ALBUQUERQUE E OS SEUS
(FUTUROS) MANDATOS
(FUTUROS) MANDATOS
O presidente do governo regional afirmou ontem à beira-mar que as obras necessárias ao prolongamento da Pontinha terão de esperar uns anos e nem sequer decorrerão durante... os seus mandatos.
Ora, que os tempos não são de abundância em matéria de finanças, sabíamos nós. O que desconhecíamos era o dado adquirido do nosso Sua Majestade quanto a ficar mais mandatos a governar a Tabanca.
Não dizemos que não vá ser assim, que não fique mais dois mandatos além deste, quem sabe. Porém, é preciso deixar aqui uns reparos à auto-confiança do novo patrão-mor da Tabanca.
Aquilo saiu-lhe com tanta naturalidade que não ficámos com dúvidas: não ocorre a Miguel Albuquerque a hipótese de as coisas continuarem a correr ao seu desgoverno tão malzinho como estão. Ou então ele ainda não se apercebeu de que já vamos para um ano de desgoverno e não se vê nada de nada de concreto que emergisse do novel Establishment Azul.
Miguel Albuquerque vai fazer-nos o favor de confessar que não fala a sério naquela sua comunicação plasmada no 'face' a respeito do que o seu desgoverno (não) fez.
Num aspecto ele tem razão. É quando fala sobre o desanuviamento do convívio social na Madeira e sbre os consensos no relacionamento entre partidos - isso melhorou a olhos vistos. Que houve reforma do sistema político regional, sim, seja. Acontece que o povo, em especial o matreiro madeirense, não bebe nem petisca boas maneiras.
Falar das grandes benesses do CINM?! Outra vez?! Das verbas conseguidas da Europa e das consolidadas junto do Estado?! Que obra é essa?
A comunicação, ou que raio é, são 12 páginas de lugares comuns mais velhos do que o norte na política doméstica! Confrangedor. Coisa que se escreve em 3 ou 4 minutos, de cor.
Caro sr. Sua Majestade! O que o povo exigirá ao seu governo já neste mandato é emprego. Menos impostos. Menos sem-abrigo jogados em cima de cartões na Rua do Seminário e na Avenida Arriaga! Menos classe média na sopa do Cardoso. Escolas justas. Fim da emigração forçada. Dinheiro para dar de comer aos filhos. Dignidade aos idosos na recta final da vida. O resto é paleio de chacha, Homem de Deus.
Ai o governo regional não pode fazer milagres? Engraçado, não ouvimos essa na campanha interna do PSD nem na campanha para as regionais. Então promete-se mundos e fundos e na hora da verdade agita-se com a crise global?
Pronto, esse panfleto no 'face' é um pró-forma, para 'encher chouriço', justificar as boas-festas do presidente. Mas não diga que fala a sério. Aliás, aquilo não diz nada, a não ser as tais frases feitas.
É verdade que a gente gosta de ouvir umas bem tocadas pianadas, que têm o seu lugar, apreciar umas imagens do chefe em almoçaradas nas comunidades, umas falas melodoces do presidente, abraços e beijos via comunicação social. Mas isso é a título de folclore. E fora das horas das refeições, porque quando o estômago aperta dispensamos conversa.
O presidente invoca promessas cumpridas em 2015?! Não brinque, Amigo Miguel. Esses apoios às PME e os milhões à agricultura, por exemplo, não passam de retórica no papel, quando não se escoam por entre mãos amigas, desculpe a bruteza.
Anteontem, 29 de Dezembro, fez um ano que Albuquerque venceu a 2.ª volta das internas no PSD. Mas a verdade é que o partido continua desunido como nunca esteve no tempo do anterior sua Excelência da Velha Tabanca, se exceptuarmos o período final, quando as coisas descambaram e sorriram para os lados do challenger.
Albuquerque, ao falar dos seus 'mandatos', dá a entender que os próximos congressos do Laranjal serão um passeio para ele e para o novo Establishment. Parece convicto ainda de que irá a eleições regionais e as ganhará de modo a prosseguir... os seus 'mandatos'.
Se bem nos lembramos, o antecessor ditadorzinho das Angústias nunca gostou de cantar vitória antes da contagem de votos em cada eleição. Até passava raspanetes aos feiticeiros da tribo que, em lugar de trabalharem nas campanhas, se acomodavam ostentando arrogância triunfalista.
Miguel Albuquerque tem os seus feelings. Já conta com mandatos futuros. Também porque a oposição não o obriga a ser modesto. Carlos Pereira do PS anda deslumbrado com a vida política em Lisboa e tarda a ler Camilo e a sua "Queda de um Anjo". O PP, com José Manuel Rodrigues de lado, Portas irrevogavelmente auto-banido e Rui Barreto em situação de refractário, para não dizer desertor, incomoda menos do que uma pena de pavão. Assim, e contando com o cor-de-rosa com que os mentideros da Região disfarçam diariamente a tragédia madeirense, é natural que o novo chefe se deixe desvanecer.
Mas há um problemazinho: o povo é manhoso a votar. Não arranje Miguel Albuquerque 'pilim' para contentar a populaça com as velhas lentilhas e verá com quantos paus se faz uma canoa, antes de garantir o próximo 'mandato'.
As autárquicas já lhe darão um sinal.