PELA DIREITA, PERFILAR!
Franceses e Venezuelanos não foram ontem às urnas meramente para cumprir calendário. Nada disso. Utilizando os seus poderes constitucionais, os dois povos mostraram-se decididos a mudar situações havia muito enraizadas. Quem tem estado no poder, tanto em Paris como em Caracas, deverá ter percebido o porquê da viragem à direita, em ambos os casos.
CHAVISMO CAI DE 'MADURO'
Nicolás Maduro ainda está 'verdinho' no cadeirão de Miraflores, apesar de o chavismo, com Hugo, ter chegado ao poder em 1999, após tentativas tanto pela via democrática como pelo golpismo militar. Tentou, Maduro, conservar o apoio do povo conquistado pelo carisma de Chávez numa fase em que foi metida em sentido a burguesia mercantilista venezuelana e travados os capitalistas que levavam as notas para Miami. Mas o novo regime fanaticamente bolivariano assentava nos pilares inseguros da sobrevivência subsidiada, sem aprofundamento de projectos teóricos assentes no ilusionismo da intriga política. Uma crise do petróleo mais arisca, com a inevitável baixa do preço/barril, vem deitar por terra o lirismo da Revolução. Que, mesmo assim, durou 16 anos.
Os Venezuelanos, que foram às urnas em peso - mais de 70% - saberão o que estão a fazer, ao conferirem claríssima maioria parlamentar ao oposicionista MUD (Mesa da Unidade Democrática), desautorizando assim o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) do Presidente Maduro. O regime chavista dava ares de cansado, certamente. Caiu de 'maduro', para não dizer de 'podre'. Mas a mudança não será propriamente uma taluda para outra maioria clara, a dos pobres que predominam nos 30 milhões de venezuelanos.
Contra o extremismo islâmico, o extremismo de Marine
Já se previa há muitos anos. Aconteceu ontem. A extrema-direita alcançou uma vitória, sem dúvida histórica, nas regionais francesas. Não há grande surpresa. O que pode ser surpreendente.
Os vários poderes em França não têm sabido lidar com as temáticas mais preocupantes para o povo: segurança, terrorismo e imigração. Ou então é porque preferem fazer de avestruz perante esses barris de pólvora. Mas os estrondos do Daesh matam e aterrorizam no coração de Paris.
A Frente Nacional vai recebendo de bandeja as incompetências e as parvas arrogâncias dos sucessivos presidentes e governantes, desde que Le Pen, pai de Marine, meteu ombros à 'cruzada' dentro de portas.
Aos executivos sobreviventes desta hecatombe eleitoral, atordoados e estropiados, resta rezar até à segunda volta.
Barbas de molho
Os resultados lá fora, onde o povo, quando decide, decide mesmo, nem que seja para levar aos píncaros partidos habitualmente outsiders - recordar também Espanha - deviam servir para que os acomodados e oportunistas do arco da governação lusitana e também os da laranja fora-de-prazo que ainda se impinge à Madeira, devia servir para que esses pusessem as barbas de molho. Ou talvez não. Deixá-los continuar assim. Já cá não está quem falou.
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