Velório do PP será penoso

CONGRESSISTAS PROCURARAM RUI BARRETO

MAS ENCONTRARAM UM RUI 'BARRETE'

O ex-deputado em São Bento Rui Barreto insiste em que Lopes da Fonseca, que propositadamente partiu o PP em duas metades iguais, é a unidade do partido. Não ouviram? Barreto teima na 'sabedoria' de ter abdicado de um lugar que facilmente seria seu para demonstrar que dá mais importância aos interesses do partido do que aos seus. Já depois do congresso, dizia que está a fazer o seu caminho e que acredita no PP de Lopes da Fonseca. Ao ouvi-lo, diríamos que só lhe falta escrever ao Pai Natal. Oh Rui! Em política, o comboio só passa uma vez. Daqui a 3 anos, se o partido for vivo, haverá malta nova para varrer de vez os velhos. E os novos-velhos, como é o caso. 

Depois da auto-demissão de José Manuel Rodrigues, os militantes do PP-Madeira prepararam-se para ir a congresso eleger um líder. Este fim-de-semana, os militantes do PP foram a congresso não eleger o líder. 

Os militantes esperaram por este XV Congresso para vitoriar o novo líder Rui Barreto. Chegados ao congresso, depararam-se com um Rui 'Barrete'.

A sala vazia e frouxa do Pestana Carlton na sessão de encerramento do congresso, ao fim da manhã de hoje, é a imagem do novo PP-Madeira. Um partido reduzido a meia dúzia de dinossauros sem futuro. Um partido liderado por elementos sem base de simpatia popular, a começar pelo novo líder. Um partido que descerá - ainda mais - eleição a eleição. Os seus votos reverterão para o PSD ou para a oposição que se apresentar mais bem posicionada para fazer frente ao Laranjal de Albuquerque.

É um PP que tende a desaparecer, no leito da agonia. 

Se a sala estava vazia, mais vazio ainda foi o discurso final de Lopes da Fonseca, se é que se pode chamar discurso a uma colagem de lugares-comuns uns aos outros, sem ideias nem agitação de projectos. O novo líder limitou-se a dizer que o CDS está primeiro, que agora é preciso reunificar, trazendo os que no sábado abandonaram o velório. E disse que os inimigos estão lá fora, não dentro do partido. Chavões desqualificados de gastos. Um tremendo vazio que confrange, depois de 40 anos de política democrática na Madeira.

Antes, o próprio Paulo Portas, orador de eleição, acusou o ambiente de morgue, fazendo uma das piores intervenções que já lhe ouvimos na sua longa carreira.

Para enterro final, os 'novos dirigentes' ensaiaram gritar umas palavras de ordem à volta da mesa, porque na sala só havia cadeiras.

Raio de política regional que temos! Um Blue Establishment laranja que não percebe nada de política. Um novo líder socialista que prometeu ir a S. Bento apenas para assuntos importantes mas que, pelo contrário, já não arranja tempo para vir debater o Orçamento da Região - matéria ainda por cima da sua especialidade.

E agora isto: julgávamos ver nascer um PP com Rui Barreto para espicaçar a política da direita para dentro. Afinal vemos um PP velho e retrógrado persuadir Barreto com o prato de lentilhas da liderança parlamentar. 

Depois de Baltazar Gonçalves, Cabral Fernandes, Ricardo Vieira e José Manuel Rodrigues, este que vimos hoje na TV não pode ser o mesmo partido.