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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Orçamento na Assembleia






ORQUESTRA DE CÂMARA DA MADEIRA
DEVIA ACOMPANHAR OS DEBATES... AO VIVO






A melodia do Blue Establishment que, depois de ter seduzido canetas, micros e câmaras, alastra vertiginosamente à oposição, tinha muito a ganhar com uns violinos e umas trompas em fundo



Fica para a História o debate do Orçamento da Região-2016, a chegar ao fim na Assembleia Legislativa.
"Quero enaltecer, quero elogiar, quero destacar..." são expressões emergentes a toda a hora de quase todas as bancadas, em homenagem e bajulação aos secretários regionais que se têm apresentado nos assentos reservados ao governo para trocar impressões ligeiras ao som imaginário do Danúbio Azul. 
Fazemos parte do grupo que, embora satisfeito pelas mudanças na Madeira depois de 40 anos, rebentasse lá a Tabanca para que lado rebentasse, não acreditámos na Renovação prometida por Miguel Albuquerque.
Errámos. Rotundamente. O novo chefe da Tabanca, ao estender o tapete do Blue Establishment, excedeu as suas próprias promessas. 
Na área social-democrata, a Renovação é um facto, basicamente ao nível do estilo. Os deputados e o líder do PSD já não vão para as discussões parlamentares chamar 'cabrão' a este, 'louco' àquele, 'gatuno' a fulano, 'bastardo' a sicrano. Vai tudo com falinhas mansas, sem stress, com frases suficientemente ambíguas para que não suscitem críticas.
Os secretários falam das medidas orçamentadas a executar em 2016, sem nada de concreto. Fogo fátuo - literalmente. Os deputados, da maioria e da oposição, vão fazendo as suas perguntas, para cumprir o seu papel, também sem dizerem nada de nada, e os secretários, gastando até à exaustão a resposta "tem razão, sr. deputado, concordo consigo, vamos ver..." - lá vão passando incólumes como nunca se viu nesta terra.
Ricardo Vieira desfez-se ontem em elogios a Susana Prada, fazendo corar e deixando sem jeito a elegante secretária do Ambiente. Humberto Vasconcelos, que retomou a teoria dos milhões gizada pelo antecessor, está a passar hoje entre os pingos da chuva, no debate da manhã.
A oposição, salvo raríssimas excepções, intervém com pinças, para deixar claro que as suas críticas vão para o governo anterior - embora o actual já esteja em funções há meia-dúzia de meses. 
Claro que Humberto não desperdiça os passes a pingar para o coração da área, e ainda há minutos rematou forte uma assistência antipática para o 'secretário antecessor': "Pois, eu tenho pago os pecados anteriores, mas não posso pagar todos."
Até o avião cargueiro... o secretário, depois de a clique de Albuquerque ter apresentado o tubérculo-voador como uma bandeira de campanha, vem agora dizer que o problema é do empresário que falou nesse projecto, o governo, que ideia!, nada tem a ver com o assunto.
E a oposição acha que fica tudo explicado!
Se a Renovação albuquerquista já conquistara a comunicação social, a oposição também está pelo beicinho. 
Ontem, Eduardo Jesus deixou-se escorregar polichinelo abaixo, numa altura em que Rui Barreto tentava ajudar o homem a governar. Jesus chegou mesmo a utilizar a expressão "não tem água com que se lave", que, se era do mais vulgar no calão jardineirista, hoje em dia equivale a um rosário de palavrões capazes de fazer corar um carroceiro. Lino Abreu fez uma observação e-propósito e o secretário, em lugar de pedir desculpas ao visado, insistiu na sua razão, alegando ter também o direito à indignação, ou coisa que o valha.
Mas foi um arrufo isolado. Tirando os momentos desta manhã em que José Manuel Coelho falou como sabe, o ambiente tem sido de concórdia. 
Neste momento - 11.35 - Faria Nunes diz de sua justiça sobre a honra de ser secretário da Saúde. Mas tivemos de desligar o aparelho, porque começávamos a pescar bodiões e precisamos de acabar esta peça rapidamente, porque há vida natalícia para além do circo da hipocrisia. 
Há um inconveniente nesta marmelada toda em que todos estão acomodados, porque ninguém lhes tira o lugarzinho: a gente vê um bocado daquilo e, como referimos, pega no sono. Talvez mal habituados pelo ambiente de lota de outrora, estranhamos este parlamentarismo envernizado. Mas nem 8 nem 88. Sugerimos que, para o tempo que falta a este parlamento até ao Natal, e já que as missas do parto estão no terreno, Tranquada que meta a Orquestra Clássica da Madeira a actuar para servir de acompanhamento à melopeia dos senhores deputados, desde a maioria até à oposição. Uns temas de Natal vinham a calhar nesta altura.

José Manuel Coelho foi a excepção nas últimas horas, denunciando sensível desafinação com a música dos
'Albu... queques'.



9 comentários:

Anónimo disse...

Circo da hipocrisia, nem mais!

Anónimo disse...

FOI UM DEBATE MUITO INTRESSANTE COMEÇANDO POR O PRESIDENTE DA 2ª COMISSÃO ACABANDO NAS FALHAS DO SOM DA RTP-M,MEUS AMIGOS FAÇAM UM FAVOR A (DEMOCRACIA POUPEM OS NOSSOS IMPOSTOS) VÃO PARA CASA DE VEZ É UMA VERGONHA ESTA ALM.

Anónimo disse...

O Sr. Deputado Carlos Rodrigues em tempos apregoou nas reuniões da Comissão Política que colocaria bombas pela Autonomia. Hoje em dia, faz o jogo do Albuquerque. É um profissional da falta de espinha dorsal que pensa que ter razão é falar mais alto que os outros. Abençoada Renovação! Até quando o Povo vai engolir este engodo?

Anónimo disse...

•••Tranquada que meta a Orquestra Clássica da Madeira a actuar para servir de acompanhamento à melopeia dos senhores deputados"
Já agora: com o deputado "bulldozer" a maestro!!

Anónimo disse...

Ouvi poucos milhões da parte do Secretário da Agricultura. Será que o homem está ficando pobre ou forreta?
Quanto ao tal cargueiro voador eu juro pela honra de qualquer um que nunca, "jamai" como dizia o outro, se ouvi o Albuquerque dizer que aquele "Antonov 225" iria aterrar, primeiro em Julho, depois em agosto e tal.
Não disseram nada, nem o Humberto se anunciou avião nenhum.
Foi um privado que disse isso - assunto arrumado!
Já quanto ao tal Ferry que vai vir num dia de nevoeiro, também acho que com tantos concorrentes, as propostas virão de avião para Janeiro de um ano qualquer a bordo quem sabe do tal Antonov.
Tenho dito!

Luís Calisto disse...

Às vezes, caro Comentador, dou comigo a perguntar-me onde fui buscar essa de eles, Miguel e Humberto, terem alguma vez aflorado sequer a questão do barraqueiro-voador. Claro que foi o empresário.
Quanto ao ferry, e depois do insucesso do barraqueiro-voador por causa do bote, o problema está a ser mesmo esse: a escolha entre tantos concorrentes.

Jorge Figueira disse...

Que me diz o Calisto a isto?
Os eleitores gostavam de saber aquilo que pensam todas as bancadas sobre a despesa pública feita na Marina do Lugar de Baixo e no "alindamento" para protecção do Jardim do aterro que nos foi apresentado como cais - o tal cais 8 ou 88 como refere - os representados por S. Exas., em unanimidade, gostavam de saber aquilo que o Ministério Público poderia dizer sobre tudo isso. Para quando um requerimento, com votação imediata, propondo que o Sr. Pres da ALM apresente no MP o pedido de investigação? Não fará isto parte da defesa do Bem comum?

Anónimo disse...

Sr. Calisto! Perdeu provavelmente o melhor do circo da Assembleia. Recomendo vivamente que recorra a gravação para ver o espectáculo dado pelo urologista. Ver para crer.

Luís Calisto disse...

Acredito ter perdido o melhor. Só vi a espaços, sempre fugazmente. Vou tentar ver... para crer.
Obrigado pela sugestão.