UM ANO DE AUTÁRQUICAS
SEM AUTÁRQUICAS
Albuquerque costuma dizer que "a vida do mar é dura". Acrescentemos: "...E não só para os outros."
A fava de enfrentar Cafôfo ameaça Rubina Leal
Com o avançar de 2016, Miguel Albuquerque perceberá que não lhe chega distribuir doces pelos grupos parlamentares e pelos seus agentes de propaganda para levar o mandato de chefe do governo descansado e conseguir reeditá-lo nas próximas regionais. Os Madeirenses já sabem o que é que significa para o PSD, ainda no poder, as promessas de aviões cargueiros, ferries e corte de dinheiro público para jornais. As falinhas mansas no anúncio de milhões para aqui e de triliões para acolá, mais hospitais novos e atracção de investimento estrangeiro, tudo isso é chão já sem uvas.
Neste 2016 prestes a despontar por detrás dos fumos e das cores de São Silvestre, o Blue Establishment, por mais anteparos que esteja inteligentemente a erguer à sua volta, terá de trabalhar no terreno. Imagens de TV, fotografias e elogios baratos serão insuficientes quando os operacionais do novo Laranjal acordarem para a conjuntura onde terão forçosamente de se movimentar.
Julgará o actual presidente do PSD que, depois da célebre contagem dos 12 votos, ganhará mais uma vez a maioria numas legislativas se não tiver recuperado para o seu partido a Câmara da capital? Não nos parece. Essa fórmula de distribuição de poderes é agradavelmente democrática, porém, como se constata na actualidade, desagrada sobremaneira a militantes habituados a anos de domínio fácil e quase absoluto. Há tantos interesses pessoais em jogo!...
O PSD precisa muito de ganhar no Funchal. Necessidade que consubstancia um sério problema para os dirigentes da Rua dos Netos. A esta distância, pensamos até que Paulo Cafôfo só precisará de não cometer erros para tornar a ganhar. Admitindo, claro está, que com o aproximar de 2017 a vereação 'Mudança' abrandará sorrateiramente os tiques de pressionar, reprimir e 'chatear' o munícipe, já de si apertado por todos os lados com impostos, imposições, obrigações e limitações.
Sabe-se que o Funchal sempre constituiu aquele quebra-cabeças para o PSD. E o eleitorado só em estado de desespero manda às malvas a teoria de que 'em equipa que ganha não se mexe'. Neste momento, não se descortinam sintomas de desespero na situação política concelhia - a começar pela frouxa ou inexistente oposição por parte da antiga maioria municipal.
Sabe-se que o Funchal sempre constituiu aquele quebra-cabeças para o PSD. E o eleitorado só em estado de desespero manda às malvas a teoria de que 'em equipa que ganha não se mexe'. Neste momento, não se descortinam sintomas de desespero na situação política concelhia - a começar pela frouxa ou inexistente oposição por parte da antiga maioria municipal.
Caso o líder socialista regional Carlos Pereira se cure dos pruridos que a auto-suficiência de Cafôfo lhe provocou, depois da vitória municipal em 2013, e contando com apoios dos partidos pequenos que resistiram à crise pós-eleitoral, os assaltantes social-democratas ao enclave do Funchal muito terão de transpirar por um resultado digno.
Miguel Albuquerque precisa de um candidato fortíssimo à frente desse combate. Não vemos muitos quadros com perfil para tão espinhosa missão. Há Rubina Leal. Não estamos a especular. Trata-se de um nome que entra nas conversas sobre o assunto a correr já nos nervosos bastidores do PSD. Rubina representa de facto um problema que Paulo Cafôfo não gostaria de encontrar no caminho da recandidatura - e estamos a partir do princípio de que o actual presidente da Câmara tenciona ir a nova luta.
Rubina integra o elenco do governo regional. O que enfraquece tal possibilidade. A secretária da Inclusão Social arriscaria o momento de glória nas eleições autárquicas contra o trauma de voltar ao executivo na qualidade de vencida ou nem voltando, sequer.
