LOPES DA FONSECA 'SOMA E SEGUE'
O JM de hoje dá manchete a uma entrevista de duas páginas com o novo líder do PP-Madeira, vencedor-surpresa do congresso realizado no passado fim-de-semana.
Depois da sua brilhante estratégia, que o levou a ultrapassar, 'com uma perna às costas', a sensibilidade interna chefiada pelo antigo líder Ricardo Vieira e ainda o candidato ultra-favorito das bases populares, Rui Barreto, Lopes da Fonseca desvenda nesta oportuna entrevista os ínvios atalhos por onde levou a água ao seu moinho.
Claramente, Fonseca não se esqueceu dos conhecimentos da licenciatura em Filosofia e do doutoramento em Ética, na Universidade de Salamanca. A sua retórica desarmou literalmente os favoritos à vitória final e tudo correu com boas maneiras: Ricardo Vieira saiu por seus pés, por decisão própria; Rui Barreto entregou o lugar que tinha reservado há anos na 'pole position' movido por uns simples piropos de sereia.
O valor a quem o tem.
Para chegar acima - e deixar a Madeira boquiaberta -, Lopes da Fonseca convenceu aquela gente de que a liderança de um partido não pode ser disputada por duas candidaturas. Porque isso é provocar um tsunami em casa. Para Fonseca, é preciso haver uma terceira via que ganhe sem disputa - ele mesmo.
Não vieram à cabeça dos congressistas as disputas Paulo Portas-Maria José Nogueira Pinto, Soares-Zenha, Guterres-Sampaio, Marcelo-Durão Barroso, tantas. Se isso lhes viesse à ideia, os congressistas concluiriam que essas figuras da História da Democracia não foram derrubadas - nem os respectivos partidos foram - por tsunamis ou terramotos políticos. Pelo contrário, cada qual no seu tempo chegou a cargos dos mais elevados em Portugal. É precisamente ao contrário do que Fonseca quis fazer crer. A disputa interna - a dois, três ou dez candidatos - é a seiva que dá vigor aos partidos políticos. A menos que se pretenda jazer na lama do unanimismo, de que temos exemplos para esquecer.
Os pré-candidatos Vieira/Catanho e Barreto foram na balela. Naquela filosofia enleante da escola salmantina, Fonseca fez crer que era o engenheiro capaz de erguer 'pontes' perante a ameaça de maremoto. Ou seja, o homem que rebentou com a corrente interna Ricardo Vieira/João Catanho e que asfixiou a candidatura favorita de Barreto é eleito líder... com asinhas brancas de mediador de elite!
Não vieram à cabeça dos congressistas as disputas Paulo Portas-Maria José Nogueira Pinto, Soares-Zenha, Guterres-Sampaio, Marcelo-Durão Barroso, tantas. Se isso lhes viesse à ideia, os congressistas concluiriam que essas figuras da História da Democracia não foram derrubadas - nem os respectivos partidos foram - por tsunamis ou terramotos políticos. Pelo contrário, cada qual no seu tempo chegou a cargos dos mais elevados em Portugal. É precisamente ao contrário do que Fonseca quis fazer crer. A disputa interna - a dois, três ou dez candidatos - é a seiva que dá vigor aos partidos políticos. A menos que se pretenda jazer na lama do unanimismo, de que temos exemplos para esquecer.
Os pré-candidatos Vieira/Catanho e Barreto foram na balela. Naquela filosofia enleante da escola salmantina, Fonseca fez crer que era o engenheiro capaz de erguer 'pontes' perante a ameaça de maremoto. Ou seja, o homem que rebentou com a corrente interna Ricardo Vieira/João Catanho e que asfixiou a candidatura favorita de Barreto é eleito líder... com asinhas brancas de mediador de elite!
Nem os escolásticos conseguiriam o sucesso de Lopes da Fonseca.
Ricardo Vieira/João Catanho estão afastados definitivamente. Rui Barreto idem aspas: ninguém o levará a sério quando e se reaparecer com uma candidatura seja ao que for.
Sim, aquelas cabeças populares deixaram-se vogar na tempestade levantada propositadamente. Quando é evidente que Lopes da Fonseca não vai salvar o PP de tsunami nenhum. O tsunami já passou, desencadeado por ele próprio, deixando o partido em fanicos e sem préstimo para eleição futura nenhuma, nem sequer para as autárquicas de que ele fala hoje na entrevista ao JM, desvendando para elas estratégias mortas à nascença.
Isto não retira brilhantismo ao grande fim-de-semana de Fonseca. Foi o seu quarto de hora de glória, porque doravante será sempre a perder, a não ser que estejamos muito enganados. Desta vez ganhou. Ele quis ser presidente do partido e chegou lá. Parágrafo linha abaixo.
Atenção! Uma vez vencedor, o homem não disfarça uns tiques que com o tempo só se agravarão: ele avisa hoje, preto no branco, que quem não estiver bem no PP será convidado a desamparar a loja. Os descontentes ou aderem à nova 'linha' ou são postos a mexer.
Mas, caro Lopes da Fonseca, licenciado em Filosofia e doutor em Ética: os senhores já são tão poucos na Rua da Mouraria...
1 comentário:
Subescrevo na íntegra. E acrescento: onde tinha a cabeça Rui Barreto este fim de semana? Já agora e a propósito de disputas internas, então e o PSD Madeira? Teve 6 candidaturas, ainda que só 3 fossem a sério, e lá por isso está vivo e já ganhou duas eleições entretanto.
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