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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Governo a funcionar... para já


APESAR DOS BICUDOS CONTRATEMPOS
COSTA JÁ SUBIU AO CADAFALSO





Quem ligar o televisor a esta hora da tarde, verá com os seus próprios olhos que o XXI Governo Constitucional começou mesmo a funcionar. Procede-se em São Bento à discussão de um programa resultante da iniciativa do Partido Socialista em cooperação com o PCP e o BE. Ou seja, há letra de esquerda, e esquerda genuína, num governo de Portugal. E ainda não há terramoto em Lisboa como em 1755. Até este momento não há sangue derramado por uma guerra civil qualquer.
É certo que muitos e embaraçosos foram os escolhos no caminho do governo de António Costa. Não é de ânimo leve que um primeiro-ministro, nomeado e empossado, dá entrada em São Bento e se depara com o adverso e dificílimo subgrupo do PSD-Madeira, liderado por Sara Madruga, que Albuquerque mandou para lá.
Ninguém imagina também o desânimo que é um político estar a formar governo e ouvir de Bernardo Trindade uma recusa para o integrar. É de mandar tudo à fava, bater com a porta e deixar tudo entregue à sinistra coligação de direita. Costa não estava preparado para tal machadada, mas, esperançado no reforço de Carlos Pereira e Luís Vilhena, o homem conseguiu arrebitar e chegar hoje ao hemiciclo com alento para pôr o executivo a funcionar, até ver.
Até ver porque, como se pode ver na TV, e mesmo sem tsunami nem guerra civil, o engenhoso Passos Coelho e o maquiavélico Paulo Portas agora estão em baixo, nas respectivas bancadas, com um risinho que não augura nada de bom ao país.
Ou seja, agora é o socialista António Costa empoleirado no cadafalso, à mercê do linchamento popular e ao golpe de misericórdia do carrasco - que já não será Cavaco, valha-nos isso. 
Enfim, está escrito nas estrelas que em Portugal é assim.
Hoje é o primeiro dia da contagem para que puxem o alçapão a Costa e o mandem pelo cadafalso a baixo. Não esqueçamos que BE e PCP estão a prometer apoio ao governo. O que tem o significado que deve ter, aos olhos de quem conhece verdadeiramente os cantos  a esta casa lusitana.   

PS - António Costa acaba de responder no hemiciclo a uma interpelação da social-democrata Sara Madruga, anunciando que se reunirá em breve com Miguel Albuquerque para tratar de assuntos pendentes Lisboa-Funchal. Um deles, objectivou, é o caso do novo hospital, aspiração do GR e dos madeirenses. Muito bem. Mas o primeiro-ministro que atente na gestão de datas para o encontro. É preciso ter em conta a apertadíssima agenda das excursões do novo chefe da Tabanca às comunidades - ou mais precisamente a objectivos próximos das comunidades.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que bom tê-lo de volta!!!

Miss Take disse...

Caro Calisto, não acho que, como diz, haja letra de esquerda no governo de Portugal. haveria se os mesmo integrassem esse mesmo governo e aí, fazia sentido esta cambalhota do partido perdedor estar agora a governar.
Aceito perfeitamente a queda de Passos&Portas (não fizeram por merecer mais) e a passagem da governação à esquerda visto estar em maioria parlamentar, desde que toda essa esquerda estivesse representada no Governo, isso sim, seria algo de novo ao fim de 40 anos de democracia e Portugal precisa disso, algo de novo! Assim, como está, é mais do mesmo, PS, PSD ou CDS, sempre os mesmos e neste sai e entra, o FMI já cá esteve 3 vezes, é muito!

Luís Calisto disse...

Concordo consigo. Substituo 'letra de esquerda' por 'temperamento de esquerda'.
É o que se está a ver hoje em São Bento.

José Gouveia Pimentel disse...

Será que os portugueses queriam Passos Coelho e Paulo Portas a governar? Será que os portugueses queriam António Costa como Primeiro Ministro? Alguém verdadeiramente percebeu as últimas eleições? Eu não. Pelo menos na sua plenitude. Será que o PSD não deveria responsavelmente ter ido a votos sozinho, abrindo assim todo um vasto leque de possíveis entendimentos? Entendemos a lógica do governamos juntos vamos ao julgamento popular juntos mas, o interesse nacional não importa mais que esses ditaites? É que entalaram toda a gente, essa é que é essa. E agora não basta ficar a rir nas bancadas da Assembleia ou a mandar uns bitaites porque inevitavelmente tudo isto vai ter um desfecho. Será que Passos e Portas ainda não perceberam que vão ter que ceder as suas lideranças? É que as pessoas que gostam do PSD e do CDS há muito que já não gostam deles. E o erro foi esse, a sombranceria toldou-lhes o raciocínio. Quem devia ter ido a votos era o PSD e o CDS, mas não, "este" PSD e "este" CDS. Basta observar o que se passou na Madeira: um líder desgastado do CDS pagou a fatura com uma pesada derrota, Miguel Albuquerque ganhou em quase toda a linha, mesmo com o peso do PSD nacional inevitavelmente presente. Repararam a subtileza de cá não ter vindo Passos Coelho? Extrapolando, temos um pouco a leitura possível do quadro nacional.