O ex-autarca terá mudado de opinião?
No mesmo patamar de Rubina está Pedro Calado, que na gestão municipal anterior foi n.º 2 de Miguel Albuquerque. Para Cafôfo, reside ali outra potencial ameaça. Com uma desvantagem para Calado: a sua condição profissional de colaborador bem posicionado do grupo AFA, organização empresarial habitualmente diabolizada de ponta a ponta do espectro político-partidário, com exclusão de meio PSD, em tempo de campanha.
Pedro Calado tem peso eleitoral. Como Rubina. Com um ou outra, Albuquerque estaria a propor o máximo do partido. A menos que tenha um ás na manga para jogar à mesa, o que, francamente, não acreditamos fosse importunar a vereação actual.
Há também outra face importante deste 'cubo mágico': a vontade, política e pessoal, dos nomes apontados - e comentados nos corredores do Laranjal.
Miguel Albuquerque poderá passear muito com os seus amigos e fugir à luta partidária, nestes meses mais próximos. Mas as fortificações contratadas não chegarão para 'meia missa' na guerra autárquica no horizonte, se ele não mostrar gente credível - daquela que há cada vez menos.
Um dos mais incómodos problemas de Albuquerque é este: se perder no Funchal, terá dificuldades acrescidas nas legislativas de 2019. Mas - outra face do cubo mágico - que dizer do seu futuro se o PSD voltar a perder, como há pouco, ainda no tempo do seu antecessor, em mais de metade das câmaras da Região?
O PP-M pode estar a derreter-se e a confundir-se com a 'direita da direita' social-democrata. Mas Teófilo Cunha ganhará outra vez a Câmara de Santana, bastando-lhe concorrer, seja como representante dos populares seja como independente. Mau lugar para o PSD perder energias.
Em São Vicente, a menos que o cenário se deixe assaltar por aventureirismos político-partidários, os eleitores continuarão 'unidos por José António Garcês'.
Apesar de oposições aguerridas, o partido JPP deixará escapar a Câmara de Santa Cruz? Não nos parece. Pior, para Miguel Albuquerque: num caso desses, os senhores seguintes não seriam social-democratas.
No Porto Moniz, a candeia alumia nas mãos do socialista Emanuel Câmara, até à data. O mesmo acontecendo no Porto Santo, onde Menezes, do PS, pode muito bem repetir o êxito de 2013. Assim como Ricardo Franco, em Machico.
Nada está ganho, nada está perdido, para nenhum dos partidos tradicionalmente vencedores. O que inclui sobretudo o PSD. Que pode recuperar algumas câmaras. Todavia, convém recordar que o Laranjal pode deixar escapar algumas das que ganhou há 2 anos. A Calheta, a Ponta do Sol, a Ribeira Brava e Câmara de Lobos sempre foram bastiões da 'social-democracia à moda madeirense'. Mas, se calhar, não o serão para o resto do século. Até porque existe outro fenómeno a ter em conta: os movimentos de cidadãos, cada vez mais influentes no panorama político.
De modo que este 2016 prestes a entrar ao serviço não será o passeio ao qual Miguel Albuquerque se julga com direito, à custa de um saco de rebuçados e carinhos para espadanar sobre as forças vivas da Região. As autárquicas de 2017 entrarão na ordem do dia, daqui por uns mesinhos - por mais que, erradamente, interesse adiar a questão à nova e escassa maioria, sempre desejosa de paz, amor e pouco ruído.
Como costuma dizer o próprio presidente do governo e do PSD, "a vida do mar é dura". Faltando-lhe um remate: "...Mas não só para os outros."
22 comentários:
DEPOIS DE LER ESTE ARTIGO CHEGUEI A UMA CONCLUSÃO,SERÁ A ÚLTIMA VEZ QUE O PPD M SERÁ GOVERNO NA REGIAO A MIM NÃO SURPREENDE ESPERO QUE OS OUTROS PARTIDOS TODOS TENHAM ESTES MESES EM CONTA SERÁ A ÚLTIMA OPORTUNIDADE DE MUDAR A POLÍTICA É A ARROGÂNCIA DESTES SENHORES QUE ATÉ AGORA É SÓ PROTOCOLOS
PARABÉNS PELO ARTIGO
Para concorrer à CMF o PSD devia candidatar Sérgio Marques. Está na altura de ir a votos
Calisto, só um reparo: Os partidos da "oposição" desapareceram em São Vicente, quando optaram pelo apoio aos "independentes" (do PSD). Na minha opinião, o vice-presidente vai assaltar o poder, candidatando-se pelo PSD. Aliás, o rapaz foi sempre visto em eventos de apoio à candidatura do Albuquerque, aquando das eleições internas do partido. E note-se ainda que nas legislativas, o PSD teve um grande número de votantes. Este é um caso herdado do Vitor Freitas, que não tinha ninguém credível para se candidatar pelo PS, e do JM Rodrigues, que mandou aquele que seria o candidato de SV do PP para o Porto Moniz.
Mais um reparo: com a questão dos tachos a familiares, do célebre caso das pescarias - "cascague pedgas", mais as ideias luminosas do Menezes (cobrança de um imposto a visitantes, etc), a juntar ao feitio de mini Kim Jong Un, o Porto Santo não será assim tão difícil de conquistar para o PSD. Vai depender do candidato.
Machico e Santana, tal como Porto Moniz, a população parece "acostumada" aos actuais presidentes.
No caso de Câmara de Lobo, Calheta e Ponta do Sol, mais uma vez só depende do candidato da oposição...
Convenvamos k a atual governaçao e do maus fraquinho possível. Existem 2 areas k estao votadas ao abandono estratégico,saúde e educação, com equipad sofriveis e o curioso com gente afastada ou posta de parte sem razão. Isto denota ausencia de sentido governativo de kem preside e vai ter custos nas eleições. Kualker estratega começaria a pedir resultads praticos e iniciava contagem decrescente para uma remodelçao -a inglesa- a meio do mandato para não perder elan.a pergunta e será k Albuqueque tem pachorra?
O que devia estar para breve era o Ministério Público começar a desenrolar o novelo da corrupção na RAM. AFA, Calado, Albuquerque, Cunha e Silva, BANIF, Guilherme Silva. Ia ser bom de ver.
O Pedro Calado não tem qualquer peso eleitoral. Sempre foi eleito em lista. Rubina Leal tem a vantagem de ter feito um grande trabalho a favor de Albuquerque, especialmente nas zonas altas, e isso rende votos.
Por outro lado o interesse do Calado está nos €€€€€€€€, pelo que dificilmente trocará a sua atual situação por uma câmara.
Com a entrega de cabazes por Rubina Leal e Calado, julgo que estarão a preparar a candidatura deste ao Funchal.
Rubina não largará o certo pelo pouco provável.
Um pequeno reparo, o Funchal não é um enclave. É uma das 7 câmaras que não são governadas pelo PSD
Excelente artigo, Sr. Calisto!
Quanto ao caso de S. Vicente há um namoro do PSD (o Humberto tem sido o veio de transmissão) ao atual presidente, José António Garcês. Se este for inteligente como já provou que o é, saberá muito bem que não precisa do PSD para nada.
Ele tem a simpatia do povo e com uma mão no bolso ganha aquilo.
SEM OPOSIÇÃO, A "POSIÇÃO" ATUAL GANHARÁ SEMPRE (E SEM COMBATE)
ASSIM É FÁCIL DEMAIS ...
QUE É FEITO DO CASO CUBA LIVRE NÃO GOSTEI DA TRANFERENCIA DO PROCESSO PARA A MADEIRA,SERÁ QUE TEM A VER COM A SAÍDA DO MAC GAIVER DA AR..
Surpresas na Altura Certa ! Para Ganhar esta Desastrosa Gestão Câmara do Funchal...basta ir aos Saldos !!!!
Sérgio Marque para presidente da câmara do Funchal
Vê-se que este Natal foi intensamente celebrado pelos lados do Pina.
Caro Calisto, todos gostam de Rubina Leal, outros tantos simpatizam com Calado. Outros tantos fizeram cair ou ganhar Câmaras. Se o Rui Abreu é inteligente como parece ser, saberá aconselhar Albuquerque em primeiro lugar efetuar a Renovação que prometeu, irá desaparecer com os gamelões. Mas mais importante saberá lembrar-se que por muito bons que sejam os candidatos, se não houver o apoio das Comissões Políticas Concelhias e mais importante, o apoio das bases, até o Papa perde. As promessas hoje são mais importantes do que uma mão cheia de cabazes.
O sr. Calisto esqueceu-se de uma coisa, para se ganhar a Câmara do Funchal há que ganhar os funcionários. E o Cafofo não ganhou isso, porque todos sabem que ele é um bluff...
Ribeira Brava, Ponta do Sol e Calheta são uns sacos de pulgas, que foram votados ao abandono pelo Funchal, e deixados na mão de pessoas sem escrupulos, sem ideias, sem vontade de trabalhar em prol do partido, e principalmente a se borrifar para a situação que os vai mantendo encostados ao poder.
Estes 3 concelhos são eminentemente agrícolas, e a vagabundagem que vai dentro daquela secretaria, cheiinha de "Manueles Antónios" estão a fazer tudo para que corra mal, e o Vasconcelos não se dá conta. Quando caír em si, já vai ser tarde. Está a acontecer ao Vasconcelos agora o que aconteceu na Camara de São Vicente, deixou-se dominar por uma mulher, quando acordou foi tarde, foi expulso da Camara, agora a "sua braço direito" é muito torta, e vai po-lo fora novamente, e os agricultores aplaudem. O dinheirinho para a passagem do ano só chegará em Fevereiro, e se chegar. Com o Manuel António chegava sempre.
Calisto muitos parabéns pelo artigo. Excelente visão política!! Ainda acrescentaria que o Cafofo ganha a CMF e em 2018 deixa a Câmara para o numero 2 e candidata se a Presidente do Governo Regional da Madeira em 2019 e deixa o actual Presidente do Governo Regional em apuros. Não esquecer outro forte candidato em 2019 que é o Dr. Rui Barreto. O Dr. Miguel Albuquerque nunca mais em 2019 tem maioria absoluta e vai ter de negociar com a oposição ou terá a mesma situação do Continente que é o seu partido ganha sem maioria e terá de dar o governo ao PS, Bloco de esquerda e CDU. Será 3 anos de grande espectativa. P.S: existe ainda a possibilidade, caso o Dr. Miguel Albuquerque não ganhe o Funchal, haja um congresso do PSD extraordinário e haja um novo candidato que faça o mesmo que o Dr. Miguel Albuquerque fez ao Dr. Alberto João Jardim.
Os licores da Festa fazem dizer coisas maravilhosas.
ESTÁ NA HORA DE SÉRGIO MARQUES. VEJAMOS: TEM PERFIL, JÁ ESTEVE PARA SER CANDIDATO E NÃO FAZ GRANDE FALTA NO GOVERNO. COM A SUA SAÍDA PARA A CÂMARA FICAM CRIADAS AS CONDIÇÕES PARA PEDRO CALADO INTEGRAR O GOVERNO. NINGUÉM PERDE, TODOS GANHAM. TAMBÉM GOSTAMOS DA ANÁLISE DO CALISTO, PERTINENTE.
Caro Sr.º Calisto,
No Porto Moniz tem de contar com o antigo presidente Gabriel Farinha que já está a reunir apoios e irá apresentar candidatura independente.
As contas vão ser outras
O 300 NUNCA teria coragem de se apresentar ao desígnio dos Funchalenses, tal como desistiu com o Bruno, tem certo um lugar ao governo que não largará.
Quero ver como é que os Unidos pelo tacho (São Vicente) vão descalçar aquela bota. Cheira-me que vão continuar a ser laranjas sem camisola e com os tontos do PS e CDS a bater palmas.
Enviar um comentário