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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Propaganda cara (2)



UM NÃO-SUPLEMENTO DE CONVENIÊNCIA
QUE OBVIAMENTE NÃO DIZ NADA DE NADA




Muito tem dado que falar o encarte de ineficaz propaganda governamental que Miguel Albuquerque mandou à comunicação social, para efeitos de publicação bem cara para o contribuinte. Iniciativa tomada à semelhança, se não estamos em erro, do que se passou quando este executivo, chamemos-lhe assim, fez cem dias (efeméride a que muitos chamaram 'cem dias sem governo').
Tem dado que falar e o PP ainda ontem entregou no Parlamento umas perguntas dirigidas ao mentor do Blue Stablishment a ver se o homem explica o propósito de semelhante suplemento que, concordamos, não diz nada de nada.
Atenção, senhores do PP! Não se esqueçam daquela 'Alternativa' encartada no tempo das eleições. Quantos suplementos dominados pela cor azul! Devia custar uma nota de barbas. Sim, há uma diferença. O PP-M pagava os custos com uma despesa já feita, o jackpot parlamentar. Ao passo que o governo das Angústias cria uma despesa nova, pública, para distribuir subsídios indirectos por falta de coragem para equilibrar de uma vez o mercado regional da imprensa.
Mas, sim, o suplemento das Angústias é um não-suplemento. Vazio, inócuo, frívolo. Chato. 
Não serve rigorosamente para nada, a não ser para levantar ondas pelo descaramento da diligência pseudo-propagandística. 
Já se viu que Miguel Albuquerque, enquanto presidente votado pela maioria dos madeirenses, não tem pruridos em usar oficialmente a Região para dar estatuto a uma caravana particular às voltas pelas comunidades, subalternizando tristemente o cargo de Presidente de um Governo. Deve pensar por momentos que ainda é autarca. Integra, também, a lista de colunistas de um jornal, como um colaborador qualquer, banalizando obviamente a posição que ocupa. Quando, a nosso ver, devia escrever no mesmo sítio, por que não?, porém em momentos importantes, quando fosse conveniente levar aos governados as posições e as opiniões do Presidente sobre os momentos e acontecimentos. Talvez lêssemos isso.
Mas todos são livres de agir pela sua cabeça, assim como nós somos livres de apresentar pontos de vista.
Tudo isto para chegarmos ao texto com que o desinspirado presidente teve de encher o editorial do 'não-suplemento' - caderno ainda por cima chamado 'Governo em Acção'. Quando a inactividade é a marca daquele elenco da Tabanca! Ainda se fosse 'governo em inacção...'
Raio de editorial! Uma oca 'lapaliçada' de cima abaixo, ainda por cima com ares retóricos, caro Amigo Miguel!
Não é bem assim? É pior! Veja-se o que vem lá escrito e assinado pelo chefe:
- "Governar democraticamente é decidir tendo presente o interesse dos cidadãos num quadro de responsabilidade, transparência e confiança."
- "A Região Autónoma entrou num novo ciclo com a dignificação das instituições políticas e representativas como símbolos qualitativos da Autonomia."
E por aí fora lugares-comuns destes a chover no molhado, como numa aula sobre democracia... leccionada a pequenos do 1.º ano.
Vejamos este pensamento profundo, caro Miguel:
- "Agarrar as oportunidades tirando partido das situações obriga à execução de boas práticas de gestão da coisa pública (...)"
E nós a julgarmos que a execução devia ser com 'más práticas de gestão da coisa pública'! Para cúmulo, o presidente pronuncia-se com um inconsciente à-vontade para chamar a esta prosa um "balanço de final do ano"!
...A menos que Albuquerque se refira ao 'balanço' que os secretários esboçam nas páginas seguintes. Mas se for isso, o deserto de ideias continua.

Eduardo Jesus, por exemplo, fala de turismo para dizer o que já ouvimos desde o tempo em que os animais falavam, tipo taxas de ocupação que subiram tantos por cento, a promoção que era assim e agora será assado, para depois sair esturricada, como de costume. Na economia, aquilo são sistemas de certificação energética, sistemas de incentivos dos tais invisíveis, oficinas do empreendedor, aproximação do GR ao 'tecido empresarial' - enfim, 'medidas' que, como já estamos a ver, dinamizarão a nossa economia até mais não. 
É ainda a entrada da Everjets na rota para Lisboa. 
Do avião cargueiro é que nada se lê ali. Andam à procura do bote e Novembro já se foi. O ferry, sim: as negociações estão quase, quase. Mas quase mesmo. A rebentar. Já se avista o projecto ao fundo, a leste das Desertas.
Medida na cultura: mudança do Museu de Arte Contemporânea de um lado para outro. Fantástico. Não dá para iniciar uma nova época no processo histórico-cultural da Madeira, mas anda perto. 
"Reafectação do espaço Quinta Magnólia, com programa de requalificação do mesmo." Que pensamento filosófico! Nem os tolos como nós a quem se dirige o suplemento, ou não-suplemento, evitam a gargalhada!
Atenção que, nestes meses de governação, salienta a Secretaria, "os festivais de cultura conquistaram mais público". Muito sério. Sem esquecer, atenção, que eles, festivais, "afirmaram a identidade cultural da Região". Embrulhem!
Ah, e o Museu CR7 transfere-se para a Praça do Mar - é outro ponto forte do suplemento governamental nesta área específica, mesmo que esse museu vá mudar para a Praça da Estrada da Pontinha e não para a Casa das Mudas. 
Enfim.

