Silly Season Azul

ALBUQUERQUE, O HIPNOTIZADOR

A 'Sissi' vai morrer de velha nas Angústias, afagada pelo seu dono. Quanto à Oposição, não esperou pela silly season 2015, caiu em hipnose há mais tempo.

Apesar das trapalhadas quase diárias que vêm do tempo da campanha eleitoral, o PSD-Madeira e o governo regional continuam a ver subir os seus níveis de popularidade. A simpática 'Sissi' há-de crescer e envelhecer na Quinta das Angústias ao lado de Miguel Albuquerque, presidente a quem parece já vermos descer a Avenida do Infante daqui a 12 anos com a barba muito alva e os cabelos ainda mais raros.

Não sabemos se bafejado por aquele olhar penetrante à Jesus Cristo, Albuquerque mantém a Região mergulhada no adormecimento que preparou há muitos anos para aprofundar quando se chegasse a esta altura. O encantamento é geral. Os grupos dirigentes e operacionais da maioria esvoaçam tranquilamente no éden laranja sem que alguém lhes cosa na casaca. Os governantes flutuam no deslumbramento das viagens. Caíram num estado hipnótico profundo as oposições que andam pelos mares das Selvagens ou em passeios cá dentro à espera da época em que lhes caberá 'trabalhar para o bronze', que é logo mais.

Vejam-se as sessões de hipnose a que Miguel Albuquerque e seus governantes têm submetido os chefes das câmaras municipais. Não existe uma reivindicação rejeitada merecedora de reacção antipática dos convidados. É dar atenção ao que se passou nas Angústias com Santa Cruz e o Porto Santo, para começar. Que ternura! 

Não sabemos como será se um dia for preciso essas câmaras fazerem uma campanha eleitoral em oposição às forças governamentais. 

Para Miguel Albuquerque não há embaraços. Mesmo em eleições municipais, não tem que se cansar. Nem sabemos se lhe convém assim tanto ganhar câmaras para o PSD. Ele já deve ter percebido que os autarcas de outras cores são suficientemente meigos no apaparicamento à governação laranja. Note-se que - conforme lemos algures - ninguém é hipnotizado contra a sua vontade.  

Parece que estamos a ouvir diálogos assim:

- O que é que o meu amigo precisa mais lá para o seu concelho?

- Por amor de Deus, sr. Presidente, já chega, estamos satisfeitos. Sabemos que a Região está em crise.

- Ora essa! Não senhor, veja lá o que é mais preciso. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.

- Insisto, sr. presidente. Também aprendi que o que não se faz em dia de Santa Luzia, faz-se no outro dia.

E as sessões de hipnotismo acabam em abraços e promessas de uma passagem lá pela terra, para um copito.

A silly season começou há mais tempo e parece que desta vez veio para se prolongar pelo Outono, Inverno, Primavera, Verão, Outono...

Conhecemos más-línguas que, depois de tanto acusarem Meio Chefe de usar as datchas do Porto Santo à borla, se fosse preciso seriam capazes de acusar hoje Miguel Albuquerque de arrogância, por escolher instalações privadas para duas semanas no Areal quando há casas do governo sem custos, a degradar-se de vazias. Então não era obrigação de Miguel e seus secretários promoverem o destino Porto Santo com fotografias em casas nas dunas com vista para o azul marinho - mantendo as datchas no activo? 

Mas os tempos mudaram. O 'Establishment Azul' pegou, alastrando às urbes, vales e montanhas da Região Azul. O líder do PS-Madeira, que foi pelo mar azul fora no 'Schultz Xavier', em ordem a preparar um projecto azul para as Selvagens, voltou com o 'gregório' na garganta, salvo seja, uma vez que as ondas capricharam e impediram o desembarque socialista previsto na Selvagem Grande. Ainda assim, Carlos Pereira viu "muita importância" na viagem cuja missão abortou. Se isto não é ver tudo azul...  

A epopeia trágico-marítima não se ficou por aí. Ai não podemos desembarcar? Então, crie-se um 'grupo de trabalho específico' para tratar das ilhotas. É assim quando os políticos não sabem bem o que fazer. Criação de comissões. O novo líder socialista, em tão pouco tempo, já tinha criado um grupo estratégico para o partido, ou coisa que o valha. Numa palavra, o estado de hipnose chegou ao PS, que tenta fazer levantamento de problemas a milhas da Madeira para os resolver depois... em Lisboa.

Entretanto, na Madeira, o 'Establishment Azul'. 

E José Manuel Rodrigues, do PP? Bom, aí é pior. Não se pode dizer que Zé tenha capitulado ao olhar faiscante de Albuquerque. Zé hibernou antes que acontecesse. Onde será que ele anda?!

É claro que os novos governantes trataram de adormecer os outrora barulhentos membros da oposição, como se viu nas sessões parlamentares realizadas com o executivo presente. Assim, trabalham calmamente pela Madeira. Veja-se o caso de Sérgio Marques, um secretário regional que pensa mais à frente. Neste momento, anda o homem a debater 'alimentação saudável' em Bruxelas. É o que se chama trabalhar com olhos no futuro. Há classes sociais na Madeira sem saber onde arranjar dinheiro para comprar comida. Mas Sérgio já prepara receitas saudáveis para o caso de um dia termos alguma coisa em cima da mesa para comer.

Não queremos ser diferentes. Se deixámos de ouvir o ruído que durante anos abalou a Região por causa de tanto desemprego, da pobreza extrema e da fuga de jovens para o estrangeiro, não seremos nós a fazer de desmancha-prazeres. Se não fosse a poeira, até íamos lá acima à Herdade assistir às rezas daquela missa campal que o PPD celebra anualmente. Vai ser uma enorme alegria espiritual, com o povo anestesiado e refastelado a comer mais uma vez pão de casa no circo.

A carga hipnótica que Miguel Albuquerque aplicou à Região é de tal ordem que a festa do Laranjal dispensa Emanuéis, Ágatas, Gal Costas, Carreiras e etc. O nosso Amigo Vasco do Galáxia chega e sobra para manter a Madeira em marcha, mais a mais acompanhado pela Kátia Aveiro. 

Teremos nós alguma coisa contra a pasmaceira manobrada pelo encantamento da Nova Madeira Nova? Nem por sombras. Se fosse sempre assim... O que nos consome é imaginar o estrondo horroroso que acordará o RAM-RAM quando passar o efeito da hipnose. É que Miguel Albuquerque também anda auto-hipnotizado.