez tão descaradamente artificial.


"Façam as obras, o dinheiro é comigo"

Jardim perdeu a noção da realidade, continua governando em função das coscuvilhices que lhe metem nos ouvidos. Mas parece impossível que desconheça os avisos de colaboradores seus, mesmo dos mais antigos, perante o abismo cada vez mais perto. Pelos vistos, estão para lá das Desertas as críticas que lhe arpoam actualmente, também, muitos que com ele trabalharam anos e anos.
O chefe costuma, no seu parco areópago, culpar Santos Costa de tudo o que de mau aconteceu em prejuízo da dívida madeirense. Não se admirará da reacção no mesmo tom do antigo titular da extinta Secretaria do Equipamento Social, que executava os planos de obras, e concebia alguns, evidentemente. "Façam as obras que dos financiamentos trato eu", animava Jardim, na sua ânsia de inaugurar. Na presunção de que o importante era deixar o nome em dezenas de milhares de placas espalhadas pelas duas ilhas, bem como nos arquivos de televisão e de jornais, como o grande obreiro da Madeira nova. E agora? Onde está quem mandou avançar? Onde estão os financiamentos?
"Ele não tem a noção das dívidas que está a somar na Madeira", dizia muito tempo atrás um colaborador da confiança do chefe, que sabia o que estava a dizer. E que mantém, apesar de amigo pessoal - mais um - do chefe.

O curioso é que, numa altura de miséria extrema entre a população e nos cofres da Região, o patrão destes 34 anos continua convicto de que o governo vai pagar tudo o que deve. Di-lo de 'peito cheio' na sua principal tertúlia, ao sábado.
Será normal tanta inconsciência?



Rubina Leal pediu explicações e... "Não está convocada mesmo, não é engano!"

Assunção Cristas adorou seguramente ouvir o seu anfitrião do almoço de sexta-feira louvar a "convivência sã" entre o seu governo, regional, e aquele que a ministra integra, o nacional. Na ocasião, estava longe de imaginar Cristas que Jardim reservara, entre as conclusões para a Comissão Política dessa noite de sexta, um ataque  cerrado a Lisboa denunciando "as dificuldades criadas [à Madeira] pelo governo da República".
Essa reunião da Comissão Política, de resto, patenteou mais uma vez a situação periclitante no PSD-M. Apontou-se ali na sala da Rua dos Netos, para incluir nas conclusões, uma arengada sobre "um partido unido e motivado". Unido? Onde estava Rubina Leal? Os presentes desconheciam as razões da surpreendente ausência da comissária, mas acabaram por saber: a vereadora funchalense, habitual presença nos jantares de apoio a Miguel Albuquerque, simplesmente não fora convocada. O que ninguém soube na ocasião foi de um episódio relevante. O partido fora contactado pela comissária marginalizada, que perguntou isso mesmo: havendo reunião, esqueceram-se de enviar a convocação? Que não senhora, a ordem era para não convocar mesmo.


Emanuel Rodrigues e Virgílio antecederam rubina

Velha e relha, essa resposta de Jardim a quem não se deixa guiar cegamente pela sua batuta. Nomes sonantes do laranjal madeirense passaram por idêntica situação.
O próprio Dr. Emanuel Rodrigues, primeiro presidente do parlamento insular, saiu das graças do chefe local quando, em 1980, insistiu em ser mandatário da candidatura presidencial de Ramalho, portanto contra o PSD-M, apoiante de Soares Carneiro. A divergência deixou ferida que seria reaberta mais tarde, quando de uma entrevista de Emanuel Rodrigues ao semanário lisboeta 'O Jornal', que desagradou ao chefe da Rua dos Netos. Desta vez, o ex-presidente da Assembleia foi alvo de um processo disciplinar, que acabaria arquivado. Mas Emanuel Rodrigues deixou de ser convocado para as reuniões da Comissão Política, sendo membro dela.

O primeiro presidente da Assembleia Regional, dr. Emanuel Rodrigues (ladeado pelo dr. Baltazar Gonçalves, do CDS, e arq.º João Conceição, do PS), regista vários episódios de confronto com o líder do seu partido, PSD (à direita na foto). 


Mais sofisticada e trabalhosa ainda foi a estratégia para retirar Virgílio Pereira da Comissão Política, na sequência de um dos conhecidos desaguisados do professor com o compadre Jardim: convocatória de um congresso, novas listas... e Virgílio militante de base.


PSD e Jardim escorregam nas suas fragilidades

Jardim continua tentando transmitir para fora dos Netos uma unidade que de todo se revela inexistente. Os seus recuos em matérias que outrora levariam a depurações em série testemunham a fragilidade do partido e dele próprio.
Veja-se a viragem no espalhafatoso caso dos subsídios ao desporto, que dará que falar por muito tempo ainda.
Houve o caso de Ségio Marques: o chefe já não teve forças para o candidatar à Câmara, cedendo às pressões pró-Bruno Pereira. Por acaso, na reunião da Comissão Política de sexta-feira, Jardim fez uma referência ao candidato Bruno pouco lisonjeira, o que surpreendeu quem dela se apercebeu. Nova guinada?
Lembremo-nos do saneamento de José Pedro Pereira, líder da JSD substituído por outro jovem neste preciso fim-de-semana. Acontecesse tal situação outrora e Pedro Pereira, incondicional apoiante de Jardim, continuaria no posto mesmo que os 4 mil e tantos militantes da Jota abandonassem a organização. 


Setembro: as medidas decisivas

Há também a mudança de ideias sobre a data do próximo congresso do PSD-M. Miguel Albuquerque, candidato assumido à liderança do partido, exigia o evento para Abril de 2013, conforme os estatutos mandam. O chefe rejeitava: congresso nunca antes das autárquicas, previstas para finais de 2013.

Porém, tal como os operacionais da própria candidatura de Miguel Albuquerque havia muito vinham prenunciando, a reviravolta não tardou.
Depois de tentar uma demonstração de força teimando no adiamento do congresso, Alberto João Jardim viu-se condicionado pelos incessantes  e cirúrgicos apelos de Miguel Albuquerque para o respeito diante dos estatutos. Melhor pensando, Jardim mandou Manuel António, aproveitando a entrevista na RTP-M, quinta-feira, lançar a data do congresso já para este ano. Do mal o menos, travava-se a bola de neve chamada Miguel Albuquerque.
Embora contrafeito, Jardim jogou bem, para os seus intentos. Porque o andar do tempo beneficiava claramente o candidato muncipal.
Claro que os 340 convivas no jantar da 'Parreira', número impensável seis meses atrás, 'ajudou' o invencível chefe a vergar-se.
Se é que também não foi empurrado por alguma sondagem daquelas que costuma encomendar secretamente.


Perito a marcar agenda... quando concorria sozinho

Fora o erro crasso de teimar em adiar o congresso, possivelmente esperançado numa desistência de Albuquerque, pelo cansaço, Jardim sempre mostrou jeito para marcar o calendário político e partidário.
Rebuscando qualidades, acaba de agendar reuniões importantes de órgãos do partido para 21 e 22 de Setembro. 

Dia 21 à noite - uma sexta - as datas das eleições internas e do congresso serão comentadas pela Comissão política. Logo no dia 22 de manhã - sábado - consumação das ditas em Conselho Regional.
E que datas serão essas? No partido, há quem admita eleições em Outubro e congresso - já com a futura liderança escolhida - em Novembro.

Esse jeito para marcar agenda partidária resultava quando o dr. Jardim sabia de antemão que ninguém lhe faria frente no congresso. Eis a correcção que nos fazem elementos da candidatura de Miguel Albuquerque.
Com certa lógica.
Sem negarem que quanto mais tempo até à luta final, melhor para Miguel, afiançam-se porém preparados para uma corrida decisiva já.
"Os militantes do PSD-M já perceberam a mudança que é urgente fazer", diz-nos um desses elementos municipais. "Não precisamos de repetir a todas as horas essa mensagem, mas não contamos descansar até aos momentos decisivos."


Ansiosos por ver as possibilidades... de Jardim!

Miguel Albuquerque sempre defendeu a data do congresso consoante os estatutos. Ora, os estatutos mandam Abril de 2013. Como aceita agora antecipar?
Explicam-nos: há 3 formas de convocar um congresso extraordinário, de acordo com os estatutos - através da Comissão Política, do Conselho Regional ou por recolha de 300 assinaturas de militantes. Tratando-se, no caso, de um congresso extraordinário, marcá-lo para este ano é legal.
Sobre as possibilidades de vitória de Miguel Albuquerque... "Nós estamos ansiosos é por ver as possibilidades do dr. Alberto João, nesta altura", ri-se o elemento que procurámos. "Para já, penso que todos já repararam que ele anda a reboque da nossa agenda. Funciona em função do que nós fazemos."
Ironicamente: "É claro, como ele nos imita, está a fazer muito bem."
Um pormenor: "Acusaram-nos de ter começado muito cedo com a candidatura. Agora, acham que vamos tarde... Tem graça!"


Chapeladas: no dia dos votos, ninguém vai fazer chichi

Barões do PSD-Madeira, eles próprios, confessam o registo de 'chapeladas' na contagem de votos em vários momentos da vida interna. Não para órgãos internos regionais, porque os congressos sempre foram marcados por listas únicas. Mas há histórias sobre 'arranjos' a propósito de eleições para escolha de lideranças nacionais. Na Madeira ganha o candidato que Jardim apoiar. E o mesmo Jardim já se gabou de, na Figueira, pôr a 'votar' em Cavaco Silva congressistas da Madeira que andavam longe.
Pusemos à facção miguelista uma questão a esse propósito: o dr. Albuquerque pediu um processo eleitoral "limpo", no PSD-Madeira, na próxima corrida. É pedir e confiar na honestidade das mesas?
Mais risos: "Evidentemente que não. Precisamos de pelo menos dois elementos em cada assembleia de voto. É que às vezes uma pessoa precisa de ir fazer chichi. Se for um elemento sozinho, já viu? Sabemos que há gente que votou e o voto não apareceu. E gente que não votou e apareceu como se tivesse votado. Será um dia para não se fazer chichi."


Hipocrisia na Herdade

A semana que vai entrar apresenta-se importante para os candidatos - Albuquerque e Jardim. No domingo, 22 de Julho, ei-los que estarão lado a lado no palco da 'Herdade Chão da Lagoa'.


Apelos à Herdade: as setas obrigatórias e os vermelhos brigam entre si.

A política obriga a este tipo de hipocrisia. Ambos podem defender os mesmos objectivos: unidade do partido, mais autonomia regional, combate à troika. Mas do que não se livram é das divergências patentes. Miguel Albuquerque estará junto daquele a quem acusa do "clima de medo" instalado na Madeira. E Jardim à mercê de um rebelde que lhe espeta "facas nas costas" e quer fazer "rebentar o PSD-M por dentro".
Curiosamente, ambos apelam para a comparência dos madeirenses em força na serra. Jardim quer impor que uma Herdade cheia de apoiantes lhe dá vitória antecipada. Mas Albuquerque safa-se de qualquer situação: casa cheia tem a ver também com os seus apelos; fiasco é contra o jardinismo.
Nenhum tem razão. As afluências ao planalto dependem, não deles, mas dos nomes em cartaz para a tarde musical.
Mais nada! Até à data foi assim.
A menos que, desta vez, o povo 'pata rapada' tenha acordado e, acabada que vê a unanimidade, resolva dar valente tampa nos 'doutores'. 


Assobios para Albuquerque? Não vai pegar...

Pelo que se ouve sobre camionetas devolvidas por falta de inscritos e pela oferta de bilhetes, a modos que o Quim Barreiros já fartou com as histórias do bacalhau e da garagem da vizinha. Ou será que...?
O que há, desta vez, é quem fale em claques organizadas pelas actuais cúpulas do partido para arrancar assobios quando Albuquerque se chegar à boca de cena para intervir. Mas não acreditamos que 'pegue'. Os ventos sorriem ao 'challenger'. É só andar pela rua para o perceber.
Jardim sabe-o, e se não sabe é grave para as suas pretensões a líder eterno. Ao menos devia saber que se Albuquerque perder no congresso de finais deste ano, vencerá no congresso seguinte.
Miguelismo - uma das pragas que corroem o laranjal jardinista, lançadas à terra pelo próprio caseiro!


Teimosia: bandeira azul-amarela no Pico Rádio

Jardim trata de desvalorizar os perigos que lhe estão apontados. Sexta-feira, na Comissão Política, desatou a preencher tempo com assuntos marginais relativamente à situação presente. O Castelo do Pico - Pico Rádio -, por exemplo. É preciso hastear ali a bandeira azul-amarela! - dizia ele aos comissários. Há lá 30 marinheiros... pois bem, propõe-se a Lisboa que eles se mudem para as habitações que o governo regional tem vazias na Cancela. Então, a Madeira ficará com o castelo. E põe-se lá uma bandeira da Região.

Jardim anda preocupado em hastear uma bandeira azul-amarela no Pico Rádio.


Importante, quando a Madeira definha com as medidas de austeridade!
E ainda o caso do encontro secreto em Belém, a ocupar conversa. Mas... alguém acredita que Cavaco, ex-sr. Silva, chamou o dinossauro regional para lhe pedir opiniões ou soluções para o país?


Tiques rudimentares

Assunção Cristas lá se deve ter admirado com a frieza entre os barões laranja no almoço das Angústias, em dia abrasador. Assim como se apercebeu do revelador tique de Manuel António, ao obstaculizar um armador que se queixava à ministra, na doca do Caniçal. "Não se pode tapar os olhos à sra. ministra", dizia o pescador, desesperado com a demora no conserto de um guindaste que vem atrasando as descargas de peixe. Manuel António, que mostrara tolerância na entrevista à RTP, tentou impedir o homem de falar, a TV mostrou.
...Um tique razoavelmente compaginável com o protesto da Assembleia Regional contra Assunção Esteves, que se 'atreveu' a receber José Manuel Coelho em S. Bento. Um contra-ataque como se fosse Jardim a dirigir-se, nos habituais maus modos, ao parlamento regional.
Só que Assunção Esteves não depende das convocações de Jardim, como Rubina Leal.
E respondeu adequadamente. Ou seja, de um modo estranho para esta maioria laranja.


3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro luís Calisto

Até 21 de Setembro, a continuar a falta de chuva, não vai correr muita água debaixo das pontes madeirenses. Mas vai correr muita cambalhota de Jardim.

Luís Calisto disse...

Pois, Caro Coronel, não podemos deixar de desfrutar desse espectáculo de contorcionismo no garrido circo da Madeira Nova.

Anónimo disse...

o episodio com Rubina Leal não admira ninguem. o UI não está habituado a encontrar alguem que não aceite ordens descabidas e que tenha a coragem de frontalmente dizer Não. Só é pena que outros que lá andam não tenham a mesma digidade