Continuando a folhear o 'suplemento', dá-se de frente, salvo seja, com Rubina Leal. Mas nestes sectores do social e da solidariedade há sempre um trabalho, aqui sim invisível, que interessa estimular, porque é sempre inglório. Por ali não vem mal ao mundo, pelo menos de que tenhamos conhecimento.

E vem Jorge Carvalho com a Educação, falar de desenvolvimento de uma cultura de diálogo com as escolas, intervenções, reorganizações, regulamentações, apoios - coisas que vamos esperar para ver. Como esperamos pelo desenlace das classes para burros e das classes para privilegiados.

Sérgio Marques não escapa: teve de encher também uma página de suplemento e então vá de reiterar que o governo quer dar dinheiro à comunicação social em 2016, e anunciar um novo modelo de relações com as comunidades que seja mais eficaz - e ficamos, como o próprio Sérgio, sem saber que modelo pode ser esse, até porque Albuquerque e Rui Abreu é que andam nessas excursões.

Vem Faria Nunes falar de questões mais velhas do que o Norte, como o novo hospital, as listas de espera, contratos, numa onda tal que este seu texto serve muito bem para o suplemento que vier a seguir. É suficientemente ambíguo e impreciso para não dar barraca.

De Humberto Vasconcelos temos falado, porque o homem tem sido vedeta na comunicação social. O homem da agricultura está como Eduardo Jesus: é um assobio e os microfones perfilam-se na mesa da conferência de imprensa... para ouvir o homem dizer que a Região anda 'satisfeita'. De facto, de tão 'tocados' que andamos com esta desgovernação, achamos todos que 'a festa está rija, está tudo contente'.

No Ambiente, que poderia escrever Susana Prada senão ideias para planos, institutos, contratações, levantamentos, temas que também servirão para os próximos suplementos? É mandar os textos sic para o processador e está resolvido o frete. É que dali não se vê sair nada de palpável. É verdade que as ideias são abstractas, mas seria bom ao menos percebê-las.

Quanto às Finanças Públicas, vamos poupar o nosso Gasparzinho. Não sei se já repararam que os governos escolhem geralmente ministros e secretários para as Finanças com dificuldades em articular um discurso oral que se perceba logo à primeira - mal que também nos afecta a nós, já agora, sem sermos financeiros. Quem faz governos não pode dormir em serviço. É que quanto mais confuso, 'gago' e de conversa atada seja o titular da pasta do dinheiro, menos água mete nos debates a que são obrigados. Pelo cansaço, a oposição desiste de fazer mais perguntas incómodas que invariavelmente são respondidas, ainda por cima às gaguejadelas, com montes de keynesianismo, utilitarismo, mercantilismo, fisiocratismo e neoliberalismo, além dos mercados e paefs - em dose tal que é melhor passar ao secretário seguinte. 

Finalmente, o suplemento não esquece o Porto Santo.
Atenção a isto, que é importante:
- O GR diz que já está em Bruxelas para aprovação um sistema de melhoria nas condições da mobilidade para o passageiro, por mar ou ar.
Já para o ano, haverá suplemento remuneratório de 15%.
O suplemento fala de um acordo entre os agricultores do P. Santo e a maior unidade hoteleira da pequena ilha com um aumento de rendimento anual de 100 mil euros!
Dinheiro - 68 milhões - para compensar custos das empresas resultantes da ultraperiferia.
As empresas do P. Santo, diz-se ainda, têm no programa de governo uma majoração de 10%.
E depois são mais dezena e meia de medidas todas elas a beneficiar grandemente os porto-santenses! Operações aéreas de Inverno com a Escandinávia, mais aviões charter, mais milhões para a escola, recuperação da ligação aérea com Lisboa,mais isto e mais aquilo.
E, em jeito de recado, a lembrança de que o Porto Santo teve o melhor Verão de sempre, ao nível da hotelaria!
É por isto que terminamos falando aos nossos Amigos porto-santense: por que diabo estão sempre a queixar-se? Porquê essa má vontade com os governantes do Funchal? Sim, sabemos que a miséria se instalou na ilha. Que o emprego por aí está abaixo de zero. Que a fome já entrou em vários lares. Que a penúria campeia desde a cidade Vila Baleira ao Dragoeiro, Camacha, Calheta. Que os velhos definham e as depressões alastram. Que a juventude porto-santense definitivamente só tem futuro se fizer as malas. Sabemos isso tudo.
Mas, perante um suplemento destes, as coisas boas superam as más, é só elencar umas e outras. Os nossos amigos deviam andar aí aos pulos de contentes! Entretanto, ocupem o tempo numa onda positiva. Lendo estes suplementos cor-de-rosa do governo, por exemplo.


2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo, Calisto, ainda lhe vão chamar comunista por causa daquilo que escreveu, eheheheeh

Anónimo disse...

É de rir assistir à política do PP a atacar o PSD! São siameses, sendo que o PP será, a breve trecho, sufocado pelo PSD e bye bye azulinhus!...