BLUE ALBUQUERQUISMO:
UM PÉ EM ABRIL, OUTRO EM NOVEMBRO
Miguel não está contra Jaime Neves nem contra Cunhal. Político intuitivo que é, contenta tanto os abrileiros como os novembristas, sempre com certa discrição. |
Sua Majestade agradou à esquerda ao escorraçar do Parlamento, este ano, o mito 25 de Novembro. Mas à noite, pela calada, celebrou a raccionária data num quartel do Funchal, lado a lado com ex-Meio Chefe laranja e outros políticos de direita, além de vários militarões saudosistas. É o Establishment Azul a funcionar
O Orçamento da Região para 2016 está a ser abençoado na Assembleia Legislativa, à espera da votação de hoje.
Depois dos debates pachorrentos nas águas estagnadas em que jaz a política partidária madeirense, os deputados vão todos para férias de Natal com a noção do dever cumprido, desejando boas-festas uns aos outros.
Os da maioria, satisfeitos por terem viabilizado um papel burocraticamente necessário para que as coisas vão engonhando sem ondas na cá na Tabanca.
Os da oposição também se vão mandar à carne de vinho-e-alhos sem pesos na consciência: deixaram durante estes dias uns bitaites no ar para justificar o seu papel de 'anti-poder', mas de maneira a evitar cabos soltos que os venham prejudicar mais tarde. O tachinho custou a ganhar.
O Blue Establishment estabeleceu-se mesmo. de pedra e cal.
O comportamento dos secretários regionais nestes debates equiparou-se ao dos deputados - nem sim nem não, pelo contrário. Salvo as excepções do estilo.
Haja alegria, muita animação.
...Tudo em obediência, aliás, ao exemplo que vem de cima, das Angústias. Miguel Albuquerque continua a mostrar na prática como é um anestesista de eleição. Pode passar o tempo lá fora, em viagens oficiais organizadas por entidades privadas no seio das quais diz querer estar de corpo e alma.
Veja-se o que aconteceu com a história das comemorações e não-comemorações do 25 de Novembro. Sua Majestade aplacou as iras da esquerda 'vetando' também a sessão especial no Parlamento. Mas não deixou de, com prudente discrição, aceder ao convite das desoladas hostes castrenses para tomar parte no jantar comemorativo do 25 de Novembro, no RG3.
O general chefe da tropa na Madeira não deixou de mandar uns recados àqueles que se haviam mostrado contra as homenagens devidas aos militares tombados no 25 de Novembro, tanto do lado dos comunas como do lado dos saudosistas do fascismo - foi isso que disse, na prática.
O chefe tropeiro espetou essa farpa? Pois Miguel Albuquerque não sentiu nada. O seu papel estava feito. Nesse jantar de fervor anti-comuna, até se deixou ficar na mesa bem perto de quantos lhe roeram na casaca por publicamente se mostrar contra as comemorações do 25 de Novembro, como os ex-militarões Morna do Nascimento e Nuno Homem Costa - dois superiores noutros tempos de tropa e eternos Amigos deste escriba.
Elefante maior ainda teve o novo Chefe da Tabanca de engolir nessa noite novembrista, no quartel: apanhou com o seu antecessor, Meio Chefe, durante o jantar inteiro. Calculamos que Albuquerque teve de chupar uma dúzia de Kompensans no resto da noite, porque Jardim fez de propósito e 'pegou com ele', usando o seu verrinoso humor, durante todo o serviço de rancho.
Enfim, ossos do ofício. Agradar a gregos e a troianos tem os seus custos. Porém, com o estômago que tem para ouvir e concordar simultaneamente com Abel e Caim de modo a governar 4 anos sem chatices, o nosso Presidente da Tribo já deve estar pronto para uma consoada com os mesmos comensais.
3 comentários:
Assim vai o Mundo no adro da Igreja da Achada da Desgraça.
Há muito que os procrastinadores estão no uso das suas artimanhas. Elas têm resultado mas não é garantido que continue a ser assim
Caro Calisto, para quando uma análise ao desempenho parlamentar do Secretário da Saúde? Não me diga que também é colega de copos do artista e não quer ofender o amigo.
O problema do Albuquerque é mesmo este: não tem conteúdo político nenhum! Como José Sócrates, é um político que vive para as aparências e para criar no povo a ilusão de que percebe do que está a fazer. Não percebe! É um político fraco, um homem que não gosta de trabalhar e que se mantém no poder à custa da ilusão que criou de ser alternativa. Não é alternativa nenhuma. É medíocre. É fraco. Não é líder nenhum.